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Os parâmetros avaliados na gasometria

parâmetros avaliados na gasometria

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A gasometria trata-se de um exame que avalia a pressão parcial de oxigênio (PaO₂) e de dióxido de carbono (PaCO₂), o nível de acidez (pH), a saturação de oxiemoglobina (SaO₂) e a concentração de bicarbonato (HCO₃⁻) no sangue arterial. Além disso, alguns equipamentos de análise de gases sanguíneos também permitem a medição dos níveis de metaemoglobina, carboxiemoglobina e hemoglobina.

Indicações para realização da gasometria

As principais indicações para a realização da gasometria incluem:

  • Identificação e acompanhamento de distúrbios no equilíbrio ácido-base.
  • Determinação das pressões parciais de oxigênio (PaO₂) e dióxido de carbono (PaCO₂).
  • Monitoramento da eficácia de intervenções terapêuticas, como administração de insulina na cetoacidose diabética.
  • Identificação e mensuração de hemoglobinas anômalas, como carboxiemoglobina e metemoglobina.
  • Coleta de sangue em situações de emergência quando a punção venosa não é uma opção viável, uma vez que a maioria dos exames pode ser realizada a partir de uma amostra arterial.

Contraindicações para realização da gasometria

Por outro lado, as principais contraindicações para realização do exame são:

  • Um teste de Allen modificado anormal.
  • Presença de infecção local, trombo ou alterações anatômicas no local da punção, como cirurgias prévias, malformações congênitas ou adquiridas, queimaduras, aneurismas, stents, fístulas arteriovenosas ou enxertos vasculares.
  • Doença vascular periférica grave nas artérias escolhidas para a coleta da amostra.
  • Síndrome de Raynaud ativa, especialmente quando a coleta é realizada em artérias radiais.

Caso haja contra-indicações, recomenda-se considerar uma alternativa local para a punção ou avaliar a possibilidade de coleta de sangue venoso.

A presença de coagulopatia supraterapêutica e o uso de agentes trombolíticos representam contraindicações relacionadas à punção arterial com agulha e contraindicações absolutas para a inserção de cateter arterial permanente.

Além disso, a punção arterial pode ser realizada em pacientes com trombocitopenia, desde que a contagem de plaquetas seja superior a 50 x 10⁹/L.

Pacientes com histórico de doença de Raynaud sem espasmo ativo ou sinais de perfusão periférica deficiente, como cianose digital, são considerados por especialistas como tendo contraindicações relacionadas à coleta arterial radial.

Ademais, o uso de anticoagulantes terapêuticos, como heparina, varfarina ou anticoagulantes orais diretos, não impede a realização da punção arterial com agulha, embora aumente o risco de sangramento. No entanto, esses medicamentos são contraindicações relativas à inserção de um cateter arterial permanente, sendo recomendadas uma compressão mais prolongada do vaso. Já o uso de aspirina ou outros antiplaquetários, como o clopidogrel, geralmente não contraindica a coleta arterial.

Técnica para coleta de gasometria

Materiais utilizados

Para a realização da gasometria arterial, utiliza-se os seguintes materiais:

  • Luvas de procedimento não estéreis;
  • Solução antisséptica para a pele, como clorexidina ou iodopovidona
  • Kit de gasometria arterial (ABG) ou seringa pré-heparinizada de 3 mL com agulha de calibre 22 a 25 e tampa protetora;
  • Gaze estéril;
  • Bandagem adesiva;
  • Saco plástico de proteção com gelo (caso não incluído no kit);
  • Recipiente para descarte de materiais perfurocortantes;
  • Se necessário, utiliza-se lidocaína a 1% ou 2% sem epinefrina para anestesia local, conforme indicação do profissional de saúde ou solicitação do paciente.
  • Ficha de identificação com as informações do paciente, incluindo nome completo, número do prontuário, leito, local e horário da coleta, temperatura, fração inspirada de oxigênio (FiO₂) e nome do profissional responsável pela coleta;
  • Biombo, se necessário, para garantir a privacidade durante o procedimento.

