Carreira em Medicina

Resumo sobre os principais tipos de tratamentos oncológicos | Ligas

Resumo sobre os principais tipos de tratamentos oncológicos | Ligas

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Introdução

As neoplasias malignas exigem da Equipe Oncológica responsável pelo paciente que o tratamento seja oferecido de maneira individualizada, observando as necessidades e possibilidades terapêuticas de cada paciente com câncer. As variedades de tratamentos existentes consistem na melhora da qualidade de vida do paciente, e não apenas em prolongar sua vida.

Equipe Multiprofissional

Para um tratamento oncológico bem sucedido, é preciso acompanhar os pacientes em todas as suas necessidades. Com isso, os pacientes precisam ser amparados por profissionais de saúde de diversas áreas de atuação, não somente por um oncologista, mas sim por toda uma equipe multidisciplinar.

 É indicado que essa equipe seja composta também por profissionais enfermeiros, psicólogos, farmacêuticos, nutricionistas e assistentes sociais. Dessa forma, o paciente é visto como um todo, não apenas como uma pessoa que enfrenta um câncer. Além disso, esse trabalho unificado, evita o surgimento de outras condições adversas à saúde dos pacientes.

Tipos de tratamentos oncológicos

Atualmente, existem alguns tipos de tratamentos que são mais conhecidos e mais utilizados para tratar pacientes diagnosticados com algum tipo de câncer. São eles: Imunoterapia, Quimioterapia e Radioterapia. Cada um desses tipos age de uma forma no alvo, e muitas vezes são utilizadas em conjunto, por apresentarem diferentes resultados no tratamento.

Imunoterapia

Segundo a Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO), a imunoterapia constitui o avanço mais promissor contra o câncer. Este tratamento visa fortalecer o sistema imunológico do paciente, para que o próprio organismo possa combater o avanço da doença. São usados medicamentos capazes de restaurar a capacidade do organismo de reconhecer e destruir as células tumorais, medicamentos que agem diretamente no sistema imunológico. O sistema imunológico responde as ameaças detectadas pelo organismo, acionando as suas células de defesa, entre ela um tipo chamado Células T. Os linfócitos T reagem a alguns tipos de proteína, entre elas um tipo chamado “checkpoint inihibitors” ou inibidores dos pontos de controle. As células cancerígenas, às vezes, usam esses pontos de controle para evitar serem atacadas pelo sistema imunológico.

Os medicamentos imunoterápicos visam fortalecer os pontos de controle, reestabelecer a atividade normal destas células da imunidade, no combate às células tumorais, reconhecendo as células cancerígenas como as verdadeiras inimigas do organismo.

Diferentes drogas podem agir em diferentes proteínas inibidoras de checkpoint, elas podem ter como alvos as proteínas PD-1 e PD-L1, que são proteínas checkpoint em células do sistema imunológico chamadas células T. Essas células do ponto de verificação agem de forma a impedir que as células T ataquem outras células do corpo. Normalmente age como um tipo de “botão de desligar” que ajuda a impedir que as células T ataquem outras células do corpo. Ele faz isso quando se liga a PD-L1, uma proteína em algumas células normais (e cancerosas). Quando PD-1 se liga a PD-L1, basicamente diz à célula T para deixar a outra célula sozinha. Algumas células cancerosas têm grandes quantidades de PD-L1, o que as ajuda a se esconder de um ataque imunológico.

Os anticorpos monoclonais que têm como alvo PD-1 ou PD-L1 podem bloquear essa ligação e aumentar a resposta imune contra células cancerosas. Essas drogas têm se mostrado muito promissoras no tratamento de certos tipos de câncer.

Existem também medicamentos que têm como alvo CTLA-4. CTLA-4 é outra proteína em algumas células T que atua como um tipo de “interruptor” para manter o sistema imunológico sob controle.

