Residência Médica

Residente da USP lista 5 mitos da Medicina de Emergência

Residente da USP lista 5 mitos da Medicina de Emergência

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5 mitos da Medicina de Emergência. Encontre esse e outros temas, além de materiais de estudo diferenciados preparados pela Sanar!

  • Medicina de Emergência? SIM.
  • Sério? Você tem certeza disso? SIM.
  • Acha que vai conseguir viver de plantão pra sempre? Você vai viver eternamente a “vida de recém formado”.

Bom, caro leitor, me chamo Clara, sou médica residente de Medicina de Emergência da Faculdade de Medicina da USP – São Paulo.

Você não sabe como doeu ter que viver este dialogo quase que diariamente durante meu ano de preparação para as provas de residência. A falta de conhecimento sobre a especialidade faz com que as pessoas estabeleçam conceitos errôneos sobre a Medicina de Emergência.

Então, vamos lá desmistificar e abrir a cabeça sobre a especialidade mais incrível da medicina (opa, conflito de interesse na área! ?).

Principais questionamentos sobre Medicina de Emergência

Emergencista é qualquer um que faz plantão em emergência?

Não! Em agosto de 2016 a Medicina de Emergência foi reconhecida pelo CFM como a mais nova especialidade médica do país.

Agora só é chamado de emergencista o profissional que se submete ao programa de residência médica ou é aprovado na prova de título de especialista (requer alguns pré-requisitos)

Emergencista é o clínico da Emergência?

O Médico Emergencista é formado com experiência técnica e científica assistencial generalista, com capacidades plenas de promover o melhor cuidado para pacientes de alta a baixa complexidade com caráter agudo.

Clinica médica nada tem a ver com Medicina de emergência. São mindsets OPOSTOS. O clinico sempre está atrás de um diagnostico para em seguida promover o tratamento.

Já para o emergencista pouco importa o diagnostico, o que importa é a estabilização do quadro, ou seja, vamos sempre tratar visando tirar o paciente do risco.

Não nos restringimos ao cuidado de segmentos como “coração”; “pulmão”; “osso”, dentre outros, no departamento de emergência.  Nossa formação é embasada no cuidado integral de seres humanos que estão cursando com quadro clínico agudo, sem diagnostico, com potencial risco de vida, independente de sexo, idade, cor, raça e comorbidades pré-existentes.

Somos profissionais extremamente capacitados para situações das mais variadas magnitudes, desde Gastroenterites e resfriados comuns até Infartos, AVCs, Catastrofes, Traumas, atendimento Pré Hospitalar, Parto, Paciente pediátrico, Medicina de áreas remotas e por ai vai.

É equivocada colocar um recém-formado no pronto-socorro?

Para entender a gravidade de se colocar um recém formado em um pronto-socorro, vamos a uma situação hipotética:

Você está de plantão e chega um paciente estrangeiro, que não fala inglês, muito menos português, e o máximo de informação que você consegue pegar na anamnese é que ele é um alpinista e estava em escalada quando começou com sintomas, os quais  você mal consegue captar pela dificuldade de comunicação.

Um provável Mal de Altitude. Ok. Você, caro recém-formado, está cara a cara com paciente no seu PS, nenhum médico sabe do que se trata aquilo. E agora? encaminharia este paciente para quem?

Pois é, situações inusitadas acontecem e requerem profissionais com a formação adequada para isso.
Não é atoa que o lema americano da especialidade, que digamos de passagem, já existe há CINQUENTA ANOS,  nada mais é do que Anyone, anything, anytime“, ou seja , qualquer um, qualquer coisa, em qualquer tempo.

Além disso, outro ponto importante a ser frisado é que parte da formação curricular deste profissional permeia pelo estudo de gestão de serviços de emergência, podendo assim coordenar, organizar e dimensionar serviços e a rede de atendimento de Urgência e Emergência.

Você vai viver de plantão?

Primeiramente o fato de viver de plantão, para quem gosta, não é nada de outro mundo. Vejamos bem, é comum no mercado financeiro jornada de trabalho permeando de 8-10 horas diárias e não vejo pessoas se desestimulando de seguir este caminho por conta disso.

Mas, para quem acha que é muito extenuante, saiba que hoje em dia, nos locais em que a especialidade é muito disseminada, como nos EUA, existem jornadas de trabalho de 06/08 horas diárias, alguns locais estabelecem carga horária semanal de 48 horas, e assim por diante.

No Brasil, ainda não é assim, pois a especialidade é nova, e cabe a nós, pioneiros começar a implementar novas práticas nos serviços que formos nos inserir.

Plantão não tem que ser sinônimo de algo de outro mundo, trabalho caótico, duro e envelhecedor. Plantão pode ser bom, organizado, com fluxos e protocolos bem estabelecidos, basta que a cultura dos departamentos de emergência comece a mudar.

E você acha que vai mudar?

Sim, eu tenho certeza. Estamos no momento do trabalho duro e da paciência

Um emergencista ganha pouco?

