Urologia

Casos Clínicos: Torção Testicular | Ligas

Casos Clínicos: Torção Testicular | Ligas

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Área:Anatomia de órgãos e sistemas (Urologia)

Autor: Malthus Barbosa Marzola

Co-autor: George Cajazeiras Silveira Filho

Revisor: Thiago Praça Brasil

Orientador: José Antônio Carlos Otaviano David Morano

Liga: Grupo de Estudos de Anatomia Aplicado a Saúde

Caso Clínico de Torção Testicular:

O cordão espermático ou funículo espermático, é uma estrutura do aparelho reprodutor masculino que compreende o ducto deferente, as artérias espermáticas interna e externa, a artéria do ducto, o plexo venoso pampiniforme, os vasos linfáticos e os nervos. O funículo espermático é envolto por uma fáscia fina, formada por tecido conectivo frouxo, apresenta também, pequena quantidade de fibras do músculo cremaster que se inserem sobre o cordão no canal inguinal.

A torção do cordão espermático, chamada popularmente de torção de testículo, caracteriza-se pela rotação anômala do testículo em relação ao seu próprio eixo, tendo como principal consequência a interrupção do aporte sanguíneo ao testículo acometido devido ao bloqueio das artérias testicular e espermáticas presentes dentro do funículo espermático. Consiste, portanto, em uma emergência urológica, que necessita de avaliação rápida, distorção do cordão espermático manualmente e, posterior, tratamento cirúrgico de emergência.

A torção testicular possui 2 classificações principais: o primeiro é a torção intravaginal, que é a forma mais comum e é causada por uma anomalia de fixação testicular denominada malformação em badalo de sino, em que o testículo se encontra totalmente envolvido pela túnica vaginal e livre na bolsa escrotal. O segundo, por sua vez, é a torção extravaginal,que ocorre tipicamente no período perinatal, e caracteriza-se pela ausência de fixação da túnica vaginal às demais camadas da bolsa escrotal.

Identificação do paciente:

M.P.R, paciente masculino, 13 anos, nasceu e mora em fortaleza, estudante, católico, branco.

3) Queixa principal: 

M.P.R chegou à emergência acompanhado de sua mãe queixando-se de dor testicular unilateral intensa de início súbito há 32 horas, acompanhada de náuseas e vômitos.

4) História da Doença Atual (HDA):

Refere dor súbita no testículo direito há 32 horas, associada a náuseas e vômitos iniciados 30 minutos depois da dor, porém, não informou aos pais. Após 20 horas, devido à intensidade constante e persistência da dor, informou a mãe, que, em seguida, procurou assistência médica na atenção primária. Foi admitido no hospital há 32 horas. Nega fatores de melhora ou piora.

5) Antecedentes pessoais, familiares e sociais:

Ausência de antecedentes patológicos. Nega trauma físico e mora com seus 2 irmãos, saudáveis, e moram com os pais, sendo o pai hipertenso. Possui alimentação saudável e pratica atividades físicas regularmente. Condições sociais adequadas.

6) Exame Físico:

Aumento da bolsa escrotal ipsilateral à lesão. Presença de eritema e calor, com sinal de Angell positivo e ausência de reflexo cremastéricoipsilateral à lesão. Sinal de Prehn negativo. Exame abdominal normal.

7) Exames Complementares:

O exame físico associado à história clínica são as melhores opções para o correto diagnóstico. No entanto, caso o médico queira confirmar por um exame de imagem e avaliar a viabilidade do órgão, o exame padrão-ouro é a ultrassonografia de testículo com e sem doppler.

  • Ultrassonografia de testículo sem doppler:

8) Pontos de Discussão: PONTOS DE DISCUSSÃO

  • Qual o diagnóstico mais provável?
  • Como explicar a condição do paciente com base nos exames?
  • Por que o observado ocorre nesses quadros?
  • Existe algum exame necessário para o diagnóstico? Qual?
  • Por que alguma investigação particular do caso é importante?
  • Qual a conduta terapêutica mais adequada?
  • Qual o menor exame complementar para confirmar diagnóstico?

9) Discussão sobre torção testicular:

O caso apresentado trata-se de um escroto agudo, caracterizado pela presença de dor local forte e região edemaciada. Nesse sentido, o diagnóstico é de torção testicular, pois é uma das principais causas de escroto agudo, especialmente na idade da infância e da adolescência. A identificação é caracterizada principalmente pela inspeção da altura do testículo comprometido e sua proximidade com a raiz da bolsa, sendo a pesquisa do reflexo cremastérico bastante útil no diagnóstico diferencial de afecções escrotais agudas.

O exame padrão ouro, necessário para o diagnóstico, é a ultrassonografia de testículo com e sem doppler. É necessária, ainda, uma investigação particular devido aos diagnósticos diferenciais, haja vista que as patologias testiculares podem ser bastante parecidas causando, muitas vezes, confusão no diagnóstico levando a complicações evitáveis com uma boa investigação.

10) Tratamento:

O tratamento dessa condição é cirúrgico, podendo ser feitas manobras manuais no atendimento precoce para reposicionar o testículo, amenizando o grau de isquemia com alívio da dor. Após isso, deverá ser feita a cirurgia, a qual consiste em uma incisão na rafe mediana do escroto, proporcionando acesso aos testículos, com intuito de fixar o órgão através da túnica vaginal seccionada parcialmente ressecada e invertida, suturada à parede escrotal posterior com fios inabsorvíveis. Isso evitará recidivas das torções.

Diagnósticos Diferenciais Principais:

  • Torção do cordão espermático.
  • Torção dos apêndices testiculares
  • Orquiepididimites (mais frequentes)
  • Hérnia inguinoescrotal
  • Abscesso testicular
  • Púrpura de Henoch-Shoenlein
  • Trauma de bolsa testicular

12) Pontos Importantes:

  • Dor súbita no testículo e de alta intensidade.
  • Aumento da bolsa escrotal ipsilateral à lesão.
  • Presença de eritema e calor.
  • Sinal de Angell positivo.
  • Ausência de reflexo cremastéricoipsilateral à lesão.
  • Sinal de Prehn negativo.
  • Ultrassom mostra sinal do redemoinho.
  • Ultrassom com doppler mostra ausência de fluxo sanguíneo intratesticular.
  • Tratamento definitivo: cirurgia.

13) Objetivos de Aprendizagem:

  1. Entender o quadro clínico da torção testicular.
  2. Citar e compreender os exames de imagem solicitados em casos de torção do funículo espermático.
  3. Entender a conduta para os casos de torção testicular.
  4. Elucidar as principais dúvidas sobre o caso.

14) Conclusão do Caso:                   

O diagnóstico principal é torção testicular intravaginal. Os exames de imagem (ultrassonografia do testículo) mostram o sinal do redemoinho, indicativo da torção e se for usado o ultrassom com doppler haverá ausência de fluxo sanguíneo no testículo, podendo levar à necrose. O tratamento será a correção manual da torção e posterior tratamento cirúrgico (definitivo), com intuído de reverter a torção e ativar o fluxo sanguíneo novamente e, na cirurgia, evitar a recidiva do problema.

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