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Entenda a litíase biliar: diagnóstico e opções terapêuticas

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A litíase biliar, ou formação de cálculos na vesícula biliar, é uma condição frequentemente encontrada em clínicas e hospitais. Esses cálculos, também conhecidos como pedras na vesícula, podem ser assintomáticos ou resultar em sintomas que demandam intervenção. Além disso, os cálculos podem se deslocar para o ducto colédoco, resultando em coledocolitíase, uma complicação mais grave.

Estudos indicam que a prevalência da colelitíase é subestimada, já que muitos pacientes permanecem sem diagnóstico devido à ausência de sintomas. A ultrassonografia é o exame mais comum para detectar a presença de cálculos e aponta uma prevalência de cerca de 9% na população geral, com variações em estudos de necropsia que alcançam até 19% em indivíduos com mais de 20 anos. A condição tende a ser mais comum em pessoas acima dos 40 anos, especialmente em mulheres multíparas e com índice de massa corporal (IMC) superior a 30.

Fisiopatologia da litíase biliar

Os cálculos biliares são formados por substâncias que se cristalizam e se acumulam na vesícula biliar. A composição dos cálculos varia, mas a maioria é composta por uma mistura de colesterol, sais biliares, proteínas, fosfolipídeos e sais de cálcio. A bile, que normalmente ajuda a solubilizar essas substâncias, pode, em determinadas condições, tornar-se supersaturada, permitindo que os cristais se formem.

Existem diferentes tipos de cálculos biliares. Os mais comuns são os cálculos de colesterol, que se formam quando a bile contém muito colesterol. Outros tipos incluem os cálculos pigmentados, compostos por bilirrubinato de cálcio. Cálculos pretos, geralmente pequenos, estão associados a doenças hemolíticas, enquanto cálculos castanhos estão relacionados a infecções ou doenças na árvore biliar, como as provocadas por parasitas ou bactérias. O “lama biliar”, uma substância que contém cristais de colesterol, bilirrubinato de cálcio e mucina, pode ser um precursor da formação de cálculos, embora nem todos os casos evoluam dessa forma.

Fatores de risco para litíase biliar

Diversos fatores contribuem para o desenvolvimento da litíase biliar, sendo os mais comuns:

  • Predisposição genética: histórico familiar de cálculos biliares aumenta a probabilidade de formação de pedras na vesícula
  • Dismotilidade da vesícula biliar: a estase biliar, ou diminuição do movimento da vesícula, favorece a cristalização das substâncias presentes nela
  • Dieta pobre em fibras: a ingestão inadequada de fibras também está associada à formação de cálculos
  • Hormônios femininos: o estrogênio e a progesterona aumentam a síntese de colesterol e podem prejudicar a motilidade da vesícula
  • Obesidade e emagrecimento rápido: a hipersaturação de colesterol, comum em indivíduos obesos ou que emagrecem rapidamente, é outro fator de risco
  • Hipergliceridemia: a presença de níveis elevados de triglicerídeos no sangue aumenta a saturação de colesterol na bile
  • Ressecção ileal e Doença de Crohn: a perda de sais biliares, que ajudam a solubilizar o colesterol, pode contribuir para a formação de cálculos
  • Anemia hemolítica: pacientes com hemólise, como os que possuem próteses valvulares, têm maior risco de desenvolver cálculos pigmentados.

Sintomas e diagnóstico da litíase biliar

Embora a maioria dos pacientes com litíase biliar seja assintomática, aqueles que desenvolvem sintomas geralmente apresentam dor no hipocôndrio direito, que pode irradiar para a escápula ou hipogástrio. A dor é frequentemente acompanhada de náuseas e vômitos. Em casos mais graves, a presença de febre, sinal de Murphy positivo e leucocitose pode indicar complicações, como colecistite aguda, uma inflamação da vesícula biliar.

O diagnóstico de colelitíase é predominantemente feito por meio da ultrassonografia abdominal, considerada o exame padrão-ouro. Na imagem, os cálculos aparecem como estruturas hiperecoicas (brilhantes) com sombra acústica posterior. A lama biliar, por sua vez, não gera sombra acústica.

