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Quer saber todas as lições que o Vale do Silício propícia aos médicos? Continue lendo esse texto e aprenda tudo com o Dr. Caio Nunes.
Acho que nós médicos ainda vivemos numa bolha. Falamos demais com pessoas semelhantes a nós e isso nos afasta de entender problemas complexos. E também nos afasta criar soluções diferentes e inovadoras para problemas do dia-a-dia que se repetem há anos.
Todos os dias reclamamos da adesão ao paciente às medicações, da carga de trabalho repetitivo, dos erros de comunicação, da dificuldade de reter conhecimento que precisamos e pouco pensamos em como fazer diferente para mudar diversas realidades que estamos inseridos.
Com base nisso resolvi trazer algumas lições que aprendi quando visitei o Vale do Silício, na Califórnia, que podem ajudar.
Lições do Vale do Silício para médicos
Ideias não valem nada
A primeira coisa que parece óbvia, mas teve muito valor para mim, é que precisamos entender que ideias isoladamente não valem muito. Enquanto o senso comum acredita que ideias valem muito, o entendimento geral no vale é que uma ideia sem usuários ou clientes, sem receita, sem modelo de negócio futuro, sem transformar um setor ou indústria, sem uma lógica aplicada ou testada no mundo real não vale muito. Existe até uma anedota que diz:
- Boa ideia vale U$ 1,00
- Excelente ideia vale U$ 5,00
- Ideia ruim bem executada, com 1.000 usuários pode sim valer milhões
Ecossistema e diversidade é tudo.
O que dá uma mega vantagem ao Vale do Silício é o fato de ter junto profissionais de alta qualidade, recursos financeiros (capital), tecnologias e conhecimentos, universidades (ex: Stanford), e empresas num raio pequeno de distância. Dispostos a testar coisas novas de forma rápida e eficiente.
Precisamos juntar pessoas diferentes para pensar em problemas complexos. Isso traz soluções fora da caixa que precisamos cada vez mais.
“É comum ter um talk sobre experiência do usuário com um head de design de uma empresa como o Instagram, numa dia qualquer em Mountain View.”
Networking é o que faz a diferença
As pessoas estão realmente interessadas em fazer conexões com outros que os ajudem a atingir seus objetivos, resultados, ouvir suas histórias e pensarem em algo novo. Lá existe uma mentalidade forte de que sempre alguém tem algo a ensinar e você tem sempre algo a aprender com o outro.
Existe um senso de que podemos precisar do outro e estamos dispostos a compartilhar experiências, contatos, aprendizados e contatos.
É muito comum conversas tipo: “Com quem você precisa falar para entender mais do assunto? Vou te ajudar, conheço alguém que vai te apresentar…”

Inovação é uma cultura
Não é um cargo, setor ou departamento. Inovação é algo que brota da cultura que as empresas/organizações que lá estão criaram e fomentam. Ou seja, a inovação vem de mentes trabalhando em conjunto no dia-a-dia do negócio, com um propósito comum, com recursos necessários e com capacidade de poder errar, mudar de rota, tentar diferente.
Se isso não existe, nem adianta criar cargos, setores de inovação. Afinal, das duas uma: ou o que vai ser criado não faz sentido ou vai demorar muito para ser adotado por causa das barreiras culturais da empresa.
Ouvi de um diretor de uma grande empresa: “Para inovar é preciso dar liberdade, autonomia, recursos, contexto do negócio. É preciso ter um time diverso, pensando diferente sobre o setor, área ou negócio.”
O mercado é implacável com o “status quo”
O mercado não espera seu movimento ou decisão. Se o negócio ou serviço faz sentido para a sociedade porque é mais ágil ou mais barato ou gera mais valor para o cliente, vai acontecer, independente da regulação ou de quaisquer forças contra.
Não adianta ficar dizendo “sempre foi assim”, pois você vai ser atropelado por alguma empresa insurgente.
Em uma conversa ouvi o seguinte: “Dois jovens chamaram um magnata da indústria da TV para investir em sua empresa de vídeos na internet e ouviu: não acredito que as pessoas larguem a TV pela internet.” Assim, ele deixou de investir no YOUTUBE.
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Ou é para mudar o mundo ou nada…
Existe uma megalomania coletiva que inspira as visões das empresas sendo criadas. Ou abrimos algo para mudar a vida das pessoas no mundo, com um propósito muito claro e uma transformação positiva da sociedade ou é melhor nem fazer.
Isso claro tem que ser filtrado para a realidade que estamos aqui, mas de certo modo nos inspira a tentar fazer algo diferente e grande.
Reflexão sobre as lições do Vale do Silício para médicos
Enquanto profissionais de saúde devemos ser mais protagonistas em mudar radicalmente um sistema que é ineficaz.
A saúde consome grande parte dos recursos da sociedade e entrega serviços que podem ser muito otimizados. É preciso que a gente pense de forma estruturada os problemas e tente mudar o “sempre foi assim”.
Nós médicos podemos ser os principais agentes dessa mudança, basta querermos.