Ginecologia

Candidíase vulvovaginal: causas, sintomas, diagnóstico e tratamento

Candidíase vulvovaginal: causas, sintomas, diagnóstico e tratamento

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Estudos indicam que cerca de 75% das mulheres irão ter pelo menos um episódio de candidíase na vida.

A candidíase vulvovaginal (CVV) é um problema recorrente nos consultórios de ginecologia. A doença consiste em uma infecção da vulva e da vagina, causada pelas várias espécies de Candida. Fungos comensais das mucosas vaginal e digestiva, que podem tornar-se patogênicos, sob determinadas condições que alteram o ambiente vaginal. 

Estudos indicam que  cerca de 75% das mulheres irão ter pelo menos um episódio de candidíase na vida. Além disso, a candidíase vulvovaginal atinge milhões de mulheres por ano. Ela causa um grande desconforto, interfere nas relações sexuais e afetivas e prejudica o desempenho laboral.

Na série “Cuidando Delas”, a Dr. Karoline Landgraf falou sobre a candidíase e a como tratar da mesmo forma a doença. 

O que causa a candidíase vulvovaginal? 

A microbiota vaginal, mas conhecida como flora vaginal, é formada por centenas de bactérias e um número de fungos (Candida). 

A maior parte desses fungos, cerca de 85% deles, são da espécie  C. albicans. Também tem as  C. glabrata e C. tropicalis (essas últimas são as responsáveis pela maior parte das infecções complicadas). 

O fato é que algumas situações podem desequilibrar a microbiota da vagina. E fazer com que aconteça um desequilíbrio na proliferação dos fungos e bactérias. Isso contribui para o desenvolvimento de uma infecção. 

Na literatura não há consenso sobre os fatores de risco potenciais para a CVV. Especula-se que o uso de contraceptivos orais de altas doses, terapia de reposição hormonal, diabetes mellitus não controlado, uso de antibióticos, uso de roupas íntimas justas e/ou sintéticas e hábitos higiênicos inadequados podem ser fatores predisponentes para a contaminação vaginal. 

Porém, estudos também relatam que o uso de progestogênios orais e, sobretudo, injetáveis confere às mulheres certa proteção contra episódios de candidíase vulvovaginal. Tendo em vista os níveis de estradiol serem mantidos baixos, como no período de lactação. E também a incidência de candidíase não parece estar significativamente associada ao uso de dispositivo intra-uterino ou condon

Sintomas e diagnóstico 

A maioria dos casos de CVV são assintomáticos. O quadro clínico mais comum acontece da seguinte forma: 

  • Prurido intenso, hiperemia e edema vulvar, dispareunia, disúria, fissuras vulvares;
  • Corrimento pastoso ou grumoso aderido às paredes vaginais, de coloração branca, amarela ou esverdeada;
  • Odor desagradável. 

Além disso, pode-se ter também exame físico identificando vulvite com fissuras, irritação, escoriações. E exame especular evidenciando o corrimento brando, grumoso, aderido às paredes vaginais e do colo (aspecto de leite coalhado)

Saber mais sobre o diagnóstico de CVV 

Tratamento da candidíase vulvovaginal

Segundo a Dra. Karol, após o diagnóstico, precisa-se tratar a doença com antifúngico tópico, antifúngico via oral. Tem várias opções disponíveis no mercado, mas esse não é o problema. O problema  é que precisamos junto a esse tratamento de antifúngico recuperar a vagina dessa paciente. Então, nós precisamos melhorar esse pH. 

A gente sabe que a vagina tem o pH ácido, mas o fungo ama o pH muito ácido. Então, se a paciente estiver muito ácida, mais do que a acidez habitual da vagina, o fungo vai proliferar muito facilmente. Então,  nós precisamos melhorar esse pH da vagina, precisamos melhorar a imunidade desta paciente. 

A médica reforça que a paciente vai precisar ter uma alimentação muito equilibrada. Sem excesso de açúcares e sem excesso de carboidrato. Ela vai precisar fazer uma atividade física, ter um ambiente satisfatório sem muitos eventos e/ou fatores estressantes. Precisa-se orientar a paciente. 

É necessário melhorar a defesa vaginal da paciente, precisamos dos lactobacilos funcionando muito bem.  Então, nesse ponto os probióticos entram com muita força. Algumas cepas bem selecionadas de alguns probióticos eles vão sim fazer a diferença na vida dessa paciente. Já há comprovação científica disso. 

Como melhor orientar as pacientes sobre saúde íntima?

A Dra. Karoline ainda ressaltou que é por esses motivos que não podemos apenas olhar para a mulher e dizer “toma esse antifúngico aqui, passa sete dias e vai para sua casa”.

A gente tem que olhar a vagina como um ambiente sobrenatural, onde muitas coisas acontecem. E é preciso cuidar para equilibrar o pH.

É preciso dar orientações a essa mulher de mudanças de hábito e de substituições que podem ser feitas para evitar desequilíbrios. Exemplos clássicos de orientação:

  • Pedir para que ela evite passar horas com o biquíni molhado
  • Optar por dormir sem calcinha. 

Assistir a série Cuidando Delas com a Dra. Karol

Fonte: conteúdos da Sanar e Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia

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