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Introdução
A membrana timpânica (MT) é uma camada de tecido conjuntivo cartilaginoso, com pele na superfície externa e mucosa cobrindo a superfície interna que separa o conduto auditivo externo da orelha média e ossículos. Sua função é auxiliar na audição, criando vibrações sempre que for atingido por ondas sonoras e transmitindo essas vibrações para o ouvido interno.
A perfuração da membrana timpânica nada mais é do que um rompimento da membrana timpânica. Essa lesão leva a uma conexão entre o meato acústico externo e o ouvido médio, que pode ser causado por infecção, trauma ou mudanças rápidas na pressão, levando a otalgia repentina, otorréia, zumbido e vertigem. Como consequência, a membrana não cria mais os padrões vibracionais, o que pode levar à perda auditiva em alguns pacientes.
A maioria das perfurações se resolve espontaneamente sem complicações; no entanto, alguns casos podem se tornar crônicos e levar a complicações como perda auditiva, otite média crônica, colesteatoma e mastoidite. É importante saber quando a intervenção e o encaminhamento precoce são necessários, com base no tamanho, localização e sintomas associados à perfuração.
Etiologia
As perfurações de MT têm múltiplas origens, como uma complicação de infecção (otite média aguda ou otite externa secundária a Aspergillus niger), barotrauma de explosões, mergulho ou viagens aéreas, pressão negativa súbita, traumatismo craniano, trauma por ruído, inserção de objetos no orelha, ou iatrogênica de tentativa de remoção de corpo estranho ou cerúmen.
Raramente, também foi visto como secundário a quedas de raios. Também existem fatores de risco para a ruptura da MT, como cirurgias de ouvido anteriores, otite externa grave e otite média anterior ou atual.
Epidemiologia
Embora a incidência de perfuração de MT seja desconhecida em geral, visto que muitas cicatrizam espontaneamente, não é incomum ver uma membrana timpânica rompida na prática clínica.
A ruptura da membrana timpânica pode ocorrer em qualquer idade, embora seja observada principalmente na população mais jovem, associada à otite média aguda. Conforme a idade do paciente aumenta, o trauma se torna uma causa mais provável de ruptura da MT. Os homens têm maior probabilidade de sofrer perfuração da MT em comparação com as mulheres.
Fisiopatologia
A fisiopatologia por trás da ruptura da MT depende da etiologia da própria ruptura. Por exemplo, a perfuração secundária ao barotrauma está relacionada a mudanças grandes ou rápidas nos gradientes de pressão entre o ouvido médio e externo. Outro exemplo, no mergulho autônomo, a pressão no ouvido médio é diferente da pressão no conduto auditivo externo, criando um aperto de ar, essa diferença na membrana pode levar à ruptura do tímpano.
Já a perfuração por corpo estranho ou limpeza do ouvido ocorre por penetração direta no próprio tímpano, geralmente na área da pars tensa (é a área maior e mais fina da MT), portanto, é a área mais comum e facilmente rasgada, especialmente secundária a trauma contuso e com ruído.
Pode-se citar também a otite média, a qual causa necrose e isquemia da MT, levando à ruptura e ruptura.
Quadro clínico
- Início súbito de dor acompanhada de perda auditiva
- Otorréia com sangue (mais comum)
- Perda auditiva
- Vertigem ou zumbido (são passageiros a menos que haja lesão no ouvido interno associada)
- Otalgia
Avaliação
A ruptura da membrana timpânica é um diagnóstico clínico.
Na ausência de ruptura evidente da MT no exame, a otoscopia pneumática e a timpanometria podem ser usadas para avaliar a perfuração oculta. No entanto, esses dispositivos nem sempre estão disponíveis. Além disso, se houver suspeita de perfuração, a otoscopia pneumática geralmente deve ser evitada pelo risco de danos ao ouvido médio.
O embaçamento do otoscópio também pode ser usado como um indicador de perfuração, pois o ar quente umidificado se conecta da nasofaringe ao ouvido médio e se comunica com o conduto auditivo externo por meio da perfuração, levando à condensação no otoscópio.
O diagnóstico definitivo de ruptura oculta da MT exigiria otomicroscopia ou estudos de impedância da orelha média, realizados em ambulatório.
Um exame neurológico completo também é necessário para descartar causas neurológicas de zumbido, perda auditiva e vertigem.
Tratamento
No geral, a perfuração da MT tem um prognóstico favorável com um pequeno risco de complicações. Há uma taxa de 90% de fechamento em um período de 6 semanas. As principais causas de retardo ou não fechamento são o tamanho da perfuração e a infecção secundária. Assim, o tratamento é principalmente de suporte, visto que as perfurações de MT geralmente cicatrizam espontaneamente.
A orelha deve ser mantida seca tanto quanto possível, pois pode predispor a infecções se a orelha estiver molhada.
O uso de gotas óticas de ofloxacina não é um tratamento com eficácia comprovada e o tratamento com antibióticos de rotina também não foi comprovado.
Contudo, se as perfurações forem localizadas no quadrante póstero-superior, causadas por trauma penetrante ou com menos de dois meses de existência, a cirurgia seria indicada e o paciente encaminhado à otorrinolaringologia, por estarem associadas à má cicatrização de rotina.
Além disso, se houver perda auditiva, os pacientes devem ser encaminhados à otorrinolaringologia e audiologia desde o início.
Referência:
DOLHI, Nicole; WEIMER, Abram D. Tympanic Membrane Perforations. StatPearls [Internet], 2020.
Autora: Melissa Amorim Martins
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