Índice
Definição e Quadro Clínico
A síndrome de Burnout foi descrita pela primeira vez no ano de 1974 por Freudenberger, sendo apresentada como um resultado a longo prazo de uma constante exposição ao estresse causado por condições de trabalho insalubres. Nesse aspecto, o modelo mais comumente utilizado por profissionais da saúde para caracterizar a Síndrome de Burnout nos dias atuais é o proposto por Maslach, em que essa condição é descrita com sintomas de dimensões físicas e psicológicas como exaustão emocional, fadiga, baixo índice de satisfação pessoal e, ainda, a despersonalização, que costuma acarretar na insensibilidade e impessoalidade do indivíduo acometido.
Esse conjunto de manifestações acaba por refletir na vida profissional e pessoal de muitos pacientes, resultando numa menor habilidade comunicativa, baixa qualidade de vida, pouca empatia e, no caso de profissionais da saúde, menor performance clínica, mais erros médicos e menor qualidade do serviço prestado. Esse transtorno costuma estar associado a outras afecções mentais, como a depressão e a ansiedade, bem como à baixa capacidade de concentração e de manter o autocontrole, e pode resultar em abuso de álcool e de substâncias ilícitas, automedicação por parte de profissionais da saúde, e em casos mais graves, suicídio.
Epidemiologia
A síndrome de Burnout pode acometer profissionais de todos os setores e, de forma mais específica, profissionais da saúde em todos os estágios da sua carreira. Estresse na vida pessoal, na vida profissional e uma alta carga horária tem sido ligados ao surgimento desse transtorno. Sob esse viés, é possível identificar como grupo de risco médicos da área de cirurgia, com uma prevalência de cerca de 40% dessa condição nesse grupo. Uma das possíveis explicações para esse panorama adverso seria, além da carga horária elevada e dos grandes sacrifícios na vida pessoal dessas pessoas, o contato constante com pacientes gravemente doentes, desencadeando numa constante exposição ao sofrimento, à morte, ao luto, e à fadiga, contribuindo para o surgimento da sintomatologia. Além dos cirurgiões, emergencistas e intensivistas também constituem grupos de risco para o desenvolvimento dessa afecção.
Além das condições trabalhistas, outros fatores têm mostrado uma correlação com a Síndrome de Burnout. Dentre esses contribuintes, é possível citar histórico de doenças, negligência e morte de pessoas próximas na infância, histórico familiar e pessoal de outras doenças psiquiátricas, e a falta de apoio social.
Quanto ao gênero, a epidemiologia da síndrome de Burnout não se encontra clara, tendo alguns estudos revelado uma prevalência do distúrbio em mulheres com 73%, em contraste aos homens, com 65%, e outros indo de encontro a essa ideia, não mostrando uma correlação entre o gênero do paciente e a síndrome.
Diagnóstico
Diversos instrumentos podem ser utilizados para avaliar a sintomatologia da Síndrome de Burnout. O mais comumente usado é o Inventário de Burnout Maslach (MBI – HSS) que leva em consideração, principalmente, os âmbitos da exaustão emocional, da despersonalização e da escassez de satisfação pessoal. Dentre as variantes desse questionário, é possível citar variantes com questões adicionais, ou ainda voltadas à populações específicas, como estudantes. É recomendada, ainda a observação de fatores de risco e a sondagem de outros distúrbios mentais para facilitar o diagnóstico.
Tratamento e Prevenção
O tratamento da Síndrome de Burnout foca em gerar um ambiente de trabalho mais positivo para o indivíduo através da resiliência e do autocuidado, com destaque para a espiritualidade, emoções e bem estar físico. Busca-se o retorno à satisfação pessoal através da atividade laboral por meio da tentativa de reavivar os aspectos engrandecedores que levaram o indivíduo a seguir aquela profissão e o trabalho da habilidade de monitorar as necessidades pessoais e as do ambiente de trabalho. Além disso, a redução do estresse baseada no Mindfullness demonstrou bons resultados nas três dimensões do Inventário de Burnout Maslach.
Autores, revisores e orientadores:
Autora: Hannah Luíza Araújo Rebouças;
Co-autora: Sarah Ferrer Augusto Gonçalves;
Revisor: João Pedro Andrade Augusto;
Orientador: José Antônio Carlos Otaviano David Morano;
Instagram: @geaas.unifor.