Índice
- 1 Sinais radiológicos do tórax
- 2 RIP e o ABCDE do tórax
- 3 1. Sinal do broncograma aéreo
- 4 2. Sinal do S de Golden
- 5 3. Sinal da silhueta
- 6 4. Sinal da asa de borboleta
- 7 5. Sinal da corcova de Hampton
- 8 6. Sinal de Westermark
- 9 7. Sinal do 1-2-3 ou tríade de Garland
- 10 8. Sinal de Chilaiditi
- 11 9. Sinal da “vela” ou do barco à vela
- 12 10. Sinal da Cimitarra
- 13 Aprenda mais sobre exames de imagem na prática!
- 14 Autoria
- 15 Sugestão de leitura complementar
Tudo que um médico precisa saber sobre sinais radiológicos no tórax. Tire suas dúvidas com a Sanar!
A radiografia do tórax, comumente conhecida como raio-X do tórax, é um exame diagnóstico não invasivo que utiliza raios-X para obter imagens dos órgãos e estruturas localizadas dentro do tórax. Essa técnica é amplamente utilizada na prática médica devido à sua eficácia, rapidez e baixo custo.
O raio-X do tórax é frequentemente solicitado para avaliar as condições dos pulmões, coração, vasos sanguíneos, ossos e outras estruturas torácicas.
Sinais radiológicos do tórax
Um sinal, do latim signalis, significa indício ou manifestação, sendo basicamente um termo objetivo para descrever algo. Quando falamos em raciocínio clínico, é algo que vemos em um paciente durante um exame físico, por exemplo, como a turgência jugular em um paciente com insuficiência cardíaca congestiva.
Ter esse indício não indica, necessariamente, que a doença está presente, mas auxilia no diagnóstico. Assim como na propedêutica, o diagnóstico por imagem também funciona por meios de sinais, sendo padrões característicos reconhecíveis ou altamente sugestivos para um grupo de patologias.
RIP e o ABCDE do tórax
Para fazer uma análise dinâmica da radiografia torácica, devemos fazer o RIP e o ABCDE do tórax.
O que é o RIP?
Depois de verificar a quem pertence essa imagem, analisar os critérios de qualidade dela baseado nos padrões de rotação, inspiração e penetração.
O que é o ABCDE do tórax?
- Aéreas/Airways: verificar ar na traqueia, brônquios, pulmões e pleura.
- Breath: verificar bordas dos pulmões;
- Coração/Circulation: coração e centro, nessa fase medimos o índice cardiotorácico. Vemos basicamente coração, vasos e mediastino.
- Diafragma: observar cúpulas e seios cardiofrênicos e costofrênicos.
- Esqueleto, exterior: observar partes moles, esqueleto (costelas, vértebras, clavículas e escápulas).
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1. Sinal do broncograma aéreo
As principais características desse sinal são as opacidades alveolares, associadas a brônquios fisiológicos pérvios, com conteúdo aéreo.
Comumente, é associado com uma consolidação, isto é, uma lesão onde ocorre redução da transparência (imagem fica mais “branca”, sem haver perda de volume pulmonar), porém pode estar associada também com nódulos, massas e também pode surgir na atelectasia.
Esse sinal costuma aparecer na pneumonia, outras situações são em casos de edema pulmonar e em tumores como o adenocarcinoma pulmonar.
Na tomografia torácica, como ele aparece? Na tomografia, fica mais fácil de visualizar o broncograma aéreo, sendo bem característico pela diferença de densidade.
2. Sinal do S de Golden
Nesse sinal há uma formação de um S invertido na radiografia de tórax, uma porção côncava e uma convexa. Comumente, é associado com uma atelectasia, ou seja, uma lesão que reduz a transparência pulmonar (pulmão fica mais branco), com perda de volume. Observe que é diferente de uma consolidação; a atelectasia costuma “tracionar” estruturas, enquanto a consolidação não.
Normalmente, vemos esse padrão em tumores do lobo superior do pulmão (carcinomas broncogênicos centrais, por exemplo). O sinal demonstra uma massa peri-hilar comprimindo brônquios do lobo superior, formando a porção côncava da opacidade (aspecto de S invertido) e a porção convexa representa a atelectasia pós-obstrutiva entrando em colapso.
3. Sinal da silhueta
Indica perda da definição da borda ou margem de uma estrutura (“perda da silhueta”) que está em contato com opacidade de atenuação semelhante, ou seja, as porções do tórax são quase da mesma densidade radiológica.
Essas lesões estão associadas a consolidações ou massas. Os nódulos e massas são outros tipos de lesões que aparecem no diagnóstico por imagem, são basicamente opacidades ovaladas que se diferenciam pelo seu tamanho:
- Quando menores de 3 cm de diâmetro, são chamadas de nódulos;
- Quando maiores, de massas.
Diversos achados podem gerar apagamento da silhueta, como a:
- Pneumonia total
- Pneumonias lobares (lobo médio e língua fazem silhueta com o coração), aneurisma (arco da aorta)
- Derrame pleural (lobos inferiores)
- Neoplasias
- Entre outras situações.
4. Sinal da asa de borboleta
As características desses sinais são opacidades alveolares distribuídas ao redor dos hilos pulmonares, simetricamente.
