Cirurgia geral

Acesso venoso central

Acesso venoso central

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O acesso venoso central é um procedimento frequente nas unidades de terapia intensiva e, embora seja muito útil, o seu caráter invasivo traz algumas complicações graves.

Por isso, a gente descreve pra você alguns conhecimentos que são decisivamente importantes para a realização dessa técnica.

Quais as indicações do acesso venoso central?

  • Monitorização hemodinâmica;
  • Manutenção de uma via de infusão de soluções ou medicações;
  • Nutrição parenteral prolongada;
  • Quimioterapia;
  • Hemodiálise;
  • Reposição rápida de fluidos ou sangue no trauma ou cirurgia;
  • Estimulação cardíaca artificial temporária;
  • Acesso venoso em pacientes com veias periféricas ruins.

Contraindicações

  • Discrasias sanguíneas graves, anticoagulação terapêutica;
  • Endarterectomia de carótida ipsilateral;
  • Tumores cervicais ou aqueles com extensão intravascular para o átrio direito.

Conheça também o nosso conteúdo sobre como fazer punção acesso venoso periférico.

Locais de inserção do acesso central

  • Veia jugular interna;
  • Veia subclávia;
  • Veia femoral;
  • Veia jugular externa;
  • Veia antecubital.

A escolha do local é baseada na:

  • Experiência e habilidade do operador;
  • Anatomia do paciente (oclusão venosa conhecida, presença de linfedema);
  • Riscos associados à colocação (coagulopatia, doença pulmonar);
  • Necessidades do paciente e duração do uso de cateter.

A escolha do local também é escolhida pensando em evitar:

  • Área contaminada ou potencialmente contaminada (por exemplo, pele queimada ou infectada, adjacente à traqueostomia ou ferida cirúrgica aberta);
  • Locais de acesso com disfunção anatômica local (como fratura anterior da clavícula);
  • Locais com múltiplas cicatrizes;
  • Presença de outro cateter ou dispositivo (como marca-passo ou desfibrilador interno).

O lado direito é preferencial pois a cúpula pleural direita é mais baixa, há um melhor posicionamento do cateter e menor risco de quilotórax.

  • Na emergência, o acesso venoso femoral tem menor probabilidade de interromper a ressuscitação cardiopulmonar. O acesso jugular interno e a abordagem supraclavicular também são opções, pois permitem entrega rápida da medicação, por exemplo, ao coração.

Tipos de acesso venoso central

  • Cateteres venosos centrais
    • Não tunelizados: são mais usados para acessos temporários, pois quando para longo prazo precisam de um mecanismo valvar para limitar o refluxo de sangue e impedir infecção, oclusão e trombose associada ao cateter.
    • Implantados: são semi-permanentes, com remoção reservada (complicação, não mais necessidade do dispositivo e conforto do paciente).
    • Revestidos e impregnados com antibióticos ou antissépticos, podem também ser conectados à heparina.

Preparação do acesso venoso central

  • Além dos equipamentos de proteção individual, o material necessário para a inserção de cateteres venosos centrais inclui bolsa e equipo de soro, anestésico local (geralmente lidocaína a 1 ou 2%), campo estéril, gaze estéril, bisturi, kit de cateter central (contendo agulha, fio guia, dilatador e cateter intravenoso), agulha e fio para fixação do cateter à pele e curativo transparente estéril.
  • Uma solução antisséptica da pele com álcool de clorexidina deve ser aplicada no local de acesso e deixada secar antes de cobrir o paciente. Todos os procedimentos de acesso venoso central, incluindo procedimentos de emergência, devem ser realizados em um local que permita o uso de técnica asséptica com precauções de barreira total.

 Técnica geral de acesso venoso

  • As especificações de cada técnica dependem da região anatômica escolhida, mas de modo geral, utiliza-se a técnica de Seldinger para a obtenção do acesso venoso central.
  • Técnica de Seldinger:
    • Identificar o local de punção e introduzir a agulha, aplicando leve sucção.
    • Ao atingir a veia, desconecta-se a seringa, ocluindo a extremidade proximal da agulha com o dedo e introduz-se o fio guia por dentro da agulha.
    • Remove-se, então, a agulha, mantendo o fio guia inserido.
    • Realizar uma incisão de 1 a 2mm no local da punção na pele e introduzir o dilatador sobre o fio guia.
    • Após a dilatação, remove-se o dilatador e introduz-se o cateter sobre o guia na veia.
    • Remove-se o fio guia e após constatar o retorno de sangue, conecta-se o cateter ao equipo com soro fisiológico 0,9%.
    • Fixar o cateter com ponto simples na pele.
  • Solicitar a radiografia de tórax para confirmação por imagem da posição do cateter.
  • Recentemente, a ultrassonografia tem sido utilizada para guiar a inserção do cateter e diminuir risco de complicações.

Especificações de cada técnica

Acesso anterior/médio da veia jugular interna:

  • Referencial anatômico: ápice do triangulo de Sedillot (que é formado pela cabeça esternal e clavicular do músculo esternocleidomastóideo).
  • Posicionamento do paciente: posição de Trendelenburg com a cabeça rotacionada contralateral ao acesso.
  • Introdução da agulha de 18G: direcione a ponta da agulha para o mamilo ipsilateral com angulação de 30 a 40º da pele.
  • Menor taxa de complicação em relação à subclávia, mas pode trazer algum desconforto ao paciente, pela localização cervical.
Triângulo de Sedillot. A seta aponta o local de referência para a punção da veia jugular interna.

Acesso posterior da veia jugular interna:

  • Referencial anatômico: região posterior do músculo esternocleidomastoideo, entre a porção média e inferior, a cerca de 5 cm acima da clavícula, normalmente marcada pela presença da veia jugular externa.
  • Introdução da agulha 18G: anteromedialmente, em direção à fúrcula esternal.

Acesso da veia subclávia por via infraclavicular:

  • Referencial anatômico: junção do terço proximal com o médio da clavícula.
  • Posicionamento do paciente: cabeça em rotação contralateral ao procedimento e com coxim entre os ombros, facilitando a abertura das clavículas. Posição de Trendelenburg.
  • Introdução da agulha: direção à fúrcula esternal com angulação de 30º com o tórax, reduzindo para 15º após passagem para região posterior à clavícula.
  • Maiores possibilidades de complicações pulmonares, como hemotórax e pneumotórax, em relação à punção na veia jugular interna. Porém, apresenta menor taxa de infecção.

Acesso da veia subclávia por via supraclavicular:

  • Inserir agulha atrás da clavícula, lateralmente à cabeça clavicular do músculo esternocleidomastoideo. A agulha deve estar voltada para o mamilo contralateral.

Acesso da veia femoral:

  • Referencial anatômico: no trígono femoral, que é limitado superiormente pelo ligamento inguinal (entre espinha ilíaca anterossuperior e sínfise púbica).
  • Acesso rápido, com alta taxa de sucesso, mas com maior risco de infecção e de trombose iliofemoral.

Complicações

As complicações incluem infecções, trombose, estenose relacionadas ao cateter. Além de pneumotórax ou hemotórax, lesão nervosa ou arterial, fístula arteriovenosa, quilotórax, infecção, embolia gasosa, posicionamento inadequado, arritmia e sangramento.

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