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Resumo: Doença de Alzheimer | Ligas

Resumo: Doença de Alzheimer | Ligas

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A Doença de Alzheimer (DA) é uma doença neurodegenerativa progressiva, a qual pode levar o paciente a um estado de dependência total e incapacitação devido à deterioração das funções cognitivas, em especial a memória, ao comprometimento da capacidade de desempenhar atividades da vida diária e à ocorrência de distúrbios comportamentais e de sintomas neuropsiquiátricos.

Epidemiologia

Cerca de 50 milhões de pessoas em todo o mundo vivem com demência, sendo a Doença de Alzheimer a mais frequente, correspondendo a aproximadamente 65% dos casos. A prevalência da DA aumenta de acordo com o envelhecimento e, com isso, estudos mostram que a partir dos 65 anos a taxa de incidência praticamente dobra a cada cinco anos e a taxa anual de incidência no Brasil é de 7,7 casos por 100.000 habitantes.

O fator genético também é considerado significativo no risco do desenvolvimento dessa demência. Acredita-se que aproximadamente 1/3 dos casos da DA apresentam familiaridade, a qual possui um padrão de herança autossômica dominante.

Fisiopatologia

A perda neuronal e a degeneração sináptica são os principais achados neuropatológicos na Doença de Alzheimer, junto com o acúmulo de duas lesões principais, sendo elas as placas neuríticas (ou amiloides) e os emaranhados neurofibrilares.

As placas neuríticas são lesões extracelulares formadas basicamente pelo peptídeo beta-amilóide, o qual é originado a partir da clivagem da proteína precursora de amilóide (APP), proteína responsável por estimular o neurônio a crescer e se reparar em caso de lesão. Fisiologicamente, a APP é clivada pela enzima alfa-secretase, sendo então transformada em fragmentos menores sem ação tóxica. Na DA, a liberação do peptídeo beta-amilóide ocorre a partir da atividade das enzimas beta-secretase e gama-secretase, resultando na agregação e deposição desse peptídeo no córtex cerebral podendo, dessa forma, interferir nas sinapses.

Já os emaranhados neurofibrilares são lesões intraneurais compostas por elementos do citoesqueleto anormais, sendo o seu componente principal a proteína tau. Os microtúbulos que formam o citoesqueleto, responsáveis pelo transporte de substâncias no interior do neurônio, dependem da proteína tau para que se mantenham estáveis. Na DA, ocorre uma fosforilação anormal da proteína tau, a qual se torna hiperfosforilada, ocasionando edema e distrofia dos microtúbulos e a consequente morte celular.

Quadro clínico

É uma doença que costuma evoluir de forma lenta, em um período entre 8 e 12 anos. O quadro clínico pode ser dividido em quatro estágios.

O estágio inicial é caracterizado por sintomas vagos e difusos, sendo o comprometimento da memória o sintoma mais precoce, especialmente de memória declarativa episódica (memória de eventos autobiográficos), podendo também estar presente uma certa desorientação no tempo e no espaço e alterações na personalidade (como desatenção, mudanças de humor etc).

No segundo estágio, há uma maior deterioração dos déficits de memória, dificuldade para realizar tarefas simples e coordenar movimentos, distúrbios de linguagem, agitação e alteração grave na capacidade de aprendizado. No terceiro estágio, todas as funções cognitivas estão comprometidas e o paciente se torna totalmente dependente. No quarto estágio, o estágio terminal, o paciente está restrito ao leito, com incontinência urinária e fecal, mudo e com infecções recorrentes.

Diagnóstico

O diagnóstico precoce é considerado desafiador, haja vista não existir ainda exames capazes de concluir o diagnóstico, sendo considerado um diagnóstico de exclusão. Além disso, o diagnóstico definitivo da Doença de Alzheimer requer o exame histopatológico, o qual é raramente realizado em um paciente vivo.

Tratamento

Atualmente, ainda não existe uma cura para a Doença de Alzheimer, mas é uma doença que pode ser tratada. O foco principal do tratamento para essa enfermidade é direcionado para intervir nas alterações cognitivas, do humor e dos sintomas psicológicos e comportamentais objetivando reduzir a velocidade de progressão da doença.

No tratamento farmacológico, utiliza-se principalmente a classe de medicamentos com ação de inibidores da colinesterase (IChE), como a donepezila, a rivastigmina e a galantamina, os quais têm trazido efeitos benéficos sobre a cognição e os sintomas psicológicos e de comportamento. O tratamento não farmacológico também é essencial para a melhoria da qualidade de vida do paciente e de seus familiares, sendo feito por uma equipe multidisciplinar.

Autores, revisores e orientadores:

Autora: Laura Elena Binder – @laurabinder_

Revisor(a): Luiza Mendonça Pessoa de Melo – @luiza_mendoncap

Orientador(a): Talyta Cortez Grippe

O texto acima é de total responsabilidade do(s) autor(es) e não representa a visão da sanar sobre o assunto.

Observação: material produzido durante vigência do Programa de colunistas Sanar junto com estudantes de medicina e ligas acadêmicas de todo Brasil. A iniciativa foi descontinuada em junho de 2022, mas a Sanar decidiu preservar todo o histórico e trabalho realizado por reconhecer o esforço empenhado pelos participantes e o valor do conteúdo produzido. Eventualmente, esses materiais podem passar por atualização.

Novidade: temos colunas sendo produzidas por Experts da Sanar, médicos conceituados em suas áreas de atuação e coordenadores da Sanar Pós.


Referências:

SERENIKI, Adriana; VITAL, Maria Aparecida Barbato Frazão. A doença de Alzheimer: aspectos fisiopatológicos e farmacológicos. Rev. psiquiatr. Rio Gd. Sul,  Porto Alegre, v. 30, n. 1, supl. 2008. Acesso em: 17 fev. 2021.

https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-81082008000200002

LEITE, Matheus Soares et al. Diagnóstico do paciente com Doença de Alzheimer: uma revisão sistemática de literatura. Brazilian Journal of Surgery and Clinical Research – BJSCR, Ipatinga, Vol.30, n.1, pp.47-50. Mar 2020. Acesso em: 17 fev. 2021.

https://www.mastereditora.com.br/periodico/20200307_115818.pdf

DOENÇA DE ALZHEIMER. Instituto Alzheimer Brasil, 2019. Acesso em: 17 fev. 2021.

http://www.institutoalzheimerbrasil.org.br/epidemiologia/

DOENÇA DE ALZHEIMER. Biblioteca Virtual em Saúde, 2015. Acesso em: 17 fev. 2021.

http://bvsms.saude.gov.br/dicas-em-saude/2056-doenca-de-alzheimer#:~:text=O%20quadro%20cl%C3%ADnico%20costuma%20ser,tarefas%20simples%20e%20coordenar%20movimentos.

FREITAS, Elizabete Viana de; PY, Ligia. Tratado de Geriatria e Gerontologia. 4 Ed. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan, 2016.