Sério? Você realmente acha isso? Vamos lá. Primeiramente dinheiro realmente não é tudo na vida. Mas ganhar pouco é algo que não está nas perspectivas de um Médico Emergencista.

Nos EUA a medicina de emergência é uma das especialidades MAIS bem pagas do país, assim como na Austrália, Canadá e em outros países que já tem cultura do Emergencista.

Você imagina o motivo disso?

O médico Emergencista é especialista em EMERGÊNCIA. Ou seja, toda sua jornada de estudo/trabalho é voltada neste assunto, de forma exclusiva.

Dessa forma é um profissional que tem inevitavelmente uma maior habilidade na execução de procedimentos e tomada rápida de decisões, estando apto para realizar atendimentos relacionados a diversas especialidades médicas.

Imagine só: ao invés de lidarmos com Clinicos, Pediatras, Ortopedistas, Cirurgiões no departamento de emergência, trataríamos  apenas um profissional: o Emergencista, que lidaria com os “15 primeiros minutos de todas as especialidades”, estabilizando o doente e encaminhando de forma adequada ao especialista. Desta forma,  este é capaz de focar apenas sua área de atuação, enquanto nós gerenciamos a parte inicial de todos os atendimentos.

Resultado desta ação:  Redução drástica nos encaminhamentos e assim, diminuindo internações, solicitações de exames e aumentando internações com diagnostico e tratamento definitivo já encaminhados. Ou seja, REDUÇÃO de custos e aumento da produtividade do serviço

Confira as curiosidades da Medicina de Emergência

Duração do programa de residência: 03 anos acesso direto

Locais de treinamento

  • Serviços de Emergência de Alta e Baixa complexidade;
  • Unidade de Terapia Intensiva (mínimo de dez leitos);
  • Serviço de Atendimento Móvel de Urgência / Pré-Hospitalar.
  • Anestesiologia (Procedimentos anestésicos / centro cirúrgico / recuperação anestésica).
  • Unidades de Pronto Atendimento.
  • Atendimento ao Trauma (unidade de emergência, terapia intensiva e enfermaria).
  • Unidade de Queimados.
  • Centro de Controle de Intoxicações.
  • Regulação Médica / Gestão.

Competências

  • Reconhecer as afecções agudas de pacientes atendidos e implementar os respectivos protocolos.
  • Estabelecer linhas de atendimento/cuidado em Urgência e Emergência.
  • Auxiliar no atendimento a pacientes com necessidades específicas.
  • Capacidade de autonomia e liderança.
  • Demonstrar capacidade de gerenciamento dos processos administrativos relacionados a todas as instâncias de atendimento a Urgência e Emergência (gestão de custos, alocação de recursos humanos, fluxos, etc).

Habilidades

  • Acesso Vascular periférico e central.
  • Sondagem Vesical e Naso/orogástrica.
  • Intubação traqueal – Oral e nasal.
  • Cricotireoidostomia.
  • Suporte Ventilatório Invasivo e Não Invasivo.
  • Punção liquórica.
  • Toracocentese, Pericardiocentese e Paracentese.
  • Drenagem torácica.
  • Instalação de Marcapasso Transitório.
  • Bloqueios anestésicos.
  • Suturas de ferimentos superficiais.
  • Identificação de alterações e doenças agudas maiores em exames de imagens (Ecografia, Rx, CT e/ou RNM).
  • Apresentação de tema livre ou submissão de artigo em periódico.

Quem sou?

Clara Carvalho é médica, graduada pela Universidade Salvador (UNIFACS) no período 2012.2-2018.1. Certificada em Suporte Avançado de Vida Cardiovascular pela American Heart Association (AHA), em Suporte Pré-Hospitalar de Vida no Trauma pelo Advanced Medical Life Suport (NAEMT), em Manejo de Vias Aéreas Avançadas pelo Instituto de Ensino e Simulação em Saúde (INESS) e em Transporte Aeromédico pelo Instituto de Ensino e Saúde de São Paulo (IESSP).

Capacitada em Resgate Vertical e Emergências Aquáticas pelo NEP-SAMU metropolitano de Salvador. Pertencente da comissão fundadora do CEPLA da Universidade Salvador vinculado ao Diretório Acadêmico; órgão colegiado, de natureza científica, educacional e assistencial, visando contribuir para uma melhor formação dos profissionais de saúde através de atividades que contemplem a interação entre o ensino, pesquisa e extensão, de forma transdisciplinar.

Fundadora do Grupo de Estudos e educação continuada de Emergências Médicas da Universidade Salvador. Orientadora da Liga Baiana de Atendimento Pré-Hospitalar (LIBAPH) da Universidade Salvador, desenvolvendo projetos de pesquisa, atividades de extensão e sessões científicas com acadêmicos entre o quinto e décimo segundo semestre em graduação em Medicina.

Para mais informações acesse o site da nossa residência: www.emergenciausp.com.br

Coloco-me a disposição pelo email: clara.carvalho@hc.fm.usp.br

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