Carreira em Medicina

Saiba como evitar amputação por erros na emergência

Saiba como evitar amputação por erros na emergência

Compartilhar
Imagem de perfil de Carreira Médica

Conheça as principais causas de amputação e como elas podem ser evitadas. Acesse e fique por dentro do que você precisa saber sobre o tema!

Recentemente a noticia que mais se ouviu falar foi sobre o caso de uma gestante que deu entrada em um hospital para realizar seu parto e teve sua mão amputada. A partir desse momento, muito se questionou sobre os motivos das amputações, como eles ocorrem, quais as principais causas, etc.

Pensando em trazer mais informações sobre tema para vocês, a Sanar produziu esse texto com tudo que você precisa saber sobre amputações e como evitar erros na emergência.

Amputação   

Amputação é o termo utilizado para definir a retirada total ou parcial de um membro. Ela ocorre como uma forma de tratamento, geralmente utilizado quando outras opções foram utilizadas e não obtiveram sucesso. Este procedimento visa proporcionar uma melhoria na qualidade de vida do paciente que não pode mais continuar com aquele pedaço e/ou membro.

A cirurgia, que pode ser de caráter eletivo ou de emergência, deve ser sempre realizada pensando em preservar ao máximo a função da região amputada e criando viabilidade de reabilitação. Esta ocorre de forma multiprofissional e a depender do membro e/ou extensão amputada, levará um longo tempo.

Etiologias da amputação

O principal membro amputado, segundo a literatura, são os membros inferiores, tanto no Brasil como no mundo. Nessa parte anatômica do corpo humano, temos que as principais causas de amputação são:

  • 1ª. Doença vascular periférica e/ou diabetes;
  • 2ª. Trauma de extremidade, principalmente por acidentes automotivos;
  • 3ª Malignidade.

Em relação à amputação dos membros superiores, a principal causa são as traumáticas em decorrência de acidentes de trabalho ou de trânsito.

Apesar de essas prevalecerem, ainda existem outros motivos que podem ser listados abaixo:

  • Doenças infecciosas e parasitárias;
  • Doenças do aparelho circulatório;
  • Gangrena;
  • Doenças do sistema osteoarticular e do tecido conjuntivo;
  • Neoplasias;
  • Malformações congênitas, deformidades e anomalias cromossômicas.

Como evitar a amputação por erros na emergência?

Ao observar as etiologias acima, dar para se imaginar quem são os grupos de risco de cada uma dessas patologias. A longo prazo, é preciso ter cuidado, tratamento e atenção para essas doenças a fim de evitar uma amputação.

No caso de um atendimento de emergência, para realização de um outro tipo de cirurgia por exemplo, que não tenha relação com o problema de saúde em si do paciente, é preciso tomar alguns cuidados para evitar amputação.

O primeiro e mais importante dele é conhecer a história pregressa desse paciente, mesmo que esteva em um momento que precisa ser rápido. Deve-se questionar sobre doenças prévias, presença de feridas no corpo, algum diagnóstico, realização de cirurgias, uso de próteses, etc.

Posteriormente, é preciso tomar alguns cuidados com aqueles pacientes que já sabem que tem doença vascular periférica e/ou diabetes. Confira abaixo:

Evitar amputação manejando isquemia que ameaça membros

Pacientes que tenham história prévia de diabetes, insuficiência cardíaca, acidente vascular cerebral ou insuficiência renal é preciso ter atenção ao realizar procedimentos e internações hospitalares. Eles são mais propensos a apresentar isquemia, principalmente nos membros inferiores.

Essa isquemia geralmente se apresenta com dores no pé, dedo, tornozelo, pernas que podem ocorrer à deambulação e pode progredir para dor em repouso, palidez dos membros inferiores evoluindo para cianose e diminuição da amplitude e ritmo dos pulsos nos membros inferiores que pode ter sua evolução na ausência total da permeabilidade arterial, sensação de pés frios e diminuição do Índice de Pressão Tornozelo-Braço.

Esse isquemia pode ser um dos motivos de aparecimento de feridas em membros de risco vascular, que surgem de forma espontânea ou pode ser decorrente de procedimentos cirúrgicos. Esta ferida geralmente não cicatriza facilmente. Ela pode até começar a cicatrizar, mas a cicatrização estagna ou a ferida se separa e se rompe causando risco de amputação.

 Além disso, pacientes que apresentam problemas na circulação, possuem baixa perfusão marginal. Isso faz com que os pés deles tenham grandes risco em ambientes hospitalares. É preciso ter cuidados ao movimentar esse pé e em deixa-lo com frio, com muita pressão de contato.

