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Câncer de Tireoide: definição, epidemiologia e mais!

Câncer de Tireoide: definição, epidemiologia e mais!

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Confira um artigo completo que falamos sobre o Câncer de Tireoide para esclarecer todas as suas dúvidas. Ao final, confira alguns materiais educativos para complementar ainda mais os seus estudos.

Boa leitura!

Câncer de Tireoide: Introdução e Epidemiologia

A glândula tireoide, localizada na porção central e inferior do pescoço, dá origem a uma variedade de tumores, benignos ou malignos. O Câncer de Tireoide é a neoplasia maligna endócrina mais comum. Estima-se que ele represente menos de 1-3% de todos os canceres, acometendo cerca de 40 pessoas para cada um milhão de indivíduos por ano. Entretanto, observa-se um aumento em sua incidência nas últimas décadas, sobretudo devido a melhora nos exames ultrassonográficos, permitindo o diagnóstico de pequenos carcinomas.

No entanto, mesmo com o incremento no número de casos, a mortalidade por esse tipo de neoplasia permanece estável, variando de 4 a 9 mortes por milhão de habitantes ou de 0,4% a 0,9% de todas as mortes por câncer. Basicamente, podemos dividir o câncer da tireoide em bem diferenciados, não diferenciados ou anaplásicos e outros cânceres que podem surgir nesta glândula que compõe uma miscelânea.

Em torno de 90% dos casos de câncer tireoidiano são bem diferenciados e originados de células foliculares. Enquanto isso, o carcinoma medular da tiroide (CMT) representa 6% dos casos e o carcinoma anaplásico, tumor mais agressivo, responde por menos de 1% dos cânceres de tiroide. Os carcinomas diferenciados possuem bons prognósticos, com apenas 10% de recidiva tumoral em décadas de seguimento.

Já os carcinomas anaplásicos, têm prognóstico ruim, podendo invadir estruturas nobres do pescoço em pouco tempo após o diagnóstico. Vale lembrar que na glândula tireoide podem surgir, mais raramente, outros tumores, como sarcomas, linfomas, carcinoma epidermoide e teratomas; além de ser local de metástases de outros tumores malignos, como aqueles originados nos pulmões, mamas e rins. Os nódulos tireoidianos são a principal forma de manifestação clínica do câncer de tireoide.

Com isso, a típica apresentação deste câncer ocorre em pacientes do sexo feminino de 30 a 50 anos com um nódulo cervical palpável, sendo que a frequência em mulheres é duas vezes maior que nos homens.

SE LIGA! O grande problema diagnóstico é que os nódulos tireoidianos são extremamente comuns, ocorrendo em cerca de 5 a 10% dos adultos, chegando até 50% quando se utiliza a ultrassonografia. Porém, apenas 5% destes nódulos são malignos. Quando o diagnóstico é feito, os nódulos tireoidianos são habitualmente de 1 a 4 centímetros e apresentam metástases linfonodais em 1/3 dos casos, mas em raras vezes metástases à distância são encontradas.

Câncer de Tireoide: Anatomia e Fisiologia da glândula tireoide

A glândula tireoide está localizada na região anterior do pescoço, abaixo da proeminência da cartilagem cricoide, conhecida como “Pomo de Adão”. Ela tem dois lobos unidos pelo istmo. Eventualmente, pode estar presente um terceiro lobo, o piramidal.Ilustração Glândula tireoide, vista anterior.

Imagem: Glândula tireoide, vista anterior. Fonte: Netter, 3°ed, 2003.

Esta glândula tem como unidade funcional o folículo tireoidiano, responsável pela produção dos hormônios tireoidianos. A regulação da produção destes hormônios se dá através do eixo hipotálamo-hipófise-tireoide, através da liberação do hormônio de liberação da tireotrofina (TRH) pelo hipotálamo, e do hormônio estimulador da tireoide (TSH) pela hipófise anterior.

