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Partograma: ferramenta importante para internos e médicos | Colunistas

Partograma: ferramenta importante para internos e médicos | Colunistas

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O partograma é uma ferramenta gráfica importante para internos e médicos que passam pela obstetrícia. Através dele, podemos acompanhar o início e a evolução do trabalho de parto e, com isso, ter um forte auxílio nas decisões que serão tomadas ao longo desse processo, sendo recomendada sua utilização pelo Ministério da Saúde e pela FEBRASGO (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia).

É um documento médico que será preenchido a partir do momento em que a gestante der início ao trabalho de parto e que deverá compor o prontuário médico dessa paciente. Para isso, é preciso que haja a correta identificação do início do trabalho de parto, que se dá com no mínimo duas contrações efetivas (mínimo de 30 segundos) em 10 minutos e dilatação de 3cm (de forma geral).

Para melhor compreensão dessa ferramenta, vamos dividi-la em 5 partes e abordar essas divisões de forma mais detalhada na sequência.

1. Identificação da gestante

O cabeçalho do partograma varia conforme o serviço, mas todos possuem espaço para o registro do nome completo da paciente, data de início do trabalho de parto/atendimento, horário de admissão (abertura do partograma e consequentemente do trabalho de parto), idade da paciente, idade gestacional e qual a gestação da paciente pelo acrônimo GPCA, onde:

  • G: número de gestações;
  • P: número de partos vaginais;
  • C: número de cesáreas, e;
  • A: número de abortamentos.

2. Dilatação e altura do feto

Aqui registramos a evolução do trabalho de parto, através da mensuração da dilatação e da altura do feto, as quais são obtidas via toque vaginal. É importante que sejam registrados os horários real e de registro em que esses dados são obtidos.

A dilatação do colo uterino é representada por um triângulo, numa escala que vai de 1 a 10, enquanto a altura do feto é representada por um círculo numa escala de vai de -AM a apresentação na vulva (planos de De Lee – AM: alto e móvel; -3, quando 3cm acima do plano 0, que são as espinhas isquiáticas; -2, quando 2 cm acima do plano 0; -1, quando 1cm acima do plano 0; 0, quando na altura das espinhas isquiáticas; +1, quando 1cm abaixo do plano 0; +2, quando 2cm abaixo do plano 0; +3, quando 3cm abaixo do plano 0; vulva, quando apresentado na vulva). O preenchimento dessa parte do partograma é realizado da esquerda para a direita.

Outro ponto importante são as duas linhas que comporão essa parte da ferramenta: linhas de alerta e ação. A primeira é traçada uma hora após o início do trabalho de parto, em sentido diagonal, ao passo que a linha de ação deve ser traçada quatro horas à direita da linha de alerta. Ao longo do desenvolvimento do trabalho de parto, é preciso observar a evolução desse e se ele acompanha a linha de alerta. Caso, em algum momento, a representação da evolução do parto passe essa linha, como o próprio nome diz, será preciso ligar o sinal de alerta. Já, caso a linha de ação seja ultrapassada, será preciso, como o próprio nome da linha diz, tomar uma ação. Ou seja, lançar mão de uma intervenção (importante pontuar que não é obrigatória a realização de uma cesárea nesse momento, mas sim a visualização da paciente como um todo para a escolha da melhor intervenção para ela e para o feto).

3. Batimentos cardíacos fetais

A terceira parte que compõe o partograma refere-se ao registro dos batimentos cardíacos fetais (BCF), os quais devem ser registrados através de um ponto no valor correspondente ou com a escrita do número correspondente (forma preferida por alguns pelo fato de essa ferramenta ser um documento médico e isso proporcionar mais segurança a alguns profissionais).

4. Contrações uterinas

Nesse momento é feito o registro da quantidade de contrações uterinas ao longo de 10 minutos, sendo que se deve proceder ao preenchimento de meio quadradinho em caso de contração não efetiva (desde que a duração seja entre 20 e 39 segundos) ou do quadradinho completo (caso a duração seja superior a 40 segundos). A cada toque vaginal (para mensuração da dilatação e altura uterina), deve ser realizada a contagem das contrações e o registro deve ser realizado na linha vertical correspondente àquele horário.

5. Outras informações

Por fim, deve-se registrar no partograma informações como a integridade ou não da bolsa (sendo comumente utilizado BI para bolsa íntegra e BR para bolsa rota), se foi realizada amniotomia (rotura artificial da membrana amniótica – bolsa – através de instrumento esterilizado inserido na cérvice uterina), o aspecto do líquido amniótico (se límpido, claro, com grânulos, meconial, sanguinolento ou outros – é preciso pontuar que essa avaliação será possível apenas quando houver o rompimento da bolsa), a utilização de ocitocina (caso seja usado, deve-se registrar a dose que estiver sendo utilizada), presença de outros fluidos e o uso ou não de anestesia.

Um ponto importante é que, por se tratar de um documento médico, é necessário que, a cada novo registro realizado em uma coluna vertical (que corresponde a um exame realizado nessa gestante para verificação da evolução do trabalho de parto), o profissional que realizou o exame assine aquela coluna como forma de identificar que realizou o exame. Além disso, outras informações que sejam importantes devem ser registradas, como o tipo sanguíneo da gestante, a presença de alguma sorologia positiva, etc.

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Autoria: Leonardo Cardoso

O texto é de total responsabilidade do autor e não representa a visão da sanar sobre o assunto.

Observação: esse material foi produzido durante vigência do Programa de colunistas Sanar. A iniciativa foi descontinuada em junho de 2022, mas a Sanar decidiu preservar todo o histórico e trabalho realizado por reconhecer o esforço empenhado pelos participantes e o valor do conteúdo produzido.