Índice
- 1 O que é medula óssea?
- 2 Quando é necessário o transplante?
- 3 Como é o transplante para o paciente?
- 4 Quais são os tipos de procedimento para realizar a doação?
- 5 Quais os riscos para o paciente?
- 6 Quais os riscos para o doador?
- 7 Informações básicas para o cadastro de medula óssea
- 8 Quem não pode se cadastrar?
- 9 Como ser um doador?
- 10 O que acontece depois do cadastro para doar medula?
- 11 Existe um banco de Medula Óssea?
- 12 Quantas vezes é possível doar medula óssea?
- 13 E em algum momento paciente e doador se conhecem?
- 14 Quantos hospitais fazem o transplante no Brasil?
- 15 Conclusão
- 16 Panorama da doação de medula óssea na pandemia
Fique por dentro de tudo que você precisa saber sobre a medula óssea e a doação de medula.
O que é medula óssea?
A medula óssea é um tecido líquido-gelatinoso que ocupa o interior dos ossos.
Na medula óssea se localizam as células-tronco hematopoéticas, responsáveis por produzir os componentes do sangue: as hemácias (glóbulos vermelhos), os leucócitos (glóbulos brancos) e as plaquetas.
O transplante de medula óssea é um tipo de tratamento preconizado para doenças que afetam as células do sangue. O procedimento consiste na substituição de uma medula óssea deficitária, por células funcionais, com o objetivo de reconstituição de uma nova medula saudável.
As células-tronco hematopoéticas também circulam no sangue periférico (caso estimuladas com medicamento fator de crescimento), podendo ser coletadas por aférese, e no sangue do cordão umbilical, quando são coletadas após o nascimento do bebê. Por isso, o termo “transplante de medula óssea” tem sido substituído por “transplante de células-tronco hematopoéticas” para estes procedimentos.
Quando é necessário o transplante?
O transplante é recomendado nas seguintes situações: anemia aplástica grave, mielodisplasias alguns tipos de leucemias (leucemia mieloide aguda, leucemia mieloide crônica, leucemia linfoide aguda), mieloma múltiplo, linfomas, doenças do metabolismo, doenças autoimunes e alguns tipos de tumores.
O transplante de medula óssea pode ser indicado para o tratamento de um conjunto de cerca de 80 doenças.
Como é o transplante para o paciente?
Existem dois tipos de transplante de medula óssea: alogênico e autólogo.
1) Transplante alogênico é aquele no qual as células precursoras da medula provêm de outro indivíduo (doador), de acordo com o nível de compatibilidade do material sanguíneo. A primeira opção é sempre pela medula de um irmão. Se o indivíduo não tem irmão ou este não é compatível, também verifica-se a compatibilidade com a mãe e o pai, sendo chamado de transplante alogênico aparentado (as células provêm de um doador da família). Se não há um doador aparentado com boa compatibilidade, procura-se um não aparentado compatível, esse método é conhecido como transplante alogênico não aparentado (as células provêm de um doador desconhecido). Este tipo de transplante também pode ser feito a partir de células precursoras de medula óssea obtidas do sangue de um cordão umbilical.
2)Transplante autólogo é aquele no qual as células precursoras da medula óssea provêm do próprio indivíduo transplantado (receptor). As células da medula ou do sangue periférico do próprio paciente são coletadas e congeladas para uso posterior. Esse método pode ser feito a partir de células precursoras de medula óssea, obtidas do sangue de cordão umbilical, que é levado para o laboratório de processamento, onde as células-tronco são separadas e preparadas para o congelamento. Estas células podem permanecer armazenadas (congeladas) por vários anos nos Bancos Públicos de Sangue de Cordão Umbilical e Placentário, e disponíveis para serem transplantadas. Esse tipo de transplante é usado basicamente para doenças que não afetam a qualidade da medula óssea, ou seja, aquelas que não têm origem diretamente na medula ou quando a doença já diminuiu a ponto de não ser mais detectada na medula (estado de remissão).
Quais são os tipos de procedimento para realizar a doação?
Existem duas formas de coleta de células e a decisão entre uma e outra é do doador, mas uma das duas formas pode ser sugerida pelo médico, dependendo da doença apresentada pelo paciente que vai receber o transplante.
Forma tradicional
A forma tradicional de coleta é realizada em centro cirúrgico. São realizadas múltiplas punções nos ossos posteriores da bacia, sendo aspirado até um volume máximo de 15 ml de medula óssea para cada quilo de peso do doador (retira-se um volume de medula do doador de, no máximo, 15%.
