Pneumologia

Tabagismo: definição, sobre o tabaco, nicotina e mais!

Tabagismo: definição, sobre o tabaco, nicotina e mais!

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O tabagismo é um dos mais importantes problemas de saúde pública. Apesar dos 40 anos passados desde o primeiro documento governamental sobre os prejuízos do fumo a saúde, o mesmo persiste como uma das principais causas preveníveis de morte no mundo.

O Tabaco

O tabaco é uma erva que o ser humano tem utilizado por processo inalatório há mais de 300 anos.

A planta ganhou o nome de Nicotiana após Jean Nicot, um embaixador francês em Portugal, que em 1560 exaltou em público a virtude do tabaco como agente curativo.

A espécie Nicotiana tabacum é hoje a principal fonte do tabaco fumado e a única espécie cultivada no Estados Unidos.

Sobre o Tabagismo

A Organização Mundial de Saúde (OMS) afirma que o tabagismo deve ser considerado uma pandemia, já que, atualmente, morrem, no mundo, cinco milhões de pessoas, por ano, em consequência das doenças provocadas pelo tabaco, o que corresponde a aproximadamente seis mortes a cada segundo.

Do total de mortes ocorridas, quatro milhões são no sexo masculino e um milhão no sexo feminino. No ano de 2025, ocorrerão 10 milhões de mortes decorrentes do uso do tabaco, se não houver mudança nas prevalências atuais de tabagismo.

Nos últimos anos, o Brasil aprovou diversas regulamentações que tratam desde o consumo de tabaco em espaços públicos, formas de propaganda, aumentos de impostos e regulamentação do uso de aditivos, até políticas de substituição da agricultura do tabaco por outros produtos agrícolas.

Deve-se, em grande parte, a essas ações de impacto populacional a queda da prevalência do tabagismo na população brasileira observada nas últimas décadas (31,7% da população adulta em 1989 para 14,7% em 2013). Segundo dados do Vigitel, este número permanece em queda e, em 2018, o percentual total de fumantes com 18 anos ou mais no Brasil foi de 9,3%, sendo 12,1 % entre homens e 6,9% entre mulheres.

As pesquisas realizadas no Brasil por diferentes instituições de referência no assunto na última década indicam que o uso de tabaco ocupa o segundo lugar no ranking de drogas mais experimentadas no país. A idade média de experimentação de tabaco entre os jovens brasileiros é de 16 anos de idade, tanto para meninos quanto para meninas.

Os estudos indicam que a experimentação de tabaco é maior entre estudantes da rede pública de ensino e, geralmente, as frequências de uso de tabaco nos últimos 30 dias também são maiores em instituições de ensino públicas. Quando comparados às pesquisas anteriores, os resultados indicam melhora nos indicadores de experimentação, percentual de usuários de tabaco nos últimos 30 dias, incluindo aumento da idade média da experimentação. 

O tabagismo passivo é a exposição a fumaça exalada pelos fumantes e por produtos de tabaco durante a sua queima. A exposição a fumaça ambiental do tabaco está correlacionada ao desenvolvimento de doenças e agravos de saúde, mesmo de quem não fuma. Segundo a OMS, não há níveis seguros para essa exposição, incluindo a exposição as emissões advindas dos cigarros eletrônicos (dispositivos eletrônico conhecidos como e-cig, vaper).

Apesar das diversas consequências negativas a saúde trazidas pelo tabagismo, dados recentes mostram que dentre os tabagistas que tentam parar de fumar, representando cerca de metade do total de tabagistas, apenas uma minoria recebe aconselhamento de um profissional de saúde sobre como parar e uma parte menor ainda recebe um acompanhamento adequado para este fim.

SE LIGA! A Organização Mundial de Saúde estima que cerca de 80% dos fumantes do mundo estão concentrados em países em desenvolvimento e, cerca de 50% destes morrerão precocemente devido a condições associadas ao tabagismo, abreviando, em média, 15 anos de vida. Dentre estes usuários, observa-se a alta prevalência de tabagistas entre os homens negros, de baixa renda e moradores da zona rural.