Ipilimumab (Yervoy) é um anticorpo monoclonal que se liga ao CTLA-4 e o impede de funcionar. Isso pode aumentar a resposta imunológica do corpo contra as células cancerosas.

Quando a Imunoterapia é indicada?

A imunoterapia ainda é uma terapia em estudo e, por isso, é um tratamento que é indicado quando: 

  • A doença provoca sintoma graves que interferem nas atividades do dia-a-dia; 
  • A doença põe em risco a vida do paciente; 
  • Os restantes tratamentos disponíveis não são eficazes contra a doença.

Além disso, a imunoterapia também é indicada nos casos em que os tratamentos disponíveis provocam efeitos colaterais muito intensos ou graves, que podem colocar em risco a vida.

Efeitos colaterais da Imunoterapia

A imunoterapia é o tratamento em que os pacientes apresentam menos efeitos colaterais, segundo o oncologista Munir Murad Júnior, a imunoterapia é um processo mais controlável e menos intenso. Não há queda de cabelo ou fraqueza provocada pela droga. Mas, podem ocorrer reações imunes relacionadas a pele, pulmão, tireoide e fígado.

Quimioterapia

A quimioterapia é um tratamento muito utilizado na tentativa de destruir as células tumorais. São administrados medicamentos por via endovenosa que, misturados na corrente sanguínea, circulam por todo o organismo destruindo as células cancerígenas que estão formando o tumor e impedindo também, que elas se espalhem pelo corpo. Os medicamentos absorvidos pelas células atuam por vários mecanismos, tentando impedir a proliferação e destruir as células malignas, mas nesse processo, algumas células que se encontram em estado de funcionamento normal, também podem ser atingidas, e esse fato é responsável pelos efeitos colaterais. Existem também a Terapia-Alvo, que atuam principalmente sobre a célula tumoral e geralmente oferece melhores resultados, mas essa modalidade é restrita a alguns tipos de tumores.

A quimioterapia pode ser aplicada de diversas formas. As mais comuns são por via oral e endovenosa. Com menor frequência a administração é por meio de injeções intramusculares. É um tratamento amplamente difundido e que tem sido aperfeiçoado para gerar menos desconforto ao paciente. No entanto, não há como garantir sua eficácia. Ainda mais se considerarmos que alguns tumores são resistentes aos medicamentos empregados na quimioterapia ou não podem ser totalmente removidos cirurgicamente.

Quando a quimioterapia é indicada?

Em cada fase do tratamento do câncer a quimioterapia é administrada com uma finalidade. No período pré-operatório, tem a função de aumentar a chance de ressecabilidade do tumor e diminuir a possibilidade de a doença voltar. No pós-operatório, serve, principalmente, para evitar que a recidiva aconteça, sendo capaz de reduzir a chance de recaída tumoral em outros órgãos (à distância).

A realização da quimioterapia antes da cirurgia para retirada do tumor é um artifício utilizado pelos médicos com a intenção de diminuir o tamanho do tumor para efetuar uma cirurgia menos radical e até, eventualmente, preservar o órgão acometido. Um exemplo desta abordagem ocorre nos tumores de bexiga, no qual a quimioterapia seguida de radioterapia pode, em alguns casos, substituir completamente a cirurgia invasiva.

No entanto, há situações em que o tumor não é ressecável ou o câncer já atingiu outras partes do organismo. Nestes casos, a cirurgia deixa de ser uma opção, mas a quimioterapia não, dependendo das características do tumor em questão.

Efeitos colaterais da quimioterapia

A intensidade dos efeitos colaterais da quimioterapia é algo que depende totalmente da medicação que é utilizada e de como cada organismo pode reagir; algumas pessoas podem ter de forma mais severa; já outras podem ter maneiras mais leves. Alguns dos efeitos mais comuns são:

  • Fadiga.
  • Perda de cabelo.
  • Hematomas e hemorragias.
  • Infecção.
  • Anemia.
  • Náuseas e vômitos.
  • Perda de apetite.
  • Diarreia ou constipação.
  • Inflamações na boca.
  • Problemas de deglutição.
  • Problemas neurológicos e musculares, como dormência, formigamento e dor.
  • Alterações da pele e unhas, como pele seca e alteração na cor.
  • Problemas renais.
  • Perda de peso.
  • Problemas de concentração.
  • Alterações no humor.
  • Alterações na libido.
  • Infertilidade.

