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Resumo de acesso venoso periférico: definição, indicações, contraindicações, técnica e complicações

Resumo de acesso venoso periférico: definição, indicações, contraindicações, técnica e complicações

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Veja o resumo completo que preparamos sobre acesso venoso periférico, um dos procedimentos mais comuns e rotineiros da prática clínica!

O acesso venoso periférico (AVP) se dá pela introdução de um cateter de tamanho curto na circulação venosa periférica, como o nome sugere.

Essa inserção permite uma via capaz de prover a infusão de grandes volumes ao paciente diretamente na corrente sanguínea. Além a infusão de drogas de efeitos diversos com a obtenção de rápida resposta.

O AVP pode ser utilizado em infusões contínuas, infusões intermitentes e para administração de medicamentos em bolus. 

Como escolher o tipo adequado de acesso?

A escolha do tipo adequado do acesso deve levar em consideração o:

  • Estado clínico do paciente
  • Características do seu sistema vascular
  • Drogas a serem infundidas
  • Tempo de terapia proposta.

Apesar de a punção venosa periférica seja comumente realizada em muitos serviços por profissionais da enfermagem ou por técnicos, todo médico deve ser capaz de realizar essa punção.

Existe uma série de informações que você precisa saber antes de iniciar um acesso venoso periférico. Reunimos aqui um compilado de informações indispensáveis para você.  

Indicações do acesso venoso periférico

Na maioria das vezes, o acesso venoso periférico é obtido para fornecer terapias que não podem ser administradas ou são menos eficazes se administradas por vias alternativas. 

Como exemplos, podemos citar a hidratação intravenosa. Além do suporte nutricional que, podem ser dados a um paciente com vômitos intensos ou dor abdominal devido a uma condição cirúrgica. 

Certos medicamentos são mais eficazes quando administrados por via intravenosa devido ao início rápido ou aumento da biodisponibilidade. 

Algumas situações clínicas, como parada cardíaca, requerem tratamento com medicações intravenosas. Assim como o uso de hemoderivados também utilizam essa via de administração como preferencial. 

Esses cateteres podem permanecer por mais tempo quando os medicamentos são administrados de forma intermitente (por exemplo, analgesia no contexto hospitalar) ou no caso de uma emergência potencial.

A decisão de obter acesso venoso periférico em vez de central depende das circunstâncias clínicas. 

Em geral, cateteres periféricos são preferidos quando o acesso IV é necessário por períodos mais curtos. Quando o acesso direto à circulação central é desnecessário e quando cateteres de calibre menor são suficientes. 

O acesso periférico é geralmente mais seguro, fácil de obter e menos doloroso do que o central. Além de requer menos materiais para sua inserção. 

Em pacientes em uso de anticoagulantes, o acesso periférico permite a compressão direta dos locais de punção e menos complicações relacionadas ao hematoma em comparação com os locais usados ​​para cateteres venosos centrais.

Contraindicações do Acesso Venoso Periférico

Existem poucas contraindicações para a colocação de cateteres venosos periféricos, embora seja necessário estar atento em todo tempo quando inserido um acesso em um paciente. 

A maioria diz respeito a problemas que representam contraindicação relativa envolvem a canulação em um local específico. 

A única contraindicação absoluta é quando a terapia apropriada pode ser fornecida por uma via menos invasiva (por exemplo, oral).

De acordo com dados observacionais, os fatores associados à dificuldade de colocar um acesso venoso periférico em um adulto incluem obesidade, baixo peso e inexperiência do médico. 

Se a dificuldade for prevista ou aparente quando for necessário obter o acesso, as abordagens alternativas incluem:

  • Inserção de cateteres intraósseos e, possivelmente, cateteres venosos centrais
  • Inserção de cateter periférico sob orientação de recursos auxiliares.

Tanto acessos periféricos como centrais podem utilizar da ultrassonografia como método guia para inserção do cateter, mas isso depende das circunstâncias clínicas e da disponibilidade dos equipamentos necessários.

As contraindicações para o uso de uma extremidade específica em detrimento de outra incluem:

  • Presença de uma fístula arteriovenosa (o cateter pode alterar o fluxo sanguíneo venoso ou danificar a fístula);
  • História de mastectomia ou dissecção de linfonodo (o cateter pode exacerbar a drenagem linfática prejudicada);
  • Entre outros.