O sinal da asa de borboleta é mais frequentemente associado a doenças pulmonares, como edema pulmonar cardiogênico e fibrose pulmonar. No edema pulmonar cardiogênico, que ocorre devido a um mau funcionamento do coração, o acúmulo de líquido nos pulmões causa um aumento da densidade e opacidade nos campos pulmonares inferiores, que pode lembrar a forma de uma asa de borboleta na radiografia do tórax.
5. Sinal da corcova de Hampton
O sinal da corcova de Hampton, também conhecido como sinal da opacidade retrocardíaca, é um achado radiológico observado na radiografia do tórax de pacientes com embolia pulmonar.
O sinal da corcova de Hampton aparece como uma opacidade triangular ou em forma de cunha no espaço retrocardíaco do tórax na radiografia. Essa opacidade é formada pela presença de um coágulo que bloqueia parcialmente o fluxo sanguíneo em uma artéria pulmonar. É chamado de “corcova” devido à sua forma de cunha e sua localização na região posterior do coração.
A identificação do sinal da corcova de Hampton na radiografia do tórax pode ser um indicativo de embolia pulmonar e pode ajudar no diagnóstico precoce dessa condição potencialmente grave.
6. Sinal de Westermark
O sinal de Westermark é um achado radiológico observado nas radiografias do tórax e é associado a condições como embolia pulmonar e infarto pulmonar.
O sinal de Westermark refere-se a uma área de hipoventilação (redução da entrada de ar) no pulmão afetado pela obstrução de uma artéria pulmonar por um coágulo de sangue. Essa área de hipoventilação é visualizada como uma região de diminuição da radiotransparência na radiografia do tórax. Geralmente, essa opacidade localizada é acompanhada por um aumento compensatório da radiotransparência nas áreas pulmonares adjacentes.
Embora o sinal de Westermark seja um achado radiológico sugestivo de embolia pulmonar, ele não é específico para essa condição. Outras condições, como infarto pulmonar e pneumonia, também podem apresentar opacidades semelhantes na radiografia do tórax. Portanto, é necessário levar em consideração a história clínica, sintomas e outros exames complementares para confirmar o diagnóstico.
7. Sinal do 1-2-3 ou tríade de Garland
As características desse sinal são alargamento mediastinal (paratraqueal direita, normalmente) e hilar bilateral (gânglios hilares) devido à linfoadenomegalia, visto na radiografia em póstero-anterior (PA).
Estão associadas a lesões reticulares finas ou em forma de consolidação por acúmulo de células nos gânglios linfáticos, nesse caso, apagando a trama vascular pulmonar (imagem esbranquiçada). Pode estar presente em lesões típicas de sarcoidose.
8. Sinal de Chilaiditi
O sinal de Chilaiditi é um achado radiológico incomum no qual há a interposição de uma alça de intestino delgado entre o fígado e o diafragma, resultando em uma imagem radiolúcida (mais clara) na radiografia do tórax. Esse sinal foi descrito pela primeira vez por Demetrius Chilaiditi, em 1910.
Normalmente, o diafragma separa o tórax dos órgãos abdominais. No entanto, em certas circunstâncias, pode ocorrer a interposição de alças intestinais entre o fígado e o diafragma, levando à formação do sinal de Chilaiditi. Isso pode ocorrer devido a condições como um posicionamento anormal do cólon, aumento de mobilidade do cólon, ausência de fixação do cólon transverso ou defeitos congênitos no diafragma.
Geralmente, o sinal de Chilaiditi é assintomático e acidentalmente detectado em radiografias do tórax realizadas por outras razões. No entanto, em alguns casos raros, pode estar associado a sintomas como dor abdominal, distensão, náuseas, vômitos e dificuldade respiratória.
9. Sinal da “vela” ou do barco à vela
O sinal da “vela” ou do “barco à vela” é um termo utilizado para descrever um achado radiológico característico observado nas radiografias do tórax. Esse sinal está associado à doença pulmonar intersticial, mais especificamente à fibrose pulmonar idiopática (FPI).
Na radiografia de tórax, o sinal da “vela” é visualizado como uma opacidade linear curva e fina, que se estende desde a região periférica dos pulmões até o hilo pulmonar. Essa aparência lembra a vela de um barco, daí o nome do sinal.
A fibrose pulmonar idiopática é uma doença crônica progressiva que causa a formação excessiva de tecido cicatricial (fibrose) nos pulmões. O sinal da “vela” é um achado comum nessa condição e é causado pela tração exercida pelo tecido fibroso sobre as margens pulmonares.
Além da fibrose pulmonar idiopática, o sinal da “vela” também pode ser observado em outras doenças pulmonares intersticiais, como pneumoconioses (doenças causadas pela inalação de poeiras e partículas), sarcoidose e outras formas de fibrose pulmonar.
10. Sinal da Cimitarra
O sinal da Cimitarra é um achado radiológico raro observado na radiografia de tórax. Ele é caracterizado pela presença de uma opacidade vascular anômala no pulmão. Essa opacidade se assemelha à lâmina curva de uma cimitarra, uma espada de origem turca.
Essa opacidade vascular anômala é geralmente causada por uma anomalia congênita dos vasos sanguíneos. É conhecida como anomalia venosa pulmonar de veia cava inferior desviada. Nessa condição, uma veia cava inferior anormalmente localizada drena sangue diretamente para a veia pulmonar, criando uma imagem radiográfica característica.
O sinal da Cimitarra pode ser associado a outras anomalias congênitas do coração e dos pulmões, como defeitos cardíacos congênitos e hipoplasia pulmonar.
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Autoria
Autoria: Lavínia Prado
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