Ciclo Clínico

Caso clínico de gonorreia | LIGAS

Caso clínico de gonorreia | LIGAS

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Gonorreia é uma IST (Infecção Sexualmente Transmissível), causada pela bactéria Neisseria gonorrhoeae. Também conhecida como blenorragia afeta homens e mulheres, em qualquer faixa etária pelo ato sexual vaginal, anal ou oral sem o uso de preservativos.

Apresentação do caso clínico de gonorreia

Paciente do sexo feminino, 27 anos, branca, secretária e procedente de Palmas, Tocantins, procurou a Unidade Básica de Saúde com queixa de dor durante o ato sexual e ao urinar acompanhada de corrimento vaginal, há uma semana. Paciente relata que há cerca de uma semana notou a presença de corrimento amarelado com cheiro forte e prurido, disúria, dispareunia e sangramento vaginal em algumas ocasiões. Nega comorbidades e alergias. Relata que a mãe é hipertensa e diabética.

Ao exame físico paciente apresenta bom estado geral, lúcida e orientada em tempo e espaço, febril (38°C), acianótica, anictérica, hidratada, eupneica (FR=18 ipm), normocárdica (frequência cardíaca = 85 bpm) e normotensa (112×80 mmHg). Aparelho respiratório com murmúrio vesicular presente, sem ruídos adventícios. Aparelho cardiovascular bulhas normofonéticas e normorrítmicas em 2 tempos sem sopro. Abdome plano, flácido, ruídos hidroaéreos presentes, fígado e baço não palpáveis e indolor à palpação superficial e profunda. Aparelho genital com eritema e presença de corrimento.

Paciente foi orientada a realizar exames laboratoriais para investigação de Neisseria gonorrhoeae. Os exames solicitados foram: esfregaço cervical por técnica de gram. Retornou à UBS após 15 dias com resultado do exame positivo para gonorréia. Foi conversado com a paciente sobre a medida de prevenção para doenças sexualmente transmissíveis, o uso de camisinha. O tratamento foi realizado com ceftriaxona 250mg intramuscular dose única.

Questões para orientar a discussão 

1. Quais as hipóteses diagnósticas?

2.  O que é a doença?

3. Quais são os diagnósticos diferenciais?

4. Como é a fisiopatologia da gonorreia?

5. Quais tratamentos possíveis?

Respostas para o caso clínico de gonorreia

1. Clamídia, doença inflamatória pélvica, candidíase e gonorréia.

2. A gonorreia é uma Infecção Sexualmente Transmissível, causada pela bactéria Neisseria gonorrhoeae. Cuja transmissão se dá geralmente por relação sexual ou perinatal. Em muitos casos, a infecção evidencia-se 2 a 7 dias depois da exposição. Nos casos típicos, a gonorreia começa na uretra anterior, nas glândulas uretrais acessórias, nas glândulas de Bartholin ou Skene e no colo do útero. Os pacientes com gonorreia podem ser assintomáticos e disseminar involuntariamente a doença aos seus contatos sexuais. Nas mulheres, os sinais e sintomas perceptíveis são secreção urinária ou genital incomum, disúria, dispareunia, dor ou hipersensibilidade pélvica, sangramento vaginal diferente (inclusive sangramento depois de relações sexuais), febre e proctite. Os sintomas podem ocorrer ou piorar durante ou pouco depois das menstruações, porque a bactéria é um diplococo intracelular que prolifera no sangue menstrual, mas não consegue sobreviver muito tempo fora do corpo humano.

3. De acordo com o quadro clínico da paciente os diagnósticos diferenciais são infecção urinária, doença inflamatória pélvica e por clamídia. O que diferencia a gonorréia das outras patologias é que o gonococo é um diplococo gram-negativo piogênico.

4. O microrganismo prolifera mais facilmente em epitélios quentes secretores de muco. A porta de entrada pode ser o sistema geniturinário, os olhos, a orofaringe, a região anorretal ou a pele. Se não for tratada, a gonorreia espalha-se dos focos iniciais para os segmentos proximais do sistema geniturinário. Nos homens, a doença espalha-se para a próstata e o epidídimo. Nas mulheres, a gonorreia frequentemente causa endometrite, salpingite e DIP.

5. O tratamento consiste na administração de um dos seguintes medicamentos: ceftriaxona, 250 mg, IM, dose única ou cefixima, 400 mg VO, dose única ou espectinomicina, 2 g, IM, dose única. Nas infecções crônicas, extragenitais e/ou complicadas, os esquemas não devem ser com doses únicas, mas com doses e intervalos clássicos, durante 10 dias ou mais.

Leituras Relacionadas

Autores, revisores e orientadores:

Área: Ginecologia
Autores: Beatriz Pereira Magalhães, Cintia Mendes de Sousa
Revisor(a): Beatriz Pereira Magalhães
Orientador(a): Thiago Weiss
Liga: Liga Acadêmica de Anatomia Humana e Cirúrgica (LAAHC-TO)