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Neoplasia Benigna | Colunistas

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Com certeza, você já deve ter ouvido falar sobre neoplasias benignas e que elas são menos agressivas que as malignas, mas será que isso é verdade? E afinal, o que é neoplasia? É a mesma coisa que tumor? Câncer? Neste artigo você vai encontrar as respostas para essas perguntas e vai entender quais são os fatores que diferenciam as neoplasias benignas das malignas.

Neoplasia

O que é neoplasia?

Neoplasia é uma palavra que deriva do grego e significa “novo crescimento”, denotando a sua característica básica de ser uma proliferação celular anormal. Hoje, sabe-se que as neoplasias possuem um certo grau de autonomia, tendo o seu crescimento independente dos fatores regulatórios locais. Entretanto, sabe-se também que essas células são dependentes de alguns fatores do organismo, como: o aporte sanguíneo, nutrientes e, em alguns casos, de fatores/receptores hormonais.

A diferença entre neoplasia, tumor e câncer

Agora você deve estar se perguntando se há alguma diferença entre neoplasia e tumor. Pois bem, segundo o Instituto Nacional de Câncer, o tumor é um aumento do volume em qualquer parte do corpo. Quando esse tumor é derivado de um crescimento celular, ele é chamado de neoplasia, essa neoplasia, por sua vez, pode ser benigna ou maligna e, quando maligna, é chamada de câncer. Sendo assim, nem todo tumor é uma neoplasia e nem toda neoplasia é um câncer. Porém, muitas vezes tumor e câncer são usados como sinônimos.

A estrutura das neoplasias

Todas as neoplasias possuem duas estruturas em comum: o parênquima e o estroma. O parênquima é formado pelas células neoplásicas e vão determinar o comportamento da neoplasia. Já o estroma vai ser o tecido que vai dar a sustentação e a condição de crescimento à neoplasia, ele é constituído por tecido conectivo, vasos sanguíneos e células inflamatórias e vai envolver as células do parênquima. Dessa forma, essas estruturas mantêm uma comunicação constante fazendo com que haja a manutenção da neoplasia.

Neoplasia Benigna

Características da neoplasia benigna

Agora que você já sabe o que é neoplasia, vamos nos aprofundar um pouco mais nas benignas. Em geral, as neoplasias benignas são geneticamente mais “simples” quando comparadas às malignas, pois apresentam menos mutações e alterações nos seus genótipos com o passar do tempo, sendo assim mais estáveis. Contudo, classificar uma neoplasia em benigna e maligna não é uma tarefa fácil. Para isso, há uma investigação esmiuçada no tumor em busca de algumas características específicas.

Diferenciação e anaplasia

Começando pela diferenciação e anaplasia, lembra que eu disse que o parênquima é constituído pelas células neoplásicas? Pois bem, é o parênquima que vai apresentar essas características.

A diferenciação é uma característica das neoplasias benignas, pois as células assemelham-se morfologicamente e funcionalmente com as células do tecido de origem, ou seja, são células ainda com um certo grau de funcionalidade e especialidade. Já a anaplasia é considerada uma característica de malignidade e pode-se dizer que é o contrário da diferenciação. Nesse caso, as células são tão diferentes (desdiferenciadas) de suas células antepassadas que fica difícil até de estabelecer o tecido de origem do tumor.

Taxa de Crescimento

As neoplasias benignas, geralmente, crescem de forma lenta, isso porque realizam poucas mitoses. Esses tumores podem passar meses ou até mesmo anos sem ter grandes alterações em seu tamanho. Contudo, há algumas exceções, como os leiomiomas (tumores benignos da musculatura lisa) do útero, esses tumores benignos podem ser estimulados pelos níveis estrogênio circulante, podendo aumentar seu tamanho significativamente durante a gravidez. Mas, de forma geral, os tumores benignos têm uma taxa de crescimento baixa.

Invasão local e metástase

Uma neoplasia benigna tende a permanecer no seu local de origem, visto que tem um crescimento limitado e, dessa forma, não possui uma grande capacidade de infiltrar tecidos ou sofrer metástase (implantar-se em tecidos de outros sistemas do organismo através da corrente sanguínea, vasos linfáticos ou pela expansão sobre tecidos adjacentes), essa uma característica dos tumores malignos. Destaca-se ainda que a taxa de crescimento pode ser tão baixa nos tumores benignos que permite aos tecidos ao redor do tumor, juntamente com estroma, produzirem uma cápsula fibrosa que envolve a neoplasia, separando-a dos tecidos normais, o que impede a sua expansão e invasão local.

Figura 1. Diferenças entre tumor benigno e tumor maligno.
Fonte:

Conclusão

Conclui-se, então, que sim, normalmente, as neoplasias benignas são menos agressivas que as malignas por conta da diferenciação celular do parênquima, a quase inexistência de anaplasia, a baixa taxa de crescimento, a pequena capacidade de invasão local e a incapacidade de realizar metástase. Vale ressaltar que essas características são gerais e, como a formação de um tumor envolve vários processos complexos – sendo alguns deles nem desvendados até o momento -, é importante entender que um tumor, mesmo sendo benigno, pode trazer riscos significativos ao organismo, por isso deve ser tratado de forma precoce.

O texto é de total responsabilidade do autor e não representa a visão da sanar sobre o assunto.

Observação: esse material foi produzido durante vigência do Programa de colunistas Sanar. A iniciativa foi descontinuada em junho de 2022, mas a Sanar decidiu preservar todo o histórico e trabalho realizado por reconhecer o esforço empenhado pelos participantes e o valor do conteúdo produzido.


Referência

ABBAS, A.K., FAUSTO, N, KUMAR, V. Robbins & Cotran – Patologia – Bases Patológicas das Doenças9ª ed. Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 2013.

INSTITUTO NACIONAL DO CÂNCER. Todo tumor é câncer? Disponível em: https://www.inca.gov.br/perguntas-frequentes/todo-tumor-e-cancer. Acesso em: 20 mar. 2021.