Local da punção

A seleção do local para a punção deve levar em conta a facilidade de acesso ao vaso e as características do tecido ao redor da artéria, pois estruturas como músculos, tendões e gordura tendem a ser menos sensíveis à dor do que o periósteo e as fibras nervosas. Além disso, deve-se minimizar o risco de punção venosa inadvertida, optando por artérias que não possuíssem veias adjacentes de relevância.

Portanto, a artéria radial, localizada ao nível do túnel do carpo, é geralmente a primeira escolha para atender a todos os critérios necessários para a punção.

Para identificar a artéria radial, é necessário estender o pulso do paciente, de modo a deixar a artéria o mais superficial possível. Deve-se palpar o processo estiloide da rádio e, em seguida, localizar o tendão do músculo flexor radial do carpo. A artéria radial encontra-se entre essas estruturas.

Como segunda alternativa, utiliza-se as artérias braquiais, sendo essa opção considerada apenas quando a circulação colateral das artérias radiais for insuficiente ou estiver com acesso difícil.

Por fim, a artéria femoral é a terceira opção e deve ser utilizada apenas em situações específicas, pois abaixo do ligamento inguinal a circulação colateral é insuficiente.

Técnica de coleta

Após localizar uma artéria palpável, a coleta de sangue arterial deve seguir etapas específicas:

  • O local da punção deve ser higienizado de forma estéril.
  • Realiza-se a administração de lidocaína a 1-2% caso o paciente solicite ou se a punção for difícil, mas geralmente não é necessária.
  • O sangue pode ser coletado com kits de gasometria arterial ou seringas heparinizadas.
  • Para a punção arterial, palpa-se as artérias com um ou dois dedos enquanto a agulha é segurada na outra mão. A punção deve ser feita com uma agulha em um ângulo de 30 a 45 graus (para artérias radial, braquial, axilar e dorsal do pé) ou 90 graus (para artérias femorais). O sangue arterial preenche normalmente a seringa sem a necessidade de puxar o êmbolo, mas em casos de má perfusão distal, pode ser necessário exercício de puxar o êmbolo da seringa, aumentando o risco de coleta venosa.
  • Se o fluxo arterial for perdido, a agulha pode ter saído do lúmen do vaso. Portanto, deve-se recuperar a agulha e reposicioná-la, evitando movimentos bruscos ou múltiplas tentativas cegas, especialmente em pacientes anticoagulados, para minimizar o risco de lesão e dor.
  • Após a coleta de 2 a 3 mL de sangue, remove-se a agulha e o local deve ser comprimido com gaze estéril até atingir a hemostasia, o que pode levar cerca de cinco minutos. Em pacientes anticoagulados, esse tempo pode ser maior.
  • Além disso, um adesivo curativo deve ser aplicado sobre o local da punção.
  • Por fim, a agulha descarta-se a agulha de forma segura, evitando acidentes perfurocortantes. Deve-se remover bolhas de ar da seringa, misturando o sangue com a heparina rolando a seringa entre as mãos e armazená-la em um saco de risco biológico com gelo antes do envio para análise.

Principais desafios técnicos

A coleta de gasometria arterial pode ser difícil de ser realizada em pacientes pouco cooperativos ou naqueles em que os pulsos são difíceis de identificar, como em casos de choque, uso de vasopressores, arteriosclerose ou calcificação da parede vascular.

Além disso, dificuldades podem surgir quando o posicionamento adequado do paciente não é possível, como em indivíduos deficientes de estender completamente os punhos devido a tremores ou contraturas articulares.

Ademais, pacientes obesos ou com edema significativo também representam um desafio, pois o excesso de tecido subcutâneo pode dificultar a identificação dos pontos anatômicos de referência.

Nesses casos, o uso do ultrassom pode auxiliar na localização das artérias, reduzindo a necessidade de vários esforços e minimizando o risco de lesões vasculares e danos aos tecidos adjacentes.