Este eixo também sofre autorregulação pelos próprios hormônios T3 e T4. O TSH se liga ao seu receptor, provocando a ativação das proteínas G, liberação de AMP cíclico (cAMP) e a síntese e liberação os hormônios tireoidianos mediadas pelo cAMP. Na periferia, T3 e T4 interagem com o receptor do hormônio tireoidiano (TR) e formam um complexo que se transloca para o núcleo e se liga aos elementos de resposta tireoidianos (TREs) localizados em genes-alvo, iniciando, assim, a transcrição.

Ilustração Fisiologia da produção dos hormônios tireoidianos.

Imagem: Fisiologia da produção dos hormônios tireoidianos. Fonte: Patologia Básica Robbins, 9° ed, 2013.

Principais tipos de câncer de tireoide

Como descrito no quadro abaixo, vários tipos de tumores malignos podem se localizar na tireoide, desde tumores primários, até metástases de outros órgãos. Veremos abaixo os principais tipos de neoplasias primárias da tireoide.

TUMORES BEM DIFERENCIADOS  
Carcinoma Papilífero Corresponde a cerca de 75 a 80% dos casos
Carcinoma Folicular Corresponde a cerca de 10 a 15% dos casos
TUMORES POUCO DIFERENCIADOS  
Carcinoma Medular Corresponde a cerca de 3,5% dos casos
Carcinoma anaplásico Corresponde a menos de 1,5% dos casos
MISCELÂNEA  
Sarcoma, linfoma, metástases, teratoma, outros Em conjunto, correspondem a menos de 1% dos casos

Carcinoma papilífero

O carcinoma papilífero é o principal tipo de tumor maligno da tireoide, representando cerca de 75 a 80% dos casos. Ele se apresenta, na maioria das vezes em pessoas do sexo feminino de idade entre 20 a 40 anos. Geralmente, é uma lesão sólida, de contornos irregulares, não encapsulada e com infiltração do parênquima glandular adjacente. Pode apresentar alteração cística e calcificações distróficas.

De todos as neoplasias tireoidianas, o carcinoma papilífero é o que mais tem associação com a exposição a radiação, sobretudo na infância. Em termos histopatológicos, podem conter os chamados corpos psamomatosos que são calcificações laminadas concêntricas que podem ser encontradas em associação com células tumorais, dentro dos vasos linfáticos ou dentro do estroma tumoral.

Essa neoplasia, quando avançada, tem preferência por disseminação linfática, sendo comum a presença de linfonodos acometidos já no diagnóstico. Apesar disso, dentre todos os tumores, este apresenta um ótimo prognóstico, sendo infrequente a mortalidade associada.

Imagem corada com hematoxilina e eosina, mostrando projeções papilíferas, compatíveis com Carcinoma Papilífero.

Imagem: Imagem corada com hematoxilina e eosina, mostrando projeções papilíferas, compatíveis com Carcinoma Papilífero. Fonte: Sabiston 18°ed.

Carcinoma folicular

Esse é o segundo tipo mais frequente de tumor maligno de tireoide, representando cerca de 10 a 15% dos casos. Geralmente, acomete pessoas do sexo feminino e com mais de 50 anos. Em termos morfológicos, ele se apresenta como um tumor sólido, arredondado ou ovoide e encapsulado. Tem muita associação com áreas com deficiência de iodo, sendo a reposição de iodo um fator protetor.

Caracteriza-se por frequentemente se apresentar com invasão da capsula tireoidiana pelo tumor. Além disso, também é comum a invasão vascular, sendo, por isso, sua via de disseminação mais comum a hematogênica, com metástases preferencialmente para os pulmões e ossos. As metástases ganglionares são pouco frequentes.

O carcinoma folicular tem bom prognóstico, porém, existe um subtipo deste tumor, chamado de Tumor de Células de Hurthle, formado por células oxínticas, que acomete pessoas mais idosas, entre 60 a 75 anos, que possui um pior prognóstico. Neste último caso, ocorre rápida invasão de estruturas vizinhas e pouco tempo de sobrevida após o diagnóstico.

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