Técnica de colocação do Acesso Venoso Periférico

Muitos locais podem ser usados ​​para acesso intravenoso (IV) periférico e variam em sua facilidade de canulação e riscos potenciais. 

A seleção do local varia de acordo com as circunstâncias clínicas, a duração prevista do tratamento e a condição das extremidades.

Em geral, os locais das extremidades distais devem ser usados ​​primeiro, salvando mais locais proximais para canulação subsequente, se necessário. 

A colocação de um tubo intravenoso em uma veia distal a um local previamente perfurado pode levar ao extravasamento de fluidos e à formação de hematoma. 

As veias das extremidades superiores são preferidas devido ao risco aumentado de trombose e tromboflebite com canulação venosa das extremidades inferiores.

Entenda o passo a passo:

Antes de tudo, assim como em qualquer procedimento, o profissional deve explicar o procedimento ao paciente e higienizar as mãos. 

Posteriormente, deve inspecionar e palpar a rede venosa dando preferência as veias mais proeminentes, firmes e menos tortuosas, priorizando a porção distal em sentido ascendente.

Usando luvas de procedimento, o profissional deve garrotear o membro que será puncionado (no adulto: aproximadamente de 5 a 10 cm acima do local da punção venosa), para propiciar a visualização da veia.

Deve-se solicitar ao paciente que mantenha o braço imóvel, fazer a antissepsia da pele, no local da punção, utilizando algodão com álcool a 70% ou clorexidina alcoólica 0,5%.

Tracione a pele para baixo, com o polegar abaixo do local a ser puncionado e introduzir o cateter venoso na pele, com o bisel voltado para cima, num ângulo aproximado de 30º a 45°.

Ao visualizar o refluxo sanguíneo, deve-se estabilizar o cateter com uma mão e soltar o garroteamento com a outra mão. 

Acople o polifix preenchido com solução fisiológica à 0,9% conjugado à seringa ao cateter ou o equipo conectado ao frasco de soro identificado (retirar o ar do equipo antes de conectá-lo ao dispositivo).

Finalizada a punção, deve-se observar se há sinais de infiltração no local da punção, além de queixas de dor ou desconforto do paciente (se houver, retirar o cateter imediatamente) e fixar o dispositivo.

Complicações do acesso venoso periférico

Quando realizado de maneira adequada, o acesso venoso periférico é um procedimento seguro com poucos riscos graves. No entanto, uma série de complicações potenciais foram descritas na literatura. 

Entre as mais comuns estão a flebite, extravasamento de fluidos intravenoso, e formação de hematomas. 

A flebite é uma inflamação aguda do vaso e ocorre em até 15 por cento das pessoas com cateteres venosos periféricos. Sua origem pode ser mecânica, química ou bacteriana, mas comumente está associada a inserção de cateter.

Trobo venoso formado em decorrência de flebite - Sanar
Trombo venoso formado em decorrência de flebite

O risco de flebite pode ser reduzido evitando-se a colocação do acesso em membros inferiores, minimizando o movimento do cateter, colocando o menor tamanho de cateter adequado e removendo o cateter o mais rápido possível. 

Cateteres colocados em circunstâncias de emergência são mais propensos a complicações. 

Para cateteres que podem precisar ser colocados por períodos mais longos, pode-se imobilizar a articulação próxima e, assim, prevenir ou minimizar o movimento do cateter para reduzir o risco de tromboflebite. 

Cateteres venosos periféricos são considerados causas raras de infecções da corrente sanguínea.

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Evitar a ocorrência de complicações e garantir a via de acesso para a inserção dos medicamentos intravenosos por meio do acesso venoso periférico é rotina em qualquer serviço.

Todo médico deve estar apto a realizar adequadamente esse procedimento e identificar prontamente qualquer tipo de complicação vinculada a punção, visando o bem-estar do paciente e eficiência do acesso.

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Referências bibliográficas

  • Robert L Frank, MD, FACEP. Peripheral venous access in adults. UpToDate. Acesso em: 09 maio. 2021. https://www.uptodate.com/contents/peripheral-venous-access-in-adults
  • SPELMAN, D. Catheter-related septic thrombophlebitis. UpToDate, 2022.
  • URBANETTO, J.S. et al. Fatores de risco para o desenvolvimento da flebite: revisão integrativa da literatura. Rev Gaúcha Enferm. 2017;38(4):e57489. doi: http://dx.doi.org/10.1590/1983-1447.2017.04.57489.