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A otite externa necrotizante (OEN) consiste em uma infecção com alta taxa de mortalidade, caracterizada por acometer inicialmente a pele e os tecidos moles do conduto auditivo externo. Além disso, esse acometimetno pode se estender até à base do crânio.
A OEN tem patogênese desconhecida e é frequentemente vista em diabéticos idosos e imunocomprometidos.
O que é a otite externa necrotizante?
A otite externa necrotizante (OEN) é uma infecção com alta taxa de mortalidade. Foi primeiramente descrita por Meltzer e Keleman, em 1959. É uma doença infecciosa grave, invasiva e necrosante, que se inicia no meato acústico externo (MAE) podendo progredir para região:
- Parotídea
- Mastóide
- Orelha média
- Base do crânio
O agente etiológico da enfermidade é o Pseudomonas aeruginosa. Alguns livros também descrevem o Staphylococcus epidermidis como agente causador desta patologia.
Dentre os principais fatores de risco nos pacientes idosos é a diabete mellitus. Já em pacientes pediátricos, tem-se:
- Anemia
- Más condições gerais
- Doença crônica
- Imunossupressão
Além disso, a lavagem de ouvido com água pode ser um fator predisponente, principalmente em idosos e diabéticos.
Quais os sintomas da otite externa necrotizante?
O sintoma mais comum na otite externa necrotizante é a otalgia . Além disso, o quadro clínico também pode envolver:
- Otorréia fétida e purulenta
- Cefaleia
- Edema e sensibilidade periauricular
Alguns pacientes também podem evoluir com paralisia facial periférica. Na população pediátrica, é comum que essa patologia curse com necrose da membrana timpânica (55,5%) e paralisia facial (53%). Já nos adultos, quando há paralisia facial, significa um mau prognóstico.
Quando há uma evolução do quadro neurológico causado pelo acometimento do nervo facial, nem sempre há chances de reversão.
Como diagnosticar?
A otite externa necrotizante pode ser diagnosticada através de uma boa anamnese e exame físico. Se o paciente é idoso, com quadro de diabetes, é necessário aumentar ainda mais os cuidados.
Alguns exames auxiliam e confirmam o diagnóstico dessa patologia, são eles:
- Cultura de secreção com antibiograma
- Biópsia
- Tomografia computadorizada
- Cintilografia
Na tomografia computadorizada (TC) de ossos temporais, por exemplo, é possível observar a orelha externa e média e todo o osso temporal, articulação têmporo-mandibular e cavidade intracraniana. Dessa forma, o profissional consegue visualizar a extensão da otite.
Contudo, se houver complicações intracranianas, o ideal é solicitar uma ressonância magnética (RNM). Outro fator importante é que a cintilografia com gálio define o diagnóstico de osteomielite, mas sua evolução é melhor avaliada com cintilografia com tecnécio.
Na tomografia computadorizada abaixo, é possível observar uma otomastoidite à direita:
Tratamento da otite externa necrotizante
O tratamento clínico é realizado com o uso de agentes antiinfecciosos e controle dos níveis glicêmicos do paciente. Além disso, o tratamento cirúrgico, com excisão dos tecidos necrosados e infectados, é uma conduta também adotada.
O tratamento atual da da otite externa necrotizante evoluiu, diminuindo a taxa de mortalidade. Contudo, novos medicamentos devem ser pesquisados, na tentativa de evitar lesões mutilantes no paciente.
Referência bibliográfica
- Lameiras AR, Cabral RM, Silva VC, Reis LR, Escada R. Proposta de critérios de diagnóstico e de tratamento da otite externa necrotizante. Rev Portuguesa Otorrinolaringol Cir Cervico-Facial (Lisboa). 2016;54(2):80-4. Disponível em https://www.journalsporl.com/index.php/sporl/article/ view/324/522. Acesso em 05 de Agosto de 2022.