Carreira em Medicina

Resumo de Amiodarona | Ligas

Resumo de Amiodarona | Ligas

Compartilhar
Imagem de perfil de Comunidade Sanar

A amiodarona é considerada um antiarrítmico de classe III pela classificação de Vaughan Williams. Isso significa que seu principal mecanismo de ação é pelo bloqueio de canais de potássio em células do marca-passo cardíaco.

Dessa forma, o fármaco prolonga o período refratário e o potencial de ação das células auto excitáveis, o que permite o reestabelecimento do ritmo normal do coração.

Para que serve o remédio amiodarona?

Diante disso, esse medicamento é utilizado principalmente nas emergências cardíacas, como taquiarritmias supraventriculares e ventriculares.

Esse fármaco apresenta estrutura análoga à tiroxina e contém iodo na sua formulação. Ele pode ser encontrado comercialmente como cloridrato de amiodarona e na forma de comprimidos orais ou ampolas injetáveis.

Apesar da sua importância terapêutica nas arritmias, a amiodarona pode apresentar propriedades pró-arrítmicas quando administrada com medicamentos que prolongam o intervalo QT. Dessa maneira, é importante considerar as interações medicamentosas e as contraindicações ao utilizar esse fármaco.

Apresentação da amiodarona

A amiodarona pode ser encontrada como cloridrato de amiodarona e pelos nomes comerciais: Ancoron®, Atlansil®, Miodon®. Ela está disponível no mercado na forma de comprimidos orais (200mg/comprimido) e ampolas injetáveis (150mg/3ml).

Mecanismos de ação da amiodarona

A amiodarona é classificada como um antiarrítmico de classe III. Ela atua bloqueando os canais de potássio das células auto excitáveis do coração. A diminuição do efluxo desse íon durante a fase de repolarização prolonga o período refratário efetivo e o potencial de ação, o que pode ser observado no eletrocardiograma pelo alargamento do intervalo QT. Esse efeito da amiodarona permite que as células do marca-passo cardíaco sejam capazes de reestabelecer o ritmo de normal de contração desse órgão.

Apesar de esse ser o mecanismo de ação predominante a amiodarona, esse fármaco também apresenta características de alfa bloqueadores e de antiarrítmicos de classe I (bloqueadores de canais de sódio), II (beta bloqueadores) e IV (bloqueadores de canais de cálcio).

Farmacocinética e Farmacodinâmica da amiodarona

A administração da amiodarona pode ser feita pela via oral ou pela via endovenosa. A via oral possui absorção incompleta, com biodisponibilidade de 30-70%. Em decorrência dessa característica farmacológica, pacientes que fizeram uso de comprimidos orais podem demorar alguns dias para apresentar seus efeitos.

Além disso, esse fármaco apresenta forte ligação pelos tecidos e pode ser acumulado nos adipócitos após uso prolongado. Apresenta meia vida longa e variável, podendo durar de 10 a 100 dias. Em razão dessas características, o paciente pode apresentar efeitos da amiodarona semanas após o seu uso.

A amiodarona sofre biotransformação pela CYP3A4 e pela CYP2C8, sendo a via biliar sua principal forma de eliminação.

Indicações

A amiodarona é indicada em arritmias associadas à síndrome de Wolff Parkinson White, em taquiarritmias ventriculares sintomáticas e taquiarritmias supraventriculares sintomáticas, como flutter e fibrilação atrial.

Esse é o principal antiarrítmico indicado em parada cardiorrespiratória com ritmo chocável e deve ser administrado após o 3º e o 5º choque.

Contraindicações   

A amiodarona é contraindicada em pacientes com bradicardia sinusal, bloqueio sino-atrial, doença do nó sinusal e distúrbios de condução atrioventricular. Esse medicamento não é recomendado para pacientes com disfunções da tireoide ou hipersensibilidade a qualquer composto da sua formulação. Seu uso não é indicado para gestantes e lactantes.

Além disso, a amiodarona é contraindicada em associação com fármacos que possuem interação medicamentosa.

Efeitos adversos

As reações adversas mais comuns da amiodarona são a formação de depósitos na córnea, fotossensibilidade cutânea e distúrbios gastrointestinais, como náusea e vômito.

Outros efeitos comuns são bradicardia moderada, pigmentação cinza-azulada da pele, fibrose pulmonar e distúrbios tireoidianos, como hipertireoidismo e hipotireoidismo.

Também é possível ocorrer disfunções neurológicos e hepatotoxicidade.

O aparecimento de arritmias e de torsades de pointes pode ocorrer, mas é um efeito raro e que costuma estar relacionado à associação de amiodarona com fármacos que prolongam o intervalo QT.

Interações medicamentosas

O uso de amiodarona em conjunto com medicamentos que também prolongam intervalo QT aumenta o risco de desenvolvimento de taquiarritmia ventricular, como torsades de pointes.

A amiodarona não deve ser utilizada com fármacos inibidores de CYP3A4 e de CYP2C8. Como essas enzimas são responsáveis pela biotransformação desse medicamento, a sua inibição provoca aumento na biodisponibilidade da amiodarona, o que potencializa sua ação.

Substratos da CYP1A2, CYP2C9, CYP2D6 e glicoproteína P também devem ser evitados. Isso é devido à ação inibidora da amiodarona sobre essas enzimas. Dessa maneira, a biotransformação desses substratos é dificultada e a sua biodisponibilidade no organismo aumenta.

Confira o vídeo:

Autores, revisores e orientadores:

Autor(a): Maria Beatriz Sales Lima – @beatrizsaless_

Revisor(a): Joyce de Santiago Honorato – @joycedesantiago

Orientador(a): Sandra Nívea dos Reis Saraiva Falcão

Liga: Programa de Educação em Reanimação Cardiorrespiratória (PERC) – @perc_ufc

●        Resumos: manejo da fibrilação atrial | Ligas

Posts relacionados:

Como prestar o atendimento avançado ao paciente vítima de PCR? | Ligas