Esta retirada não causa qualquer comprometimento à saúde). O procedimento é realizado sob anestesia geral, dura em média 40-120 minutos e requer internação de 24 horas.
A medula óssea do doador se recompõe em aproximadamente 15 dias. Normalmente, os doadores retornam às suas atividades habituais depois da primeira semana após a doação.
Forma mais usada é a periférica
A coleta mais frequente realizada atualmente, contudo, é a periférica, na qual o doador recebe uma medicação por aproximadamente 5 dias, que estimula a proliferação das células tronco e a liberação dessas células para o sangue.
Enquanto isso, esse material é coletado através de uma máquina de aférese que colhe o sangue, separa as células-tronco e devolve os elementos que não são necessários para o receptor.
Nesse tipo de coleta não há necessidade de internação hospitalar ou afastamento das atividades normais do doador.
Essa nova medula recebida por algum desses dois métodos é rica em células chamadas progenitoras que, uma vez na corrente sanguínea, circulam e vão se alojar na medula óssea, onde se desenvolvem.
O que acontece após a coleta periférica?
Durante o período em que estas células ainda não são capazes de produzir células sanguíneas em quantidade suficiente para manter as taxas dentro da normalidade, o paciente fica mais exposto a episódios infecciosos e hemorragias.
Por isso, deve ser mantido internado no hospital, em regime de isolamento. Cuidados com a dieta, limpeza e esforços físicos são necessários. Por um período de duas a três semanas, o paciente necessitará ser mantido internado e, apesar de todos os cuidados, os episódios de febre são muito comuns.
Após a recuperação da medula, o paciente continua a receber tratamento, só que em regime ambulatorial, sendo necessário em alguns casos o comparecimento diário ao hospital.
Doação por cadáver
A doação também pode ter origem de um doador cadáver, que é um paciente que evoluiu com morte encefálica ou parada cardíaca durante a sua internação hospitalar.
A vontade de ser doador deve ser comunicada em vida à família, pois a doação ocorrerá após o óbito. E a retirada do tecido só poderá ser feita mediante autorização, por escrito, do parente mais próximo ou responsável legal.
Quais os riscos para o paciente?
Os principais riscos se relacionam às infecções e às drogas quimioterápicas utilizadas durante o tratamento.
Além disso, com a recuperação da medula, as novas células crescem com uma nova “memória” e, por serem células da defesa do organismo, podem reconhecer alguns órgãos do indivíduo como estranhos.
Esta complicação, chamada de doença enxerto contra hospedeiro, é relativamente comum, de intensidade variável e pode ser controlada com medicamentos adequados. No transplante de medula, a rejeição é rara.
Quais os riscos para o doador?
Os riscos são poucos e relacionados a um procedimento que necessita de anestesia, sendo retirada do doador a quantidade de medula óssea necessária.
Dentro de poucas semanas, a medula óssea do doador estará inteiramente recuperada.
Uma avaliação pré-operatória detalhada verifica as condições clínicas e cardiovasculares do doador visando a orientar a equipe anestésica envolvida no procedimento operatório.
Informações básicas para o cadastro de medula óssea
Ter entre 18 e 55 anos e estar em bom estado de saúde.
Ter um sangue compatível. Esta compatibilidade é determinada por um conjunto de genes localizados no cromossoma 6, que devem ser iguais entre doador e receptor.
A análise de compatibilidade é realizada por meio de testes laboratoriais específicos, a partir de amostras de sangue do doador e receptor, chamados de exames de histocompatibilidade.
Com base nas leis de genética, as chances de um indivíduo encontrar um doador ideal entre irmãos (mesmo pai e mesma mãe) é de 25%.
Se identificado algum paciente compatível, outros testes sanguíneos serão necessários.
Se a compatibilidade for confirmada, você será consultado para decidir a doação.
Quem não pode se cadastrar?
Quem teve hepatite C, algum tipo de câncer, quem é HIV (AIDS) positivo, quem é diabético e faz uso de insulina, quem tem doenças congênitas, quem faz tratamento continuamente para alguma doença.
As doenças autoimunes necessitam de uma atenção especial, o cadastro será permitido no caso de tireoide de Hashimoto e doença de Grave tratadas com sucesso e situação estável, em outros casos, não será permitida a doação.
Como ser um doador?
1) Cadastre-se no Redome – Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea.
2) Procure o hemocentro do seu estado e agende uma consulta de esclarecimento ou palestra sobre doação de medula óssea.