Em alguns casos, a radiografia também pode ser útil para identificar a presença de cálculos, embora seja mais eficaz na detecção de calcificação da parede da vesícula (a chamada “vesícula em porcelana”). Este sinal é um fator de risco para câncer biliar, exigindo acompanhamento e, possivelmente, intervenção cirúrgica.

O colecistograma oral, embora raramente utilizado atualmente devido à popularidade da ultrassonografia, ainda pode ser uma opção em certos casos. Nesse exame, administra-se um contraste iodado que permite a visualização da vesícula biliar, sendo útil para pacientes que optam por tratamento conservador.

Complicações e diagnóstico diferencial

A litíase biliar pode levar a várias complicações graves, como colecistite aguda, pancreatite, coledocolitíase (cálculos no ducto colédoco), colangite e até íleo biliar (obstrução intestinal devido ao cálculo biliar).

É importante também considerar diagnósticos diferenciais. A colesterolose, caracterizada por depósitos de colesterol em macrófagos da mucosa da vesícula biliar, e a adenomiomatose, que resulta em pólipos devido à hipertrofia do músculo liso da parede biliar, podem mimetizar a litíase biliar. Pode-se diagnosticar ambas as condições por ultrassonografia e requerem cirurgia, mas suas características de imagem são distintas das observadas nos cálculos biliares.

Tratamento da litíase biliar

O tratamento da litíase biliar varia conforme a gravidade dos sintomas. Pacientes com litíase sintomática devem ser submetidos à colecistectomia videolaparoscópica, que é a abordagem padrão para remoção da vesícula biliar. Indica-se a colecistectomia quando os cálculos causam dor significativa ou complicações.

Embora a cirurgia seja o tratamento principal, também há indicação de colecistectomia para pacientes assintomáticos em algumas situações específicas. Estas incluem:

  • Cálculos com tamanho superior a 2,5 a 3,0 cm
  • Presença de vesícula em porcelana, que está associada a um risco elevado de câncer biliar
  • Anemia falciforme
  • Pacientes com histórico de cirurgia bariátrica.

Reserva-se o tratamento conservador para pacientes que recusam cirurgia ou apresentam risco elevado de complicações durante o procedimento. Em casos em que o colecistograma oral é positivo, pode-se tentar a dissolução dos cálculos com o uso de ursodesoxicolato (8 a 13 mg/kg/dia). Contudo, esse tratamento apresenta eficácia limitada, especialmente em cálculos de colesterol maiores que 5 mm, e contraindica-se em gestantes devido ao risco de efeitos teratogênicos.

Pode-se utilizar a litotripsia extracorpórea para fragmentar cálculos maiores que 5 mm, utilizando ondas de choque. Embora seja eficaz, a litotripsia tem uma taxa significativa de recorrência dos cálculos.

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Resumo sobre litíase biliar

A litíase biliar é uma condição comum, mas frequentemente assintomática, tornando-se muitas vezes um desafio para diagnóstico precoce. O tratamento, embora majoritariamente cirúrgico, pode ser adaptado conforme a condição clínica do paciente e as características dos cálculos. Assim, reconhecer os fatores de risco, sintomas e complicações associadas à litíase biliar é essencial para a gestão eficaz e para evitar complicações graves, como pancreatite e colangite.

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Referências bibliográfica

  • GOMES, Luciana Maria Prado; BATISTA, Jefferson Felipe Calazans; LIMA, Sonia Oliveira. Morbidade e mortalidade por colecistite e colelitíase biliar no Brasil, macrorregiões e estados no período de 2012-2021. Revista JRG de Estudos Acadêmicos, São Paulo, v. 7, n. 14, p. e14963, 2024. Disponível em: https://revistajrg.com/index.php/jrg/article/view/963. Acesso em: 7 jun. 2025. revistajrg.com
  • PINHEIRO, José Wesley Barbosa et al. Colelitíase: uma revisão de literatura. Revista de Pesquisas Básicas e Clínicas, v. 1, n. 2, p. 26795, 2023. Disponível em: https://ime.events/jocec2023-2/pdf/26795. Acesso em: 7 jun. 2025.

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