Carreira em Medicina

Resumo: Como Se Comportar no Centro Cirúrgico | Colunistas

Resumo: Como Se Comportar no Centro Cirúrgico | Colunistas

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Imagem de perfil de Comunidade Sanar

“Juro

Considerar os meus Mestres igualmente a meus Pais;

(…)Aplicar o tratamento em benefício dos doentes de acordo

com a minha capacidade e consciência, evitando-lhes qualquer

malefício; mesmo sob injunção de quem quer que seja(…)’’

– Juramento de Hipócrates

As escolas médicas devem alertar os jovens iniciantes ao verdadeiro sentido da profissão médica com base nos princípios hipocráticos. A Cirurgia ensina as indicações do tratamento cirúrgico, as bases anatômicas e fisiopatológicas e a sistematização dos vários procedimentos, os efeitos da agressão cirúrgica sobre o organismo e os resultados e consequências que essa terapêutica produz. Diante disso, o médico tem autorização de “aplicar o tratamento em benefício dos doentes de acordo com sua capacidade e consciência, evitando-lhes qualquer malefício”. É preciso ponderar os danos e os benefícios que a intervenção pode causar, para assim escolher a melhor conduta para o doente. A Cirurgia só pode ser exercida por profissionais cientificamente preparados, manualmente adestrados e moralmente idôneos. Desse modo, é imprescindível saber se comportar em um centro cirúrgico.

Qual o passo a passo para ter um bom comportamento no Centro Cirúrgico(CC)?

1. Ter consciência das decisões e das práticas a serem realizadas no(CC)

2. Estudar a cirurgia em questão, bem como as indicações cirúrgicas, o quadro clínico do paciente e a doença a ser operada;

3. Conhecer a equipe cirúrgica e os espaços daquele hospital;

4. Vestimenta adequada, geralmente os hospitais disponibilizam um pijama cirúrgico;

5. Usar máscara cirúrgica, se bem que desde a época da pandemia ficou difícil essa etapa não ser concluída com sucesso, né?

6. Lembrar de retirar acessórios, como brincos, pulseiras, anéis e prender cabelo, protegendo com a touca cirúrgica;

7. Realizar práticas de degermação: faça a assepsia das mãos e antebraços, a escovação unidirecional (distal —> proximal) e por no mínimo 5 minutos, a lavagem no sentido único de unhas-dedos-mão-punho-antebraço (repetindo sempre que sentir excesso de produto presente), a secagem com compressa estéril, coloque o capote/avental cirúrgico; 

8. Lembrar de colocar as luvas estéreis seguindo o princípio do enluvamento fechado:

  1. Deve-se abrir a embalagem interna e identificar as luvas direita e  esquerda à sua frente.
  2. Usando o avental, deve-se pegar a barra da luva esquerda com a mão direita e removê-la da embalagem (Fig. 1.1-2a).
  3. Deve-se, então, colocar a luva no punho esquerdo (Fig. 1.2-2b).
  4. Ainda enquanto segura-se a barra da luva, fecha-se o punho e puxa-se a dobra sobre a mão, com o objetivo de cobrir as articulações dos dedos e a do polegar antes de esticar o dedo na mão esquerda (Figs. 1.2-2c-d).
  5. Deve-se mover os dedos para garantir uma boa colocação (Figs.1.2-2e-f).
  6. Com a mão esquerda já com a luva, pega-se a luva direita (Fig.1.2-3a).
  7. Como anteriormente, deve-se colocar a luva sobre o punho, cerrá-lo e puxar a luva sobre o avental até que esteja bem colocada (Fig. 1.2-3b).
  8.  Ao fim, ambas as luvas podem ser ajustadas sem medo de contaminação (Fig. 1.2-3c).
Fonte: https://statics-shoptime.b2w.io/sherlock/books/firstChapter/116717943.pdf
Imagem: o passo a passo da técnica de enluvamento fechado.

Ao remover as luvas, é boa prática certificar-se de que a superfície externa contaminada não toque a mão sem proteção. Deve-se sempre lavar as mãos ou aplicar álcool após retirar as luvas; isso protege a pele das mãos. É importante também estar ciente de que, com frequência, há perfurações que não são facilmente observáveis nas luvas.

Já os aventais cirúrgicos estabelecem uma barreira física entre o usuário e o paciente, mantendo o campo cirúrgico para o paciente e protegendo o usuário. Recomenda-se o uso de jalecos descartáveis e à prova d’água para cirurgias, pois são impermeáveis e apresentam menor tendência a vazamento em condições extremas. Caso esse tipo de jaleco não esteja disponível, use os de tecido especial à prova d’água que toleram lavagens e esterilizações repetidas. O modelo recomendado é aberto nas costas; deve cobrir totalmente as costas com fecho de contato ou prendedores no pescoço e tiras internas e externas na cintura. Os tamanhos devem servir para indivíduos de estatura média a alta.

Após essas práticas de degermação, não toque em nada contaminado hein…

Além disso, este momento é o mais importante para observar tudo que está acontecendo ali! Note as ações da equipe presente, a função de cada pessoa, como os cirurgiões se paramentam, a posição dos membros, como se monta a mesa de instrumentação e o nome de cada instrumento cirúrgico e como eles os manuseiam, e o andamento da cirurgia como um todo.  Se possível, peça para montar a mesa cirúrgica também, seja proativo, mas sob supervisão e consentimento de todos.

Aproveite a experiência de estar no centro cirúrgico vendo a cirurgia de pertinho e quem sabe, ativamente também? Sempre agradeça ao final pela oportunidade, e demonstre interesse perguntando quando serão as próximas cirurgias e se poderá acompanhá-las.

Autora: Jéssica N. Borba – @borbajessica_

Referências Bibliográficas:

GOFFI, Fabio Schmidt. Tecnica cirurgica: bases anatomicas, fisiopatologicas e tecnicas da cirurgia. 4. ed. São Paulo: ATHENEU, 1996, 2004, 2007. 822 p.

PORTEOUS, M., BAUERLE, S. MANUAL AO DE PRINCIPIOS E TECNICAS EM CENTRO CIRURGICO. Editora: GRUPO A EDUCACAO S/A RS. 2013. Acesso em: 24 fev. 2022. https://statics-shoptime.b2w.io/sherlock/books/firstChapter/116717943.pdf

O texto é de total responsabilidade do autor e não representa a visão da sanar sobre o assunto.

Observação: esse material foi produzido durante vigência do Programa de colunistas Sanar. A iniciativa foi descontinuada em junho de 2022, mas a Sanar decidiu preservar todo o histórico e trabalho realizado por reconhecer o esforço empenhado pelos participantes e o valor do conteúdo produzido.