Coronavírus

Exame rápido para coronavírus da UFBA: como funciona? | Colunistas

Exame rápido para coronavírus da UFBA: como funciona? | Colunistas

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Imagem de perfil de Lavínia Prado

No mês de fevereiro, um exame de detecção do coronavírus foi anunciado pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Esse exame rápido tornou possível a finalização em 3 horas, reduzindo em 45 horas a espera pelo resultado.

Exame rápido para detecção do Coronavírus - Sanar Medicina
Figura 1 – Imagem Ilustrativa
Fonte: Google Imagens

O exame rápido

O diagnóstico molecular configura-se como um campo emergente na área de análise clínicas laboratoriais, o qual permite a detecção de agentes infecciosos, diagnóstico de parentesco e alterações genéticas do próprio organismo (doenças genéticas).

Esse tipo de exame auxilia tanto no diagnóstico quanto no prognóstico para esses pacientes. Ele também é amplamente difundido na medicina forense, com a identificação de pessoas criminosas e falecidas, entre outros casos.

O exame rápido para coronavírus torna possível a análise de 90 amostras, que são colocadas em microtubos de 200 mililitros, postos de 15 a 15 ml, num equipamento especial.

O nome do equipamento que permite o exame rápido para coronavírus é o real-time, com a sigla RT-PCR.

O investimento da UFBA

O investimento da UFBA oi de cerca de 150 mil reais na aquisição e importação do equipamento, que veio dos Estados Unidos em dezembro de 2019 para o Laboratório de Virologia da universidade.

Como ainda não havia sido possível identificar as novas formas virais, o laboratório preparou amostras com nucleotídeos para reconhecer as regiões genéticas do vírus.

Você lembra o que é PCR?

Talvez não se lembre, mas a sigla significa reação em cadeia de polimerase, muito discutido nas aulas de biologia molecular e celular entre os universitários do campo da saúde.

Essa técnica utiliza de cópias de uma região específica de DNA; sim, estamos falando de DNA, mas como isso pode ser possível se o vírus 2019-nCoV é ribonucleico?

Ora, usando de uma amostra convertida para cDNA (DNA complementar), um DNA sintetizado a partir de um molde de RNA mensageiro (RNAm) maduro, isto é, molde formado apenas por éxons, os segmentos que sobrevivem ao processo de excisão (splicing, ou processamento). Isso pode também ser chamado de transcrição reversa.

reação em cadeia de polimerase - Sanar Medicina
Figura 2 – Criação de um DNA complementar
Fonte: https://bit.ly/2UQILFh

Tipicamente, a PCR fabrica quantidade suficiente do material de interesse, para que possa ser analisado de outra maneira.

Os ingredientes necessários (DNA molde, nucleotídeos, primers, entre outros) são reunidos em um tubo, juntamente com cofatores de enzimas de replicação, e passam por repetidos ciclos de aquecimento e resfriamento afim de que o DNA seja sintetizado.

Se o meu objetivo for separar as fitas do DNA, promovo a desnaturação, aquecendo-as, se necessito do anelamento em dupla fita, resfrio os tubos, promovendo novas ligações químicas e, a partir disso, o material começa a aumentar.

Depois disso, separa-se as moléculas de acordo com o peso molecular, podendo comparar as sequências encontras com outras sequências específicas de DNA viral, a desvantagem é que o teste é altamente sensível à contaminação e que falsos positivos acabam se tornando mais comuns.

Ainda assim, é uma ferramenta útil nos estudos de expressão gênica, pois avaliando o RNA mensageiro, podemos detectar quais nucleotídeos estão sendo efetivamente expressos. Esse equipamento faz uma reação que é capaz de identificar o material genético do vírus e isso é utilizado para definir o diagnóstico, o material suspeito é encaminhado para o Lacen-BA (Laboratório Central de Saúde Pública da Bahia) em Salvador e pode ser finalizado na Fiocruz, no Rio de Janeiro.

Como é feito o exame rápido para coronavírus na UFBA?

Exame rápido para coronavírus - UFBA - Sanar Medicina
Figura 3 – Imagem Ilustrativa
Fonte: https://bit.ly/31RyzOp

As secreções respiratórias são retiradas de um paciente suspeito e resfriadas a 4−°C, introduzindo um cotonete na faringe e retirando no mínimo 2 amostras, o material é resfriado devido ao caráter volátil do RNA, podendo se desnaturar facilmente por possuir uma ampla variação de meia-vida, sendo alguns deles de segundos a minutos, o ideal é congelar afim de preservar a amostra. O material deve permanecer em tubos plásticos estéreis, hidrofóbicos e que não foram tocados por mãos sem luvas.

Depois, o profissional extrai o material genético da secreção, amplifica-o através da técnica de PCR e adiciona sobre ele nucleotídeos que identificam a presença ou não do coronavírus. O equipamento em si permite que o teste seja finalizado em 3 horas, melhorando o tempo de reposta aos quadros clínicos suspeitos.

Testes imunológicos para o 2019-nCoV

Ainda não há testes imunológicos para o 2019-nCoV, porém a aplicação de princípios básicos de biologia molecular e celular por nossos pesquisadores mostram o quanto a educação é importante para o nosso país.

“Educação nunca foi despesa, sempre foi investimento com retorno garantido”

Sir Arthur Lewis, economista britânico.

Autora: Lavínia Prado, estudante de medicina

Instagram: @lav.artiaga


O texto é de total responsabilidade do autor e não representa a visão da sanar sobre o assunto.

Observação: esse material foi produzido durante vigência do Programa de colunistas Sanar. A iniciativa foi descontinuada em junho de 2022, mas a Sanar decidiu preservar todo o histórico e trabalho realizado por reconhecer o esforço empenhado pelos participantes e o valor do conteúdo produzido.

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