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Muitos médicos e estudantes de medicina se interessam em saber um pouco mais da rotina da residência de oftalmologia, já que é uma das residências mais concorridas atualmente. Além disso, é uma especialidade que atua no diagnóstico, tratamento e prevenção de afecções relacionadas à um dos órgãos mais incríveis do corpo humano.
Em 2018, de acordo com a Demografia Médica no Brasil, foi revelado que havia 13.825 mil médicos oftalmologistas no país, o equivalente a 3,6% do total de médicos registrados. Ao mesmo tempo, neste mesmo ano, os recém-formados que optaram pela especialização formavam 5% do total de entrevistados.
Diversos serviços oferecem residência em oftalmologia no país. Dentre os que mais se destacam estão a USP, Unifesp e o Banco de Olhos de Sorocaba. Em todas as instituições, a oftalmologia é uma das especialidades mais concorridas. Na USP, por exemplo, a concorrência em 2020 foi de 18.57 candidato/vaga.
Para conhecer um pouco mais da especialidade e da rotina do residente de oftalmologia, convidamos Daniel Filipe Oliveira Rabelo, formado em 2016 pela Funorte em Minas Gerais e atualmente residente do segundo ano de oftalmologia na Universidade Federal da Bahia.
A escolha da residência
A escolha da residência é um momento fundamental na carreira do médico, e usualmente, leva em consideração diversos aspectos, tanto pessoais quanto profissionais.
Inicialmente, Daniel teve dúvida entre Oftalmologia e Radioterapia. Porém, após cursar 2 meses da última especialidade, decidiu ir em busca do que realmente se identificava. Nesse caso, a Oftalmologia destaca-se por ser uma área de acesso direto e que contempla a parte clínica e cirúrgica da Medicina. Além disso, é uma especialidade com perfil mais resolutivo, como conta Daniel.
“A Oftalmologia é uma área que sempre me despertou interesse, desde o início do curso de Medicina, sobretudo pelo perfil resolutivo da especialidade. No sexto período do curso tive meu primeiro contato acadêmico com a área. Era basicamente a parte ambulatorial. No entanto, meu interesse pela especialidade só aumentou, principalmente após conversar com os preceptores sobre as outras áreas de atuação do oftalmologista. Nesse período, decidi que seria minha escolha na residência.”, conta Daniel.
A escolha da instituição também foi uma decisão importante na trajetória de Daniel. Optou pela UFBA principalmente por ser uma instituição consolidada que oferece um programa de qualidade.
“O que pesou na minha decisão foi o fato de ser uma instituição sólida, ligada a uma universidade federal, com história bem formada dentro da especialidade. São mais de 30 anos de formação de oftalmologistas, uma instituição que se preocupa com a formação dos médicos residentes sem qualquer tipo de ganho secundário. Afinal, é um hospital 100% universitário, isento de interesses financeiros.”
Como a residência é dividida
A residência de oftalmologia tem duração de 3 anos, carga horária de 60 horas semanais e seu acesso é direto. De acordo com Daniel, na UFBA os residentes atendem em ambulatórios durante todo o período da residência e desenvolvem as habilidades e técnicas cirúrgicas desde o primeiro ano.
“Os residentes de todos os períodos trabalham juntos na parte teórica. A diferença é que os procedimentos cirúrgicos são designados a cada ano de residência”, afirma.
“O desenvolvimento de habilidades cirúrgica é gradual, em que cada ano tem um grau de progressão e dificuldade quanto aos procedimentos feitos pelos residentes. A preceptoria se empenha em possibilitar ao residente o aprendizado e desenvolvimento de habilidade para realização de cirurgia”, explica o residente.
O melhor da residência em Oftalmologia
A Oftalmologia é uma área versátil, com possibilidade de atuação clínica e cirúrgica, além da realização de procedimentos e exames específicos. Para Daniel, o melhor da especialidade é a parte cirúrgica que possibilita o cuidado da visão dos pacientes.
“Na minha opinião, a parte mais gratificante é o desenvolvimento de habilidade cirúrgica, extremamente específica e delicada, que oferece a possibilidade de cuidar, melhorar e por vezes salvar aquele que é o mais nobre dos sentidos. Para muitos, enxergar é a felicidade de se viver. Cuidar da visão das pessoas é recompensador. Receber a gratidão dos nossos pacientes é emocionante.”
O mais difícil
Como toda residência médica, a rotina é uma das partes mais difíceis, por causa dos desafios diários e da carga horária extensa. Além disso, também existem dificuldades inerentes à instituição e à especialidade, revela Daniel.
“Lidamos diariamente com rotinas burocráticas e dificuldades impostas pelo serviço público. Por vezes temos a impressão que somos impedidos de trabalhar com mais eficiência devido aos entraves burocráticos que são enraizados na nossa instituição.”
Cuidar da visão, um dos sentidos mais importantes do ser humano, também tem seus desafios: “Dentro da especialidade, a maior dificuldade para mim é lidar diretamente com a perda de um dos principais sentidos. A perda da visão é algo indesejável para todos os indivíduos e essa é uma situação que lidamos com frequência”, explica Daniel.
Apesar disso, ele segue otimista em relação a resolução dos problemas dos pacientes e se conforta em poder ajudar muitas pessoas ao impedir desfechos desfavoráveis através da Oftalmologia.
Expectativa de trabalho e emprego
A Oftalmologia oferece umas vasta área de atuação. Após fazer a residência, o médico pode realizar subespecialização para aprofundar os conhecimentos em áreas como: Plástica ocular, Cirurgia refrativa, Oftalmopediatria, Doenças orbitárias, Problemas da retina, Doenças das vias lacrimais etc.
A remuneração de um oftalmologista pode variar de acordo com a região e o tipo de trabalho, que pode ser no serviço público ou em clínicas privadas, as quais exigem um investimento inicial alto. De acordo com o site Salario.com.br, um oftalmologista no Brasil ganha em média R$ 4.754,27 para uma jornada de trabalho de 16 horas semanais.
Para Daniel, embora seja um mercado cada vez mais concorrido, não faltará espaço para quem se destacar na especialidade, através de treinamento adequado e muita dedicação.
Conclusão sobre a rotina da residência em Oftalmologia
A residência em Oftalmologia, como qualquer outra, tem pontos positivos e negativos. O grau de complexidade e a alta concorrência exigem do médico muita dedicação desde antes de ingressar na residência.
Para quem deseja seguir a carreira da Oftalmologia, Daniel diz para não desistir, apesar da aprovação difícil. “A possibilidade de poder ajudar alguém a voltar a enxergar é fascinante e gratificante. Além disso, é uma especialidade completa com amplas possibilidades de atuação e resolução de grande parte dos problemas”, conta.

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Referências:
Residência Médica: concorrência da FMUSP-SP por especialidade
Conselho Brasileiro de Oftalmologia
Demografia Médica no Brasil 2018
Oftamologia: residência, atuação, mercado de trabalho e mais