Principais complicações

Em geral, as complicações graves da punção arterial percutânea são raras. As complicações mais comuns incluem dor local, sensação de formigamento, hematomas e sangramento leve.

Por outro lado, as complicações menos comuns são as respostas vasovagais, hematomas de maior intensidade e vasoespasmo arterial.

Em situações graves de sangramento, hematomas ou trombose arterial, pode ocorrer síndrome compartimental e isquemia do membro, com sintomas como dor intensa, formigamento, palidez e ausência de pulsos.

Por fim, para reduzir o risco dessas complicações, recomenda-se alternar os locais de punção e aplicar pressão no local por pelo menos cinco minutos.

Parâmetros avaliados na gasometria

Os parâmetros avaliados na gasometria arterial geralmente incluem pH, pressão parcial de O2 (PaO2), pressão parcial de CO2 (PaCO2), concentração de íon bicabornato (HCO3-), excesso de base (BE) e saturação periférica de O2 (SatO2).

A PaO2, a PaCO2 e a SaO2 são componentes das trocas gasosas. O pH, a concentração de HCO3- e o BE, por sua vez, representam os componentes do equilíbrio ácido-base.

pH

O pH relaciona-se inversamente à concentração real de H+, ou seja, pH baixo= H+ elevado e pH alto=H+ baixa. Portanto, um pH menor que 7,35 significa acidemia, enquanto um pH maior que 7,45 significa alcalemia.

Gases

PaO2

A pressão parcial de oxigênio indica o percentual de oxigênio que está livre no sangue, o que reflete a hematose, ou seja, a troca de oxigênio alvéolo-capilar. Considera-se como valor normal uma PaO2 acima e 80 mmHg.

PaCO2

A PaCO2, por sua vez, reflete a ventilação alveolar. A faixa de valor normal da PaCO2 encontra-se entre 35 e 45 mmHg.

Portanto, valores maiores que 45 indicam hipoventilação, ou seja, retenção de gás carbônico. Por outro lado, valores menores que 35 mmHg demonstram hiperventilação.

Saturação de O2

Já a saturação de O2 é o percentual de hemoglobina do sangue arterial que está ligada ao oxigênio. Seu valor de referência encontra-se acima de 95%.

Na gasometria, a saturação de oxigênio é calculada a partir da PaO2 sanguínea, podendo diferir do valor da oximetria de pulso, que calcula a saturação de maneira indireta.

Bases

HCO3 (bicarbonato)

A principal base avaliada na gasometria é o bicarbonato de sódio, sendo o bicarbonato Standard a principal representação da concentração dessa base para o nosso organismo.

Além disso, a faixa de normalidade de bicarbonato encontra-se entre 21 e 27 mEq/L.

Buffer Base e Base Excess

Além do bicarbonato, há outras bases que, quando somadas, habitualmente representam um valor, que é o Buffer Base. O valor do Buffer Base é fixo, funcionando como uma espécie de valor de referência esperado para a soma das bases.

Se a soma de todas as bases do paciente não corresponderem ao valor de referência da Buffer Base, esse excesso é correspondente ao Base Excess. Ademais, o valor de referência do base excess encontra-se entre -3 a +3.

Se o valor de bases for menor que -3, isso indica que o organismo está perdendo bases por um distúrbio primário (acidose metabólica) ou compensatório (alcalose respiratória), para compensar a diminuição do pCO2.

Por outro lado, caso o valor seja superior a +3, há um aumento do total de bases, ou seja, o organismo está retendo bases, podendo indicar um distúrbio primário (alcalose metabólica) ou compensatório (acidose respiratória – retenção de bases para compensar o aumento de pCO2).

pH 7,35 – 7,45
pO2 90 – 100
pCO2 35 – 45
HCO3 22 – 26
BE -3 a +3
Saturação O2 93,5 – 98,1%
Valores de normalidade dos parâmetros avaliados na gasometria.

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