Índice
- 1 Adaptações do sistema circulatório
- 2 Adaptações do sistema endócrino e do metabolismo
- 3 Alterações na pele
- 4 Alterações no sistema esquelético
- 5 Alterações do sistema digestório
- 6 Alterações do sistema respiratório
- 7 Alterações do sistema urinário
- 8 Alterações das mamas
- 9 Alterações do sistema nervoso central
Gerar um ser humano é um momento único na vida de uma mulher, entretanto ocorrem alterações fisiológicas que são esperadas durante a gestação, a fim de moldar o corpo para aquele momento. Você sabe quais são as alterações consideradas normais durante a gestação? Abaixo você encontrará algumas delas!
Adaptações do sistema circulatório
O volume sanguíneo materno aumenta em até 30 a 50%, portanto ocorre um estado de hipervolemia, visto que os órgãos, principalmente genitais, necessitam de maior aporte sanguíneo. Consequentemente, há um estado de hemodiluição, em que ocorre diminuição da viscosidade plasmática e do trabalho cardíaco. Também pode ocorrer uma anemia fisiológica gestacional, além de aumento dos leucócitos e diminuição das plaquetas. Além disso, há uma redução acentuada da resistência vascular periférica resultando em queda da pressão arterial.
Por que não é recomendado dormir do lado direito durante a gestação?
Para que não ocorra compressão da veia cava e redução do retorno venoso, então, sim, é recomendado dormir deitada para o lado esquerdo.
Por que posso ter varizes, edema nas pernas e hemorroidas?
Isso ocorre, pois há um aumento da pressão venosa em membros inferiores pela compressão das veias pélvicas.
Adaptações do sistema endócrino e do metabolismo
Durante a gestação, há um novo órgão com importante função endócrina, a placenta, que produzirá hormônios similares aos hormônios maternos, gerando um novo equilíbrio, além dos próprios hormônios placentários. No início da gestação, ocorre um processo de anabolismo, com redução da glicemia de jejum e glicemia basal; já do meio para o final, inicia-se o processo de catabolismo, com uma redução da sensibilidade à insulina, por isso é muito importante o controle de carboidratos e açúcares para que não ocorra um desequilíbrio do metabolismo, resultando em diabetes gestacional.
Alterações na pele
É muito comum o aparecimento de estrias, pois ocorre distensão da pele do abdome, mamas e quadril. Além disso, pode ocorrer o melasma/cloasma gravídico, que são as manchas escuras que aparecem, principalmente na face, e podem piorar com o sol e melhorar após a gestação.
Alterações no sistema esquelético
As articulações ficam relaxadas por conta do acúmulo de líquido, predispondo a dores crônicas, entorses, luxações e fraturas. Além disso, as articulações da bacia óssea apresentam maior elasticidade, modificando a postura e a deambulação. Também contribui para isso o aumento do volume do abdome e das mamas, que desvia o centro de gravidade materno anteriormente e a gestante direciona o corpo posteriormente para compensar, podendo gerar hiperlordose e hipercifose, afastamento dos pés e diminuição da amplitude dos passos.
Alterações do sistema digestório
Náuseas e vômitos são comuns no primeiro trimestre, por conta dos altos níveis de hCG. Também há aumento do apetite e sede, devido à resistência à ação da leptina e alterações da secreção de ADH. Podem ocorrer sangramentos gengivais pela hipertrofia e hipervascularização gengival, maior incidência de cáries pelo pH salivar mais baixo. O relaxamento do esfíncter esofágico inferior, redução do peristaltismo e redução da contratilidade da musculatura lisa dos intestinos leva à pirose, aumento de episódios de refluxo gastroesofágico e constipação. Ocorre hipotonia da vesícula biliar, predispondo pedras na vesícula, principalmente pelo aumento do colesterol total. O aumento do volume uterino desvia o estômago e apêndice para cima e para direita e os intestinos para esquerda.
Alterações do sistema respiratório
Por efeito do ingurgitamento e edema da mucosa nasal, ocorre aumento das obstruções nasais, sangramento e rinite. O edema da mucosa na laringe e faringe pode diminuir o lúmen e dificultar a intubação. Há diminuição da amplitude de movimento do diafragma, devido ao volume abdominal aumentado, e também pode ocorrer sensação de dispneia.
Alterações do sistema urinário
Ocorre aumento do fluxo plasmático glomerular e filtração glomerular, além do aumento da reabsorção tubular de água e sódio, hipotonia da musculatura dos ureteres e bexiga, resultando em maior incidência de cálculos e infecções. Fatores mecânicos, como acentuação da hidronefrose direita e redução da capacidade vesical, resultam em polaciúria fisiológica, que é a necessidade de urinar com mais frequência que o normal.
Por que dá tanta vontade de fazer xixi de noite?
A excreção urinária é maior à noite por conta do decúbito, com maior mobilização dos fluídos extravasculares e menor capacidade de reabsorção de água livre.
Alterações das mamas
Durante a gestação, ocorre dor e hipersensibilidade nas mamas e aparecimento do sinal de Hunter, que é a aréola secundária. Pela hipertrofia das glândulas sebáceas do mamilo, há formação de elevações visíveis, conhecidas como tubérculos de Montgomery. A rede venosa sob a pele se torna visível no colo, consequência da hipervascularização, chamada de rede de Haller.
Alterações do sistema nervoso central
São comum queixas de alterações de memória e concentração, além de sonolência. E, com a piora da oxigenação, podem ocorrer episódios de dispneia paroxística noturna.
Portanto, querido leitor, a gestação é um momento que conta com muitas alterações que podem assustar, mas são normais! Entretanto, caso apresente alguma alteração muito discrepante ou mesmo que esteja interferindo na qualidade de vida, consulte o seu médico obstetra.
Autora: Ana Clara Rodrigues
Instagram: @anaclarar_