Tabagismo: os malefícios do cigarro

A folha do tabaco contém complexa mistura de componentes químicos. A fumaça do cigarro é uma mistura heterogênea de gases, vapores e partículas líquidas.

Quando inalada, a fumaça é um aerossol concentrado com milhões ou bilhões de partículas por centímetro cúbico. Para fins de estudos da composição química e propriedades biológicas, a fumaça é separada em fase particulada e fase gasosa

Fase gasosa

A fase gasosa é composta por monóxido de carbono, nicotina, amônia, cetonas, formaldeído, acetaldeído, acroleína, entre outras substâncias. Algumas produzem irritação nos olhos, nariz, garganta e levam a paralisia dos movimentos dos cílios dos brônquios.

Fase particulada

A fase particulada contém nicotina e alcatrão, sendo este último composto de mais de 40 substâncias comprovadamente cancerígenas, formado a partir da combustão dos derivados do tabaco. Entre essas substâncias estão o arsênio, níquel, benzopireno, cádmio, resíduos de agrotóxicos, substâncias radioativas, como o Polônio 210, acetona, naftalina e até fósforo P4/P6, substâncias usadas em veneno para matar rato. De forma geral, o cigarro possui mais de 7.000 substâncias na sua composição e mais de 72 componentes carcinogênicos.

Nicotina

Dentre os vários componentes do cigarro, encontramos a nicotina como o princípio ativo do tabaco e, apesar de não ser carcinogênica, ela é altamente viciante.

Essa substância é psicoativa, isto é, produz a sensação de prazer, o que pode induzir ao abuso e a dependência. A dependência a nicotina é incluída na Classificação Internacional de Doenças da Organização Mundial de Saúde – (CID).

Ao ser inalada, a nicotina produz alterações no Sistema Nervoso Central devido a liberação de inúmeros mediadores, cada um com uma atividade cerebral específica, como a dopamina, serotonina, betaendorfinas, acetilcolina, noradrenalina, vasopressina, glutamato e GABA, modificando assim o estado emocional e comportamental dos indivíduos, da mesma forma como ocorre com a cocaína, heroína e álcool.

Depois que a nicotina atinge o cérebro, libera várias substâncias (neurotransmissores) que são responsáveis por estimular a sensação de prazer explicando-se assim as boas sensações que o fumante tem ao fumar.

Com a inalação contínua da nicotina, o cérebro se adapta e passa a precisar de doses cada vez maiores para manter o mesmo nível de satisfação que tinha no início. Este efeito é chamado de tolerância a droga. Com o passar do tempo, o fumante passa a ter necessidade de consumir cada vez mais cigarros. 

Como a maioria das drogas de poder aditivo, a nicotina produz, de modo significativo, também sensações desagradáveis. Produz aversão, é um potente agente ansiogênico e ocasiona efeitos desagradáveis, como náuseas, tosse e tontura, quando em suas primeiras experiências.

Cérebro e a Nicotina

O cérebro dependente de nicotina tem sua neurobiologia modificada pelo uso contínuo da substância, funcionando de modo diferente de um cérebro não-dependente.

Foi proposto, em 1987, que as drogas de dependência funcionariam aumentando a neurotransmissão nas sinapses dopaminérgicas no sistema mesolímbico, especialmente no nucleus accumbens. Assim, a capacidade de determinar liberação de dopamina no nucleus accumbens conferiria às drogas de adição propriedades de recompensa, passo inicial do surgimento de adição.

Mais recentemente, viu-se que os fenômenos envolvidos na adição são mais complexos e envolvem outros neurotransmissores. A nicotina exerce seus efeitos no cérebro através de receptores colinérgicos (amplamente distribuídos no sistema nervoso central), já que apresenta estrutura molecular semelhante a da acetilcolina.

A administração continuada de nicotina altera a estrutura do SNC, aumentando a densidade de receptores nicotínicos entre 100 e 300%, modificando a fisiologia do SNC. Isso pode ser comprovado pela detecção de alterações no EEG, no metabolismo cerebral e pela mensuração de diferentes níveis séricos de neurohormônios. Esses efeitos, diferentes em fumantes e não fumantes, também são verificados em fumantes antes e após o ato de fumar.

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