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O que é Tireotoxicose?
A tireotoxicose é a síndrome clínica decorrente do excesso de hormônios tireoidianos circulantes, secundário ao hipertireoidismo ou não. Ela pode ocorre por diversas causas, inclusive não associada à hiperfunção tireoidiana.
Tireotoxicose acontece pela ingestão excessiva de hormônios tireoidianos, seja iatrogênica ou na tentativa de perda de peso, caracterizando a tireotoxicose factícia; produção excessiva de hormônios tireoidianos por tecido tireoidiano ectópico, a exemplo de metástase funcionante de carcinoma folicular; inflamação subaguda da tireóide, em que ocorre destruição da glândula com liberação de hormônios pré-formados; bem como pode ser secundária a drogas como o iodo e a amiodarona.
O que é Hipertireoidismo?
Diferentemente da tireotoxicose, o hipertireoidismo é caracterizado pelo aumento da síntese e liberação dos hormônios tireoidianos pela própria glândula tireoide e se não tratado pode levar a outros problemas de saúde. A hiperfunção tireoidiana manifesta-se, principalmente, como Doença de Graves (em cerca de 80% dos casos), tumor trofoblástico (mola hidatiforme, coriocarcinoma) e adenoma hipofisário produtor de TSH. A ocorrência de hipertireoidismo é 20 vezes mais frequente em mulheres do que em homens.
O diagnóstico clínico do hipertireoidismo, geralmente, não oferece dificuldade e a confirmação diagnóstica deverá ser feita com as dosagens das concentrações séricas de TSH e hormônios tireoidianos.
Diferenciando os sintomas
Sintomas da Tireotoxicose
Sinais oculares como retração palpebral, olhar fixo ou assustado e sinal de lid-lag são decorrentes da hiperatividade adrenérgica e podem ser observados em qualquer quadro de tireotoxicose. São também achados frequentes:
- Pele quente e úmida
- Taquicardia sinusal
- Hipertensão arterial sistólica
- Fibrilação atrial (mais em idosos)
- Tremor fino de extremidades
- Fraqueza muscular proximal
- Hiperreflexia
- Arritmia, ICC, angina
- Bócio
As manifestações cardíacas (arritmia, ICC, angina) podem predominar nos idosos com tireotoxicose. Bócio pode ser encontrado na tireotoxicose por amiodarona, mas é incomum na tireotoxicose factícia.
Sintomas do Hipertireoidismo
De modo geral, é observada uma correlação entre os níveis hormonais e a apresentação clínica, sendo que os sinais e sintomas secundários ao estímulo adrenérgico, como taquicardia e ansiedade, são mais evidentes em pacientes jovens e com bócios volumosos. São manifestações clínicas comumente encontradas no hipertireoidismo os seguintes sinais e sintomas:
- Nervosismo
- Tremor
- Bócio
- Sudorese excessiva
- Intolerância ao calor
- Pele quente e úmida
- Palpitação e taquicardia
- Fadiga
- Perda de peso
- Dispneia
- Fraqueza
- Aumento do apetite
- Queixas oculares
- Edema de membros inferiores
Tratamentos
Tireotoxicose
Dos antitireoidianos a propiltiouracila é preferível para o tratamento da tireotoxicose porque a dosagem utilizada bloqueia, em parte, a conversão periférica de T4 em T3. O iodo é usado para tratamento de emergência. O propranolol é indicado para tratamento sintomático de tireotoxicose, pois reduz rapidamente a frequência cardíaca alterada. Os antiarrítmicos, como bloqueadores de canais de cálcio e adenosina, se necessário, são opção para fibrilação atrial.
Porém, o tratamento definitivo da tireotoxicose consiste em abordar as causas precipitantes da síndrome, a exemplo do tratamento da infecção subjacente.
Hipertireoidismo
O tratamento do hipertireoidismo visa a correção do estado de hipermetabolismo com um mínimo de efeitos colaterais e menor incidência possível de hipotireoidismo, além de melhora rápida dos sintomas adrenérgicos através do uso dos beta-bloqueadores como propanolol, atenolol e metoprolol. O hipertireoidismo deve ser tratado, principalmente em idosos, devido o risco de complicações cardiovasculares.
Os fármacos antitireoidianos mais importantes são propiltiouracil (PTU) e metimazol, ambas as drogas diminuem a quantidade de hormônios produzidos pela glândula tireoide . O PTU é o fármaco de escolha durante a gestação e a amamentação.
O iodo radioativo (I-131) leva à destruição permanente da tireoide e pode ser usado para preparação pré-operatória de pacientes com hipertireoidismo submetidos à tireoidectomia, diminuindo a vascularização da glândula. O efeito adverso mais comum dessa opção terapêutica é o hipotireoidismo, porém é amplamente utilizado por ser mais barato e associado com menos morbidade.
Além dessas opções há a remoção cirúrgica da tireoide (tireoidectomia); o médico pode recomendar a cirurgia quando os medicamentos antitireoidianos ou a terapia com iodo radioativo não são apropriados. Nesse procedimento existe o risco de desenvolver hipoparatireoidismo e lesão com paralisia laríngea. A cirurgia tem uma indicação especial quando existe obstrução esofageana.
Produzido por:
Liga: LIEMS – Liga Acadêmica de Endocrinologia e Metabologia de Sobral
Autor: Amanda Beatriz Sobreira de Carvalho
Revisor: Lúcio Soares e Silva Neto
Orientador: Prof. José Roberto Frota Gomes Capote Júnior