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A acne da mulher adulta (AMA) é um quadro que pode acometer mulheres a partir dos 25 anos ou mais, sendo um distúrbio comum.
Muitas delas, experimentam crises de erupções acneicas pré-menstruais, o que reforça o padrão hormonal envolvido nessa condição.
Complemente seu raciocínio entendendo um pouco mais sobre a acne de maneira geral!
Fontes fisiológicas da acne da mulher adulta
Para compreender a patogênese da acne da mulher adulta é importante entender que múltiplos fatores contribuem para o desenvolvimento desse quadro.
Pensando nisso, os quatro eventos locais na pele que mais se ligam à formação das lesões acneicas são:
- Excesso de produção de sebo pelas glândulas sebáceas;
- Inflamação local;
- Queratinização anormal dos folículos polissebáceos;
- Cutibacterium: colonização acnes.
A queratinização folicular anormal e o excesso de produção de sebo contribuem para formação de comedões – lesões primárias da acne.

Assim, com a ruptura dos comedões e reações inflamatórias ao C. anes – que se alimenta do sebo – tem-se a lesão inflamatória.
Fatores hormonais para a AMA
A patogênese da acne da mulher adulta também envolve andrógenos circulantes em associação hereditariedade, estresse, exposição à ultravioleta e alimentação.
Pensando na questão hormonal, é importante lembrar que, na mulher, a maior produção de androgênios ocorre na glândula adrenal e nos ovários. É possivel, com isso, que ocorram alterações em cada órgão envolvido ou ainda na rede periférica hormonal levando a distúrbios clínicos.

A pele é um importante alvo dos hormônios androgênicos e por isso, considerando uma paciente com acne da mulher adulta, as endocrinopatias devem ser lembradas. Dessas doenças endócrinas, as mais comuns são a Síndrome do Ovário Policístico (SOP) e, em seguida, a Hiperplasia Adrenal Frustra ou Secundária, de aparecimento mais tardio.
É importante ressaltar que alguns medicamentos e substâncias estão associados ao desenvolvimento da acne. Exemplos deles são benzodiazepínicos, lítio, ciclosporina, corticosteroides e polivitamínicos do tipo B, bem como anticoncepcionais prosgetínicos. Outro fator associado é uma dieta hiperglicêmica, o que favorece o quadro clínico.
Aumento da sensibilidade da glândula sebácea
Na AMA é observada uma hipersensibilidade aos receptores encontrados nos sebócitos e queratinócitos aos hormônios androgênicos circulantes.
Essa hipótese é reforçada pelo agravo do quadro de acne no período pré-menstrual, além da perimenopausa, gravidez e uso de contraceptivos progestínicos.
Isso aconteceria devido ao aumento dos hormônios com maior atividade androgênica, quando comparado ao estradiol nesses períodos.
Aumento de conversão hormonal periférica
Considerando, ainda, o metabolismo de hormônios androgênicos, relata-se um aumento considerável e uma atividade anormal das enzimas relacionadas à esse processo.
Isso quer dizer que enzimas teriam suas atividades aumentadas, convertendo mais pré-hormônios na periferia (pele). Como exemplo delas, tem-se:
- 5-alfarredutase;
- 3-beta-hidroxiesteróide-desidrogenase;
- 17-hidroxiesteróide-desidrogenase.
Essa conversão periférica acontece em hormônios como a androstenediona, testosterona e DTH.
Deficiência na imunidade inata
A redução da resistência à bactéria P. acnes e a promoção da inflamação crônica das glândulas sebáceas pode ser desencadeada pela deficiência da imunidade.
Essa deficiência repercute diretamente na atividade anormal de receptores toll-like e defensinas.
Mas devido ao quê acontece a deficiência da imunidade inata?
Essa deficiência é determinada geneticamente. Por esse motivo, muitas vezes a acne acomete mais de um membro familiar.
Terapêutica tópica para acne da mulher adulta
Tratamento tópico
Essa opção é indicada para pacientes com acne de leve a moderada, devendo ser um tratamento simples mas prolongado.
Por isso, é bem tolerado pela paciente, se estabelecendo em 1 aplicação diária, o que favorece a adesão ao tratamento.
Apesar disso, não é capaz de agir em todas as fases de formação da acne e para isso as terapias combinadas funcionam bem. Como:
- Retinóides;
- Peróxido de benzoíla;
- Ácido azelaico.
Tratamento sistêmico
O tratamento sistêmico, por outro lado, é indicado para quadros moderados a graves de acne. Nesses casos, costuma-se observar cicatrizes extensas e, uma vez tentado o tratamento tópico, não foi suficiente.
Algumas opções de tratamento são:
- Contraceptivos: o estrógeno estimula a produção hepática da proteína carreadora de andrógenos. Isso favorece a diminuição dos níveis de testosterona e os seus efeitos na pele.
- Isotretinoína: indicado para acne grave, não responsiva à outras terapias mais tradicionais.
- Antibióticos: tetraciclinas, limeciclinas, doxiciclina e macrolídeos. O uso oral não deve ser simultâneo ao uso tópico.
- Metformina: como agente sensibilizante à insulina, ela reduz a gliconeogênese hepática, diminuindo a produção de andrógenos pelas células da teca.
Medidas alternativas de controle da acne da mulher adulta
Algumas medidas podem ser interessantes para o controle do quadro de acne da mulher adulta.
Alimentação
- Diminuir derivados do leite devido à seu fator inflamatório;
- Inserir peixe e fontes de ômega 3 na alimentação;
- Rever o consumo de carne vermelha e farinha “branca”;
- Controle da ingesta de comidas hiperaçucaradas e gordurosas.
Cuidados diários
- Não manusear as lesões;
- Higienização da pele com um sabonete adequado;
- Evitar exposição excessiva ao Sol;
- Lavar as mãos antes de tocar no rosto.

Referências
- Acne in adult women: epidemiological, diagnostic and therapeutic aspects. Scielo. Disponível em: https://bit.ly/3sOdByK.
- Acne da mulher adulta: revisão para o uso na prática clínica diária. Surgical & Cosmetic Dermatology.