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Resumo: Agitação Psicomotora | Ligas

Resumo: Agitação Psicomotora | Ligas

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Definição 

A agitação psicomotora é definida como um quadro de aumento da atividade verbal e psicomotora, que se torna inadequada e repetitiva, associada a uma sensação subjetiva de tensão, irritabilidade e, por vezes, agressividade. Além disso, em pacientes agitados, há a tendência de se ter uma baixa capacidade de discernimento com relação à sua condição, fazendo com ele apresentem dificuldades para reconhecer que estão com um problema de saúde e que precisam de ajuda.

Por se enquadrar em uma emergência psiquiátrica, a agitação psicomotora pode representar risco iminente à integridade física, tanto do indivíduo quanto do ambiente e das pessoas ao redor. Logo, é uma condição que requer intervenção terapêutica imediata.

Epidemiologia     

Mundialmente, cerca de 450 milhões de pessoas são acometidas, no decorrer da vida, por algum transtorno psiquiátrico, neurológico ou comportamental.

De acordo com levantamentos feitos pelo Ministério da Saúde, 3% da população brasileira é acometida por transtornos mentais graves e persistentes, mais de 6%, por transtorno grave devido ao uso de substâncias e 12% necessitam de atendimento psiquiátrico no decorrer da vida. Além disso, é estimado que de 6% a 17% dos casos atendidos pelo SAMU sejam de pacientes com distúrbios psiquiátricos ou de comportamento.

Com relação a esses dados, os transtornos mentais estão entre os principais motivos de demanda do SAMU. Ademais, há dados de que aproximadamente 3% dos indivíduos que chegam à emergência apresentam-se agitados ou agressivos, sendo, em grande parte, esse o motivo da procura pelo serviço de saúde.

Principais causas e condições associadas

A agitação psicomotora, por ser uma manifestação complexa e inespecífica, está relacionada a uma variedade de condições clínicas e psiquiátricas primárias.

As causas mais comuns associadas à agitação psicomotora englobam: intoxicação ou abstinência por álcool ou por substâncias psicoestimulantes, dor intensa, condições médicas gerais acompanhadas de dispneia, alteração do nível de consciência (delirium) e transtornos psiquiátricos, como depressão e transtornos psicóticos ou de personalidade (Tabela 1).

Fonte: Medicina de Emergências – Abordagem prática

Fatores de Risco

  • Sexo masculino;
  • Baixo nível sociocultural;
  • Idade entre 15 e 24 anos;
  • Desemprego;
  • Ausência de suporte social;
  • Baixa autoestima;
  • Histórico de violência praticada ou sofrida;
  • Baixa tolerância a frustrações, entre outros.

Avaliação

Os sintomas da agitação psicomotora podem ser divididos em três parâmetros, sendo eles emocional, cognitivo e motor.

Quanto ao estado emocional, são pacientes que podem apresentar raiva, angústia ou medo, emoções que, ao se intensificarem, podem levar a resultados desastrosos para a saúde do paciente.

Já em relação ao aspecto cognitivo, o paciente pode apresentar insegurança pessoal, catastrofização ou conteúdo paranoide, tal como ocorre nos casos envolvendo transtornos psicóticos.

Por outro lado, a motricidade caracteriza-se por aumento da atividade, devido ao quadro de hiperexcitabilidade a estímulos ambientais. Assim, são pacientes que podem estar mais sensíveis a informações ambientais, aumentando o risco de desfechos desagradáveis.

Em geral, observa-se uma variação significativa de sintomas psicomotores, desde inquietação até violência, tanto contra si mesmos como contra o patrimônio ou a equipe, sendo essa evolução progressiva ou impulsiva, dependendo do quadro de base.

Fonte: Emergências psiquiátricas

Manejo do paciente com agitação psicomotora 

A conduta do paciente agitado pode ser dividida em três níveis: contenção ambiental e verbal, contenção química (farmacológica) e contenção mecânica (física).

