Clínica Médica

Caso clínico sobre diarreia crônica por infecção comum

Caso clínico sobre diarreia crônica por infecção comum

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Leia também nosso resumo completo sobre diarreia crônica!

Apresentação do caso clínico

Paciente do sexo feminino, 34 anos, relata história de infecção pelo Vìrus da Imunodeficiência adquirida (HIV) em tratamento com terapia antiretroviral há um ano.

Além disso, informa diagnóstico de hepatite B crônica, tuberculose latente e ter feito tratamento para Helicobacter pylori. Ela chega a nossa instituição com queixa de dor abdominal refratária, náuseas, vômitos e diarreia com frequência de 10 a 12 dejeções diárias.

A paciente perdeu cerca de 30 kg desde o início dos sintomas, o que nos levou a decisão de iniciar com nutrição parenteral. Nega uso de antibióticos, febre, calafrios, disfagia ou hematoquezia. Na admissão, encontrava-se afebril, com boa saturação, normocárdica e eupneica, porém levemente hipotensa.

Ao exame físico, ela apresentava caquexia, abdome plano e não distendido, à palpação não queixou-se de dor ou foi percebido massas. Feito o parasitológico de fezes, foi diagnosticada a infecção pelo Campylobacter jejuni e iniciado o tratamento.

Questões para orientar a discussão

  1. O que é diarreia crônica?
  2. Quais são as causas?
  3. Quais os indivíduos mais sofrem com esse problema?
  4. Como é feito o diagnóstico?
  5. Qual o tratamento mais indicado?

Respostas

  1. A diarreia crônica é definida como uma alteração persistente da consistência das fezes. E aumento da frequência das fezes com duração superior a quatro semanas. Pelas características das fezes, pode-se classificar a diarreia crônica em inflamatória, esteatorreia e aquosa.
  2. Em países ricos, as causas comuns são a síndrome do intestino irritável (SII). Doença inflamatória do intestino, síndromes de má absorção (como intolerância à lactose e doença celíaca). E infecções crônicas (particularmente em pacientes imunocomprometidos). 
  3. Diarreia crônica é mais comum em indivíduos imunocomprometidos quando comparada com pessoas saudáveis. Sendo esse o principal motivo do emagrecimento excessivo neste grupo de pacientes.

    Por isso, infecções, que a priori não causam diarreia crônica em pacientes imunocompetentes, possuem potencial de agravo nesses pacientes com comprometimento do sistema imune, como os pacientes infectados pelo HIV, em tratamento oncológico ou transplantados.

    Infelizmente, não é incomum que esses pacientes, mesmo manejados, sofram com recorrência dessas infecções. Por isso, pacientes pertencentes ao grupo de risco devem estar com sua vacinação atualizada. A fim de protegerem-se do adoecimento por doenças que podem ser prevenidas pela vacinação.
  4. A avaliação inicial do paciente com diarreia crônica inclui história, exame físico e testes laboratoriais para determinar se o paciente tem quaisquer características de alarme que ajudem a distinguir diarreia orgânica de funcional e caracterizar a diarreia.

    Na maioria dos doentes, uma avaliação laboratorial mínima deve incluir hemograma, ureia, creatinina, velocidade de sedimentação, função tiroideia, proteínas totais, albumina, parasitológico de fezes e pesquisa de sangue oculto nas fezes. 
  5. O tratamento inicial inclui hidratação oral, antibioticoterapia, reposição de potássio e hidratação parenteral.

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