Para amenizar esses possíveis efeitos, podem ser utilizadas medidas preventivas, como medicamentos que inibem os sintomas. Em outros casos, seguindo a avaliação do médico oncologista responsável, é possível haver a diminuição das doses dos medicamentos ou até mesmo a interrupção da medicação.

Radioterapia

A radioterapia é um tratamento no qual se utilizam radiações ionizantes que servem para destruir ou impedir que as células do tumor aumentem.  A radioterapia é um tratamento que auxilia muito na melhora da qualidade de vida dos pacientes, mesmo quando não é possível obter a cura. A aplicações de radiações terapêuticas contribuem na redução do tumor, o que leva a diminuição de dores, hemorragias e outros sintomas. A radioterapia pode ser usada em conjunto com outros tipos de tratamento, como os medicamentos quimioterápicos, mas isso depende totalmente da avaliação médica de caso da doença.

A quantidade de sessões necessárias varia de acordo com o estadiamento, tamanho e localização do tumor. De acordo com a avaliação destes critérios, a radioterapia pode ser feita de duas formas:

  • Radioterapia externa ou teleterapia: É a forma mais comum de aplicação, onde a radiação é emitida por um aparelho, que fica afastado do corpo do paciente, direcionado ao local a ser tratado, o paciente deve ficar deitado sob o aparelho durante o tempo da aplicação.

Braquiterapia: O médico posiciona aplicadores em contato ao local a ser tratado, a fonte de radiação sai do aparelho, percorre os cateteres que são ligados aos aplicadores e irradia próximo a área a ser tratada, depois a fonte retorna ao aparelho fazendo o mesmo trajeto.

Quando a radioterapia é indicada

Isoladamente, a radioterapia está indicada para tumores iniciais sensíveis ao tratamento e, portanto, com alta probabilidade de cura, por exemplo, tumores de pele, laringe e linfoma de Hodgkin entre outros.

Também pode ser utilizada para os pacientes que não têm condições  clínicas para a cirurgia, considerados inoperáveis, por cardiopatias ou pneumopatias severas. Outra situação em que o uso é exclusivo da radioterapia são para os tumores considerados irressecáveis, seja pela localização desfavorável do tumor ou pela grande infiltração tumoral que inviabiliza qualquer procedimento cirúrgico para a retirada do tumor.

Efeitos colaterais da radioterapia

Os efeitos colaterais oriundos das sessões de radioterapia, dependem exclusivamente da área do corpo onde a radiação foi administrada, a dosagem que foi usada e a variação ocorre de acordo com cada organismo. A radioterapia externa tende a causar mais efeitos colaterais do que a radioterapia interna. É importante lembrar que a maioria dos pacientes terá apenas alguns dos efeitos colaterais mencionados aqui, e para muitos, eles serão leves. Com as técnicas de tratamento atuais os efeitos colaterais severos são muito raros.

A maioria dos efeitos colaterais causados pela radioterapia dura apenas alguns dias ou semanas após o término do tratamento. Entretanto, alguns, como os sintomas de fadiga ou perda de cabelo, podem durar alguns meses.

A radioterapia afeta os pacientes de formas diferentes e é difícil saber exatamente como cada um vai reagir ao tratamento. Para alguns pacientes os efeitos colaterais são leves, enquanto outros experimentam os efeitos mais graves.

Autor(a): Beatriz de Cássia Pinheiro Goulart

Revisor(a): Rafisah Sekeff Simão Alencar – @rafisahsekeff

Orientador(a): Marcos Curcio Angelini