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Realizado desde 1946 em moldes de papel e descrito por Alexander Limberg em 1963, o Retalho romboide de Limberg é um procedimento cirúrgico muito realizado em reconstruções anatômicas, principalmente em procedimentos realizados na face.
Neste artigo, informaremos a respeito do método de resolução do procedimento de diversas formas (demonstrações visuais, geométricas e fotos de casos reais), bem como os seus usos e objetivos em diversas ocasiões.
A forma de realização do retalho
O retalho de Limberg é feito por meio da criação de um romboide (um corte em forma de losango regular, ou seja, de lados iguais) com ângulos internos de 60º no maior eixo e de 120º no menor eixo. A partir de um dos vértices do menor eixo, é feita a marcação do mesmo tamanho do menor eixo do losango, estendendo-o de forma a fazer a base de um triângulo equilátero. Ao final dessa extensão, é realizada uma incisão paralela a um dos lados do losango, com comprimento igual aos lados do losango. Para finalizar o procedimento, o lado que foi incidido é rotacionado em direção ao eixo que foi estendido.
Parece difícil compreender com uma explicação teórica, portanto, há diversos modelos de imagem que explicam a resolução do retalho e tornam o aprendizado mais didático:



A imagem acima permite uma visão geométrica de como é feito o reparo, relacionando cada vértice em pontos e a distância entre um ponto e outro como segmentos, sendo uma forma mais prática de demonstrar a confecção do retalho. Vale relembrar que a distância entre os pontos A, B, C e D são iguais.
Em resumo, de acordo com a imagem acima:
- A construção de losango regular (local onde há o ferimento/lesão a ser reparado), representado na imagem como o quadrilátero ABCD.
- A ampliação da menor das diagonais do losango (representada na imagem pelo segmento BD), tendo o mesmo comprimento da menor diagonal, originando o segmento DE.
- Após essa ampliação, é feito mais um segmento, paralelo a um dos lados do quadrilátero ABCD, podendo ser tanto o segmento CD, quanto o segmento AD, ficando a critério do cirurgião.
- São realizadas duas incisões, uma no segmento DE e outra no segmento EF.
- O retalho de pele originado pelos cortes é rotacionado, de forma que o ponto F vai de encontro ao ponto D.
- O ferimento é suturado e o retalho de Limberg é concluído.
Para mais praticidade e exemplificação sobre como realizar o retalho, há um vídeo como referência realizado pelo Dr. Villar mostrando as etapas de realização de um retalho de Limberg em um paciente.
Ocasiões em que o procedimento é realizado
O retalho de Limberg é um procedimento ideal para lesões de pequeno a médio porte, entre 1,5 a 3,0 centímetros sendo um procedimento versátil, seguro e com bons resultados estéticos. O retalho de rombóoide é uma operação realizada por várias especialidades cirúrgicas e, segundo a literatura, pode ser realizado em praticamente qualquer lugar do corpo, tendo menores índices de complicação que outros procedimentos (enxerto de pele ou fechamento primário da ferida, por exemplo) e outros tipos de retalho (como avanço em V-Y).
Um dos maiores benefícios do reparo é em cirurgias da face, tendo bons resultados estéticos nessa região, principalmente por evitar deturpações anatômicas do rosto, e baixas taxas de complicação tecidual durante a cicatrização, como a hipertrofia e as retrações, quando comparada aos enxertos de pele em região facial. A finalidade do procedimento reconstrutivo pode variar desde operações oncológicas (câncer de pele, metástases, biópsias excisionais extensas…), neurocirúrgicas (como reparo cutâneo pós-cirurgia em casos de mielomeningocele) ou cirurgias da área de emergência (reconstruções em vítimas de trauma ou vítimas de queimaduras). É uma técnica muito utilizada em cirurgias dermatológicas, principalmente biópsias excisionais de neoplasias epidérmicas. Dentre os cânceres de pele, o carcinoma basocelular é o mais associado à realização desse procedimento, e a região mais associada é a zigomática, segundo os artigos acadêmicos.
A maior dificuldade do retalho é a elaboração de lados simétricos e ângulos acurados em cima da superfície cutânea, que devido a anatomia do local a ser elaborado, pode ser difícil.
Conclusão
O retalho rombóoide é uma forma refinada de reconstrução cutânea. Desenvolvida por Limberg em 1946 em moldes de papel e depois aplicada em modelos anatômicos, o retalho se mostrou uma ferramenta de bom uso em diversas especialidades cirúrgicas, sendo possível realizá-lo em virtualmente qualquer parte da superfície cutânea corporal. O procedimento alcança bons resultados cirúrgicos, baixas taxas de complicação e bons resultados estéticos para o paciente.
O texto é de total responsabilidade do autor e não representa a visão da sanar sobre o assunto.
Observação: esse material foi produzido durante vigência do Programa de colunistas Sanar. A iniciativa foi descontinuada em junho de 2022, mas a Sanar decidiu preservar todo o histórico e trabalho realizado por reconhecer o esforço empenhado pelos participantes e o valor do conteúdo produzido.
Referências:
Aplicações do retalho romboide em reparações cutâneas – https://www.scielo.br/pdf/rbcp/v27n1/17.pdf
O uso do retalho de Limberg para reparos de defeitos na face – http://www.rbcp.org.br/details/1106/o-uso-do-retalho-de-limberg-para-reparos-de-defeitos-na-face
Versatilidade do retalho de Limberg nas reconstruções pós-ressecção de tumores em face – http://www.acm.org.br/revista/pdf/artigos/1173.pdf
Curso básico em cirurgia plástica para acadêmicos: enxertos e retalhos – https://www.researchgate.net/publication/318641872_Curso_basico_em_cirurgia_plastica_para_academicos_enxertos_e_retalhos
Cisto pilonidal recidivado tratado com retalho cutâneo de Limberg – https://jcol.elsevier.es/en-cisto-pilonidal-recidivado-tratado-com-articulo-S2237936317302629
Limberg Flap – Secrets of the Master Craftsmen Series byVillar ~ @byDrVillar #byDrVillar (vídeo) – https://www.youtube.com/watch?v=om7FIlbxskk&t=282s&ab_channel=VillarPlasticSurgery