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Muitas doenças de tireoide podem se apresentar clinicamente por meio de pelo menos um nódulo na glândula1. Com base no exame físico, a prevalência de nodulações de tireoide é de cerca de 6,5%; mas, se realizada a ultrassonografia, essa prevalência pode atingir 68%1,2.
Além disso, apesar de a maioria desses nódulos ser benigna, é necessário excluir o câncer de tireoide, o qual ocorre em cerca de 5% dos casos, em que em 90% das vezes corresponde a carcinoma bem diferenciado2,3.
Este, por sua vez, se subdivide em papilífero e folicular, que representam, respectivamente, 80% e 10% dos cânceres de tireoide em regiões de ingesta regular de iodo3.
Ademais, vale ressaltar que o câncer de tireoide corresponde ao câncer endócrino mais frequente, representando cerca de 95% dos casos; mas, apesar da representatividade nos cânceres da endocrinologia, corresponde a cerca de 1% de todas as neoplasias malignas4.

Sinais de alerta
Durante a palpação da tireoide, deve-se suspeitar de um nódulo quando for percebido um “lobo” de um lado e não for percebido o “lobo” do lado oposto5. Vale ressaltar que essa situação não representará um nódulo se o paciente tiver hemiagenesia tireoideana, decorrente de hipertrofia compensatória do lobo contralateral5.
Diante disso, a maioria dos nódulos de tireoide são benignos, múltiplos, se movem livremente, têm superfície lisa e consistência borrachosa; e os nódulos malignos tendem a ser únicos, aderidos a estruturas adjacentes, de superfície irregular e de consistência endurecida, mas a maioria deles é indistinta dos nódulos benignos5,6. Entretanto, os nódulos benignos podem ser rígidos e dolorosos, apesar de alguns nódulos malignos também poderem apresentar dor à palpação5.
Também vale ressaltar que falam a favor de câncer de tireoide: adenomegalia cervical do mesmo lado ao nódulo tireoideano palpado, rouquidão resultante da paralisia da corda vocal também do mesmo lado do nódulo, crescimento rápido do nódulo, nódulo volumoso ou sintomas compressivos2,5.
Métodos de diagnóstico
Os métodos diagnósticos mais usados para o câncer de tireoide são: exames genéticos e moleculares, exames de imagem e punção aspirativa por agulha fina (PAAF)4. Dos exames de imagem, o que mais se destaca é a ultrassonografia1,2,4,7.
Diante da relevância da ultrassonografia para a investigação de nódulos de tireoide, este texto visa abordar a importância da ultrassonografia na investigação de câncer de tireoide.
Por que usar ultrassonografia no diagnóstico do câncer de tireoide?

A ultrassonografia utilizando transdutores lineares de alta frequência (variando de 7,5 a 16,0 MHz) é o método de escolha para a avaliação dos nódulos da tireoide1.
Esse exame é capaz de modificar a conduta clínica a conduta em mais de 50% dos casos de pacientes com diagnóstico clínico de doença nodular da tireoide8.
Dentre as diversas vantagens da ultrassonografia, estão: exame não invasivo, sem radiação ionizante, sensível, de baixo custo; além de ser capaz de estimar tamanho do nódulo, detectar nódulos não-palpáveis (menores que 1 cm) e poder guiar a PAAF1,2,4,6,7,9.
Ultrassonografia: como avaliar?
Na ultrassonografia, o ultrassonografista deve avaliar as seguintes características de cada nódulo:
- posição de cada nódulo,
- suas medidas (longitudinal, ântero-posterior e transversal),
- ecotextura (sólido, misto ou cístico),
- ecogenicidade (anecoico, isoecoico, hipoecoico e hiperecoico),
- características das margens e presença de halo periférico,
- presença de calcificações internas (micro ou macro calcificações) e
- presença de linfonodos cervicais1.
É de suma importância salientar que não existe achado ultrassonográfico isolado de tireoide que seja patognomônico de malignidade ou de benignidade1,6,7,10.
Todavia, é possível estimar as chances de o nódulo ser benigno ou maligno, a depender da associação dos achados ultrassonográficos1,10.
Principais achados da ultrassonografia de tireoide
Dentre os achado associados a benignidade, podem ser citados: a ecoestrutura hiperecoica, margens regulares e halo hipoecoico periférico completo e uniforme4.
Ademais, os achados sugestivos de malignidade são:
- ecoestrutura hipoecogênica (principalmente se acentuada),
- microcalcificações,
- contorno irregular,
- halo hipoecoico parcial ou ausente,
- vascularização intranodular ou central,
- diâmetro anteroposterior maior que o transverso e evidência de invasão ou acometimento de linfonodos2,4,6.
Outrossim, vale ressaltar que a presença de microcalcificações é a característica mais indicativa para suspeita de malignidade4.
Conclusão sobre o uso da ultrassonografia no diagnóstico do câncer de tireoide
Portanto, a ultrassonografia de tireoide é muito importante na investigação de nódulos da glândula, o que permite, geralmente, excluir a possibilidade de malignidade, visto que a maioria desses nódulos é benigna.
Autor: Emanoel Albuquerque
Instagram: @emanoel_albuquerque
O texto é de total responsabilidade do autor e não representa a visão da sanar sobre o assunto.
Observação: esse material foi produzido durante vigência do Programa de colunistas Sanar. A iniciativa foi descontinuada em junho de 2022, mas a Sanar decidiu preservar todo o histórico e trabalho realizado por reconhecer o esforço empenhado pelos participantes e o valor do conteúdo produzido.
Sugestão de leitura
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