  • Contenção ambiental e verbal

A equipe de saúde deve manter-se calma, firme e empática. Além disso, deve evitar movimentos bruscos, aparentemente agressivos e abordagens que possam ser vistas pelo paciente como ameaçadoras. Ademais, é importante que haja uma boa relação médico-paciente, a fim de que o paciente se sinta acolhido e livre para verbalizar seus sentimentos e reivindicações. Por fim, é imprescindível que haja uma certa distância entre o paciente agitado e a equipe de saúde, como uma forma de respeito ao espaço do paciente e proteção da equipe.

  • Contenção química

Essa contenção é praticada em casos mais graves de agitação, nos quais a contenção ambiental e verbal foi ineficaz ou nos casos em que há necessidade de estabilização rápida dos pacientes, devido ao risco iminente, tanto para si como para terceiros.

Os principais critérios para a escolha adequada do medicamento são: objetivo clínico da medicação, segurança, eficácia, via de administração, risco de interação ou piora de quadro. É possível que seja feita administração por via oral (VO) de olanzapina, aripiprazol, risperidona, quetiapina, lorazepam ou haloperidol, assim como via intramuscular (IM) de lorazepam, olanzapina, ziprasidona, aripiprazol, haloperidol, midazolam ou droperidol (sendo essa via mais utilizada em pacientes não colaborativos).

Fonte: Hipolabor Farmacêutica
  • Contenção física:

Quando o manejo verbal não é suficiente e/ou o paciente apresenta risco de agressividade, é preciso recorrer à contenção física. Ela deve ser executada por uma equipe com cinco pessoas, devidamente treinadas, sendo quatro indivíduos, cada um responsável por um membro, e um integrante da equipe responsável por permanecer falando com o paciente, justificando os motivos da contenção e as etapas do procedimento.

Um dos profissionais da equipe é responsável por proteger e posicionar a cabeça e o pescoço do paciente, a fim de evitar obstrução das vias respiratórias e broncoaspiração. Os membros do paciente são fixados à maca com faixas de tecido ou dispositivos próprios, de maneira a evitar isquemias, sendo fundamental uma quinta faixa na região torácica nos quadros mais graves. O paciente deve estar posicionado em decúbito dorsal, com a cabeça levemente levantada e o braço fixo de modo a tornar o acesso intravenoso mais fácil.

Fonte: Breaken.org

Autores e revisores

Autores: Amanda da Cunha Scarso – @amanda_scarso

Revisor(a): Giovana Santin Zufelato – @gizufelato

Orientador(a): Rodrigo Dias

Liga: Liga do Trauma da Faculdade São Leopoldo Mandic Araras – LTSLMA

Instagram: @ligadotrauma.slma

O texto acima é de total responsabilidade do(s) autor(es) e não representa a visão da sanar sobre o assunto.

Observação: material produzido durante vigência do Programa de colunistas Sanar junto com estudantes de medicina e ligas acadêmicas de todo Brasil. A iniciativa foi descontinuada em junho de 2022, mas a Sanar decidiu preservar todo o histórico e trabalho realizado por reconhecer o esforço empenhado pelos participantes e o valor do conteúdo produzido. Eventualmente, esses materiais podem passar por atualização.

Novidade: temos colunas sendo produzidas por Experts da Sanar, médicos conceituados em suas áreas de atuação e coordenadores da Sanar Pós.


Referências

QUEVEDO, J. Emergências Psiquiátricas. 4 ed. Porto Alegre: Artmed, 2020.

SUEOKA, J.S; ABGUSSEN, C. M. B. APH – Resgate – Emergência em Trauma. 1 ed. Rio de Janeiro: Elsevier,2019.

PARAVENTI, F; CHAVES, A.C. Manual de Psiquiatria Clínica. 1 ed. Rio de Janeiro: Roca,2016.

MARTINS,H.S; NETO, R. A. B; VELASCO, I. T. Medicina de emergências: abordagem prática. 11 ed. Barueri, SP: Manole,2016.