Ginecologia

Climatério: o que é, fisiopatologia e alterações ovarianas

Climatério: o que é, fisiopatologia e alterações ovarianas

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Climatério: entenda as principais alterações desse período!

O climatério é uma fase natural na vida de uma mulher. Ele marca a transição do período reprodutivo para o não reprodutivo. Geralmente, começa na meia-idade, em torno dos 45 a 55 anos, embora a idade exata em que ocorre possa variar de uma mulher para outra.

Durante o climatério, ocorrem mudanças significativas nos níveis hormonais, em especial dos hormônios sexuais femininos, como o estrogênio e a progesterona.

Climatério e a menopausa: qual a relação?

Dos aproximadamente sete milhões de folículos ovarianos presentes em um feto feminino, mais de 99% sofrem atrofia durante a vida. E é a menopausa a consequência deste processo, onde ocorre uma quase cessação completa da produção ovariana de estrógeno e progesterona. Esse período é acompanhado de amenorreia, a qual geralmente ocorre em torno de 51 anos de idade.

Durante este período, muitas mulheres ovulam irregularmente, devido a um declínio do nível estrogênico, com consequente corpo lúteo insuficiente e déficit de progesterona ou resistência folicular ao estímulo ovulatório.

Gráfico demonstrativo da Secreção de estrogênio durante toda a vida sexual da mulher.
Imagem: Secreção de estrogênio durante toda a vida sexual da mulher. Fonte: Guyton et al. Tratado de fisiologia médica. 13 ed. Rio de Janeiro (2017).

O que é o climatério?

O climatério é definido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como o período de vida da mulher compreendido entre o final do período reprodutivo até a senilidade, considerado o período não reprodutivo. Apresenta duração variável, mas em geral, ocorre entre 40 a 65 anos.

Dentro deste período de climatério ocorre a menopausa, que é um marco dessa fase e corresponde ao último ciclo menstrual espontâneo da mulher. Essa fase é reconhecida após 12 meses consecutivos de amenorreia. Se dá em média aos 51 anos de idade, sendo considerada como menopausa precoce quando se estabelece antes dos 40 anos de idade, e tardia após os 55 anos.

Vale lembrar que o climatério é um PERÍODO. Menopausa é uma DATA.

Quais os sintomas do climatério?

Os sintomas do climatério podem variar, mas muitas mulheres experimentam sintomas como:

  • Ondas de calor (fogachos)
  • Alterações no ciclo menstrual
  • Mudanças no sono
  • Mudanças de humor: algumas mulheres podem experimentar variações no humor, incluindo irritabilidade e depressão
  • Secura vaginal: a diminuição dos níveis de estrogênio pode levar à secura vaginal, causando desconforto durante o sexo
  • Perda de densidade óssea: a diminuição dos níveis de estrogênio também pode aumentar o risco de osteoporose
  • Ganho de peso

É importante lembrar que o climatério é uma fase normal da vida e não uma doença. No entanto, os sintomas podem ser desconfortáveis para algumas mulheres, e há opções de tratamento disponíveis, como a terapia de reposição hormonal (TRH), que pode ajudar a aliviar os sintomas.

Qual a fisiopatologia do climatério?

A fisiopatologia do climatério está relacionada às mudanças hormonais que ocorrem no corpo da mulher à medida que ela se aproxima da menopausa e durante o período pós-menopausa.

As duas hormonas sexuais femininas mais afetadas durante essa fase são o estrogénio e a progesterona.

Alterações do eixo hipotálamo-hipófise-ovários

Durante a vida reprodutiva da mulher, o hormônio liberador de gonadotrofinas (GnRH) é liberado de forma pulsátil pelo hipotálamo. Em seguida, se liga aos seus receptores na hipófise para estimular a liberação cíclica das gonadotrofinas: LH e FSH. Essas gonadotrofinas, por sua vez, estimulam a produção de estrogênio e progesterona, e também do peptídeo hormonal inibina.

Durante o ciclo reprodutivo da mulher, o estrogênio e a progesterona exercem feedback positivo e negativo sobre a produção das gonadotrofinas hipofisárias e sobre a amplitude e a frequência da liberação de GnRH. Já a inibina exerce uma importante influência no feedback negativo sobre a secreção de FSH pela adeno-hipófise. Este sistema endócrino rigorosamente regulado produz ciclos menstruais ovulatórios regulares e previsíveis, como descrito abaixo.

Imagem: Os efeitos estimulatórios são indicado por (+) e os efeitos de feedback negativo estão indicados por (-). Os estrogênios e as progestinas exercem tanto os efeitos do feedback positivo quando do negativo, na hipófise anterior e no hipotálamo, dependendo do estágio do ciclo ovariano. A inibina tem efeito de feedback negativo na pituitária anterior. Fonte: Guyton et al. Tratado de fisiologia médica. 13 ed. Rio de Janeiro. (2017).

Durante a vida produtiva da mulher, o eixo hipotálamo-hipofisário sofre alterações no metabolismo dopaminérgico e diminuição dos receptores estrogênicos. No final da transição menopáusica, a mulher passa a apresentar redução da foliculogênese e maior incidência de ciclos anovulatórios.

Insuficiência ovariana

Além disso, neste período, os folículos ovarianos sofrem uma taxa acelerada de perda até que, finalmente, ocorre um esgotamento no suprimento de folículos, reduzindo ainda mais a secreção de inibina.

Com a insuficiência ovariana na menopausa, a liberação de estrogênio cessa, ativando o feedback negativo. Como consequência, o GnRH é liberado com frequência e amplitude máximas, sendo assim, os níveis circulantes de FSH e LH aumentam e se tornam quatro vezes maiores que no ciclo reprodutivo.

Quais as principais alterações ovarianas?

A senescência ovariana é um processo que se inicia efetivamente na vida intrauterina, no interior do ovário embrionário, em razão da atresia de oócitos programada.

A partir do nascimento, os folículos primordiais são ativados continuamente, amadurecem parcialmente e, em seguida, regridem. Essa ativação folicular prossegue em um padrão constante, independente de estimulação hipofisária.

Quais as principais finalidades do acompanhamento de uma mulher climatérica?

O atendimento à mulher climatérica deve ser voltado para a melhoria da sua qualidade de vida. Dessa forma, deve-se buscar identificar e corrigir as alterações endócrinas e metabólicas comuns a essa fase da vida, e provendo a prevenção particularmente das doenças cardiovasculares, ósseas e neoplásicas. As alterações urogenitais, psíquicas e vasomotoras, assim como as alterações de pele, são consideradas decorrentes das modificações hormonais deste período e podem ser manejadas através da terapia hormonal.

Observa-se aumento da expectativa de vida da mulher através dos séculos. Tal fato, associado ao aumento da população feminina por grupo etário, faz com que este período constitua prioridade em saúde pública. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a previsão é de aumento crescente nas próximas décadas de mulheres acima dos 50 anos, igualando-se em número às mulheres mais jovens.

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