Dicas de Manejo

Uma vez que este paciente esteja internado, é importante fazer algumas medidas:

  • Descarga de áreas de perda de tecido e os calcanhares de superfícies;
  • Cuidado ideal da ferida;
  • Terapia antimicrobiana (conforme indicado);
  • Exames de imagem para avaliação de risco cardíaco, otimização perioperatória e revascularização;
  • Em alguns casos, anticoagulação e remédio para dor.

Evitar amputação com profilaxia antimicrobiana em sítio cirúrgico

As infecções de sítios cirúrgicos são aquelas decorrentes de um procedimento operatório que ocorre na incisão cirúrgica ou próxima a ela dentro de 30 ou dias após o procedimento. Elas são causas comuns em ambientes hospitalares.

O objetivo da profilaxia antimicrobiana é prevenir a infecção do sítio cirúrgico. A profilaxia é indica em casos que houver alto risco de infecção, alto risco de resultados deletérios ou se tiver introdução de algum corpo estranho.

As cirurgias que geralmente utiliza-se de profilaxia são as cirurgias:

  • Cardíacas
  • Gastrointestinais
  • Geniturinária
  • Ginecológica e obstétrica
  • De Cabeça e Pescoço
  • Neurocirurgia
  • Ortopédica
  • Torácica
  • Vascular
  • Procedimentos percutâneos
  • Cirurgia de mama

É importante lembrar que algumas dessas cirurgias tem risco aumentado de, em caso de infecção, necessitar de uma amputação.

Técnicas para amputações

Para realizar uma boa cirurgia é necessário conhecer bem a anatomia. Onde estão os ligamentos, articulações, inervação e irrigação.

O nível da amputação será determinado por três coisas:

  • Extensão da doença;
  • Potencial de cura do coto;
  • Potencial de reabilitação do paciente.

Existe algumas técnicas que podem ser utilizadas. São elas:

  • Amputação encenada: realizada em 2 estágios – amputação de desbridamento na forma de uma amputação “guilhotina” aberta, amputação através da articulação ou, menos comumente, crioamputação, seguida de revisão definitiva e ferida fechamento após o controle da infecção;
  • Crioamputação: técnica de beira de leito que usa gelo seco para “congelar” a extremidade, resultando em uma amputação fisiológica.

Manual de procedimentos e Fluxo e Condutas na Emergência

Você sabia que a Sanar tem disponível dois livros que podem facilitar a sua vida na emergência? É isso mesmo: Yellowbook Fluxos e Condutas: Emergências e Yellowbook Procedimentos.

Yellowbook Fluxos e Condutas: Emergências (3ª Edição)

O Yellowbook Fluxos e Condutas: Emergências possui uma abordagem mais aprofundada e objetiva, dando mais eficácia e praticidade à atuação médica emergencial. Você encontra condutas de emergência em quase todas as especialidades da medicina. Não perca tempo e adquira já o seu.

Yellowbook Procedimentos

Já o Yellowbook Procedimentos você encontra os fluxos e as condutas para realizar os procedimentos do dia a dia com segurança e confiança. Está tudo pronto para você consultar de forma rápida e prática o procedimento a ser realizado, mesmo que o paciente já esteja te aguardando. Isso porque ele tem ilustrações de rápido entendimento e direcionamentos passo-a-passo.

Sugestão de leitura complementar

Referências

  1. ANDERSON, D. J. Antimicrobial prophylaxis for prevention of surgical site infection in adults. UpToDate, 2022.
  2. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Diretrizes de atenção à pessoa amputada / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. 1. ed. 1. reimp. – Brasília: Ministério da Saúde, 2013. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/diretrizes_atencao_pessoa_amputada.pdf
  3. KALAPATAPU, V. Lower extremity amputation. UpToDate, 2023.
  4. KALAPATAPU, V. Techniques for lower extremity amputation. UpToDate, 2022.
  5. NESCHIS, D.G.; DOSLUOGLU, H. H.; GOLDEN, M. A. Management of chronic limb-threatening ischemia. UpToDate, 2022.
  6. SOUZA, Y. P.; DOS SANTOS, A. C. O.; ALBUQUERQUE, L.C. Caracterização das pessoas amputadas de um hospital de grande porte em Recife (PE, Brasil). ARTIGO ORIGINAL • J. Vasc. Bras. 18, 2019.
  7. SPCHLER, S. et al. Amputações maiores de membros inferiores por doença arterial periférica e diabetes melito no município do Rio de Janeiro. J Vasc Br 2004;3(2):111-22