Ciclo Clínico

Como interpretar um Eletrocardiograma? As melhores dicas! | Colunistas

Como interpretar um Eletrocardiograma? As melhores dicas! | Colunistas

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Neste artigo dos Colunistas da Sanar, receba as melhores dicas sobre como interpretar um Eletrocardiograma do Dr. Decarthon Vitor.

Decarthon é médico graduado em 2013, com residência médica em Clínica Médica em Hospital de Alta Complexidade Dr.Carlos Macieira. Realizou residência médica em Cardiologia no Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia. E subespecialização em Arritmologia Clínica no mesmo instituto.

Possui produção bibliográfica em livros técnicos e voltados para acadêmicos de medicina. Trabalha atualmente em consultório cardiológico particular. E no no setor de Emergências Cardiovasculares e Tele-Eletrocardiografia do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia.

Vamos agora a algumas dicas bem práticas de pontos que precisamos estar bem atentos sobe como interpretar um eletrocardiograma.

Como interpretar um eletrocardiograma?

1. Conheça o caso clínico 

A primeira dica parece óbvia. Mas é a mais importante. Nós não estamos olhando um exame apenas. Nós estamos analisando o registro elétrico do coração de alguém. Então a primeira dica é conhecer o caso clínico: saber idade, sexo e comorbidades do pacientes. Essas informações são fundamentais para entender aquele traçado em mãos. Um paciente muito obeso pode gerar complexos QRS de baixa amplitude, enquanto num paciente muito magro, isto pode significar um derrame pericárdico.

2. Observar as configurações do aparelho de ECG 

Não é raro eu encontrar algum colega distraído falando de sobrecargas ventriculares, ao ver ondas R e S proeminentes, num eletro que estava configurado como 2N (o traçado sai com o tamanho dobrado)…utilizamos esta ferramenta em indivíduos que possuam uma baixa amplitude no traçado de base…mas quando configuração não é corrigida de volta para o próximo paciente…isso pode levar a laudos bizarros…Checar sempre se no ECG consta tamanho N, e velocidade do traçado de 25 mm/s, antes de iniciar a análise.

3. Olhe para avR

Se tiver tudo positivo (ondas P, QRS, T): Ou o paciente realmente tem um eixo bem desviado para a direita (como uma dextrocardia…reforço aqui a primeira dica) ou quem registrou o ECG, inverteu os eletrodos dos membros superiores.

4. Mediu o intervalo QT?  Tá aumentado? 

Calma! Corrigiu o QT pela FC do paciente? O intervalo QT varia a depender da frequência cardíaca. Então realizamos um ajuste do valor medido (do início do QRS ao final da onda T), pelo intervalo R-R (a distância entre duas ondas R, representando a FC), com a fórmula de Bazett (Intervalo QT corrigido = QT medido/raiz quadrada do RR). Essa fórmula já está disponível em vários apps.

5. Viu alteração do segmento ST em alguma derivação? 

Sempre procurá-la em alguma outra derivação contígua. Não é raro eu ouvir alguém falando de Supra de ST, e quando olho o ECG era apenas uma oscilação de linha de base…bem capciosa…ok…Mas ao repetir o ECG a mesma desaparecia…Artefatos podem contaminar a análise do ECG. E geralmente alterações isquêmicas do segmento ST precisam estar presentes em mais de uma derivação contígua.

6. Na dúvida, realize um registro prolongado 

“Nossa! Vi uma onda P aqui estranha, não sei se foi um bloqueio supra-hissiano, um artefato ou se vou precisar passar um marca-passo urgente”. Se estiver um dia nesse cenário e o traçado registrado não for suficiente para você chegar a uma decisão clínica, realize um registro prolongado em derivação única. De preferência alguma que permita uma boa visualização do intervalo PR, como V1 ou DII…isto permite às vezes diferenciar o que era um fenômeno de Wenckebach, de um bloqueio atrioventricular avançado.

7. Peça ajuda! 

Tá com dúvida? Peça ajuda! Analisar ECG é uma arte, que exige conhecimentos que vão desde eletrofisiologia até a clínica médica. Várias vezes nos deparamos com exames, em que o laudo final, gerará condutas que afetarão drasticamente a vida do paciente. De forma que, se surgiu dúvidas, não há problema nenhum em pedir uma segunda opinião.  

Claro que existem dezenas de outras variáveis a serem observadas no eletrocardiograma, mas com estas dicas em mente, reduz-se o risco de pularmos etapas e realizarmos diagnósticos imprecisos! Aproveita e acompanha algumas análises de ECG no @ecgdiario! E bons estudos!

Confira o vídeo sobre análises de ECG

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