3) Assine um termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE) e preencha uma ficha com informações pessoais.
Será retirada uma pequena quantidade de sangue (10ml) do candidato a doador. É necessário apresentar o documento de identidade.
O que acontece depois do cadastro para doar medula?
O sangue será analisado por exame de histocompatibilidade (HLA), um teste de laboratório para identificar suas características genéticas que vão ser cruzadas com os dados de pacientes que necessitam de transplantes para determinar a compatibilidade.
Os dados pessoais e o tipo de HLA serão incluídos no Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea (REDOME).
Quando houver um paciente com possível compatibilidade, você será consultado para decidir quanto à doação. Por este motivo, é necessário manter os dados sempre atualizados.
Para seguir com o processo de doação serão necessários outros exames para confirmar a compatibilidade e uma avaliação clínica de saúde.
Somente após todas estas etapas concluídas, o doador poderá ser considerado apto e realizar a doação.
Existe um banco de Medula Óssea?
Diferente da doação de sangue, onde o material coletado fica armazenado e é distribuído conforme a necessidade dos hospitais, na doação de medula óssea, é coletada uma pequena amostra de sangue para armazenar os dados do doador.
Quando os dados entre pacientes e doadores são compatíveis, o doador é chamado para fazer a doação.
Para ser um doador é preciso cadastrar-se no Redome (Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea) e escolher o Hemocentro mais próximo para fazer a coleta da amostra.
Quantas vezes é possível doar medula óssea?
Há um intervalo necessário entre as doações?
Segundo o próprio Redome, a medula se recompõe rapidamente, assim, é possível realizar uma nova doação, sem prejuízo à saúde.
É recomendado que a segunda doação ocorra após seis meses da primeira e em seguida, o intervalo se torna de 15 dias. Se possível, utilizando um método de coleta distinto. Sendo assim, não há um limite.
E em algum momento paciente e doador se conhecem?
Não, é obrigatório resguardar a identidade tanto do doador quanto do receptor.
Quantos hospitais fazem o transplante no Brasil?
São 61 centros para transplantes de medula óssea e 17 para transplantes com doadores não aparentados:
- Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais,
- Real Hospital Português de Beneficência em Pernambuco,
- Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná,
- Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (UFRJ),
- INCA,
- Hospital das Clínicas Porto Alegre,
- Casa de Saúde Santa Marcelina, Boldrini,
- GRAAC, Escola Paulista de Medicina – Hospital São Paulo,
- Hospital de Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (USP),
- Hospital AC Camargo,
- Fundação E. J. Zerbini,
- Hospital de Clínicas da UNICAMP,
- Hospital Amaral Carvalho,
- Israelita Albert Einstein e
- Sírio Libanês.
Conclusão
Brasil Campeão de doações
Em 2016, o Brasil tornou-se o terceiro maior banco de dados do gênero no mundo, ficando atrás apenas dos registros dos Estados Unidos (5 milhões de doadores) e da Alemanha (3 milhões de doadores).
A evolução no número de doadores se deve aos investimentos e campanhas de sensibilização da população, promovidas pelo Ministério da Saúde e órgãos vinculados, como o Inca.
Essas campanhas mobilizaram hemocentros, laboratórios, ONGs, instituições públicas e privadas e a sociedade em geral.
Panorama da doação de medula óssea na pandemia
Desde a pandemia, o número de doadores tem caído drasticamente, de acordo com Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (Redome) a procura para se tornar um doador caiu em torno de 30% nos primeiros meses da pandemia.
Atualmente, 850 pessoas ainda aguardam na fila de espera para um transplante não aparentado – quando uma pessoa não tem compatibilidade com um familiar e precisa receber de outrem.
Doe medula óssea, doe vida!
O texto é de total responsabilidade do autor e não representa a visão da sanar sobre o assunto.
Observação: esse material foi produzido durante vigência do Programa de colunistas Sanar. A iniciativa foi descontinuada em junho de 2022, mas a Sanar decidiu preservar todo o histórico e trabalho realizado por reconhecer o esforço empenhado pelos participantes e o valor do conteúdo produzido.
Referências:
https://saude.to.gov.br/atencao-a-saude/hemorrede/doacao-de-medula-ssea/
Site do Instituto Nacional de Câncer
Hospital São Camilo
Registro nacional de doadores de medula óssea
https://www.h9j.com.br/pt/sobre-nos/blog/passo-a-passo-para-se-tornar-um-doador-de-medula-ossea