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Uma criança não é um adulto em miniatura — ela apresenta doenças específicas que demandam cuidados diferentes dos oferecidos aos adultos. É por isso que existem as especialidades de pediatria e cirurgia pediátrica. Uma frase muito utilizada pelos profissionais da área é que “um adulto pode ser seguramente tratado como uma criança, mas o contrário pode ser desastroso”.
A cirurgia pediátrica é a especialidade médica responsável pelo tratamento cirúrgico de doenças que acometem pacientes desde o período fetal até o início da vida adulta. No Brasil, existem 1.378 cirurgiões pediátricos, de acordo os dados do Conselho Federal de Medicina (CFM). 71% desses profissionais estão nas regiões Sudeste e Sul do país, enquanto o restante se divide entre Nordeste (15,7%), Centro-Oeste (9,1%) e Norte (3,9%).
Neste post, você vai conhecer a rotina da especialidade, saber mais sobre o mercado de trabalho e entender como funciona a residência médica em cirurgia pediátrica. Acompanhe!
O especialista e sua rotina
A cirurgia pediátrica é considerada a cirurgia geral da criança. Por isso, é uma especialidade muito abrangente e dinâmica. O seu escopo começa desde a vida fetal do paciente e vai até a adolescência.
Um exemplo disso são as patologias pré-natais, detectadas cada vez precocemente com as novas tecnologias em exames de imagem, e as doenças que podem ser desenvolvidas na juventude, como um caso de apendicite ou intussuscepção intestinal.
O cirurgião pediátrico é o profissional indicado para avaliar sintomas potencialmente decorrentes de patologias cirúrgicas, como dores abdominais e malformações. Por isso, em sua rotina, há grande interação com médicos pediatras, que solicitam consultas para melhorar avaliações de determinadas doenças ou indicam tratamentos cirúrgicos.
A área de atuação do cirurgião pediátrico compreende as seguintes afecções cirúrgicas:
- cirurgia de cabeça e pescoço;
- cirurgia torácica;
- cirurgia do aparelho gastrointestinal;
- cirurgia oncológica;
- cirurgia geniturinária;
- cirurgia neonatal para correção de malformações congênitas;
- traumas.
Boa parte das patologias tratadas por esse profissional são emergenciais e há bastante espaço para trabalho em esquemas de sobreaviso e na rotina ambulatorial.
Nos ambulatórios, predominam patologias menos graves e complexas, com procedimentos mais tranquilos, como biópsias excisionais, drenagem de abcessos e herniorrafias inguinais e umbilicais.
Já em centros universitários, a rotina é mais complexa e costuma-se tratar pacientes em estado mais grave, que necessitam de procedimentos cirúrgicos extensos. É o caso dos transplantes, correções de malformações e de defeitos urológicos e diafragmáticos.

As características do cirurgião pediátrico
O cirurgião pediátrico precisa ter todas as características necessárias a um cirurgião geral — formação sólida em clínica cirúrgica, conhecimentos aprofundados sobre fisiologia e fisiopatologia, domínio do pré e pós-operatório, manejo dos pacientes e habilidades manuais.
Além disso, também é necessário ter a sensibilidade de um pediatra e grande capacidade de realizar um trabalho multiprofissional. Isso acontece porque há uma grande zona de intersecção das patologias tratadas por esse profissional e os demais especialistas.
Mercado de trabalho e remuneração
O mercado de trabalho para cirurgiões pediátricos no grandes centros urbanos, porque, como falamos no início deste artigo, nesses lugares há um número maior de especialistas.
No entanto, a área está crescendo nos estados fora do eixo Sul-Sudeste e em alguns estados há poucos profissionais disponíveis, o que pode ser uma grande oportunidade. No Acre, por exemplo, só há um cirurgião pediátrico titulado pelo CFM e, em Roraima, apenas dois.
A maioria dos especialistas está ligada a um hospital ou grupo, principalmente aqueles que dispõem de serviços de berçário e neonatologia. Nesses ambientes, é comum o trabalho em esquema de plantão, com atendimentos de urgência e emergência.
No entanto, também é possível que o cirurgião pediátrico atenda em consultório, com pacientes particulares e de convênio, embora seja menos comum.
Remuneração
O salário médio do cirurgião pediátrico no Brasil é de R$ 7.114, de acordo com uma pesquisa divulgada pelo portal Guia da Carreira. No entanto, segundo os mesmos dados, esse valor pode chegar a R$ 17.400, a depender do nível de experiência do profissional. Esse valor não considera plantões e nem atendimentos extras.

A residência médica em Cirurgia Pediátrica
A residência médica em Cirurgia Pediátrica tem duração de 3 anos e pré-requisito de dois anos de residência em Cirurgia Geral — e não em pediatria, como algumas pessoas pensam. Ao longo do programa, o médico faz um rodízio por todas as áreas cirúrgicas, exceto cirurgia cardíaca e neurocirurgia.
A residência treina e capacita os profissionais nas áreas de cirurgia pediátrica:
- neonatal;
- geral;
- oncológica (formação básica);
- trauma;
- vídeo assistida (formação básica).
Alguns serviços também promovem formação mais específica em áreas especiais nos últimos dois anos de curso ou até num quarto ano complementar:
- cirurgia urológica pediátrica avançada, nível terciário e quaternário;
- cirurgia oncológica pediátrica avançada;
- cirurgia pediátrica de transplante, nível quaternário;
- cirurgia pediátrica vídeo assistida avançada;
- cirurgia pediátrica fetal.
A residência é puxada e a maioria dos hospitais só aceita cerca de dois ou três residentes por ano. Por isso, ao escolher o programa, tenha a certeza de que ele conta com um serviço de atendimento de baixa complexidade, o que pode garantir a realização de cirurgias ambulatoriais, mas que também tenha alguma maternidade ou berçário associado, e que conte com uma unidade de terapia intensiva (UTI) bem estruturada.
Outro diferencial para o programa é a existência e a qualidade do material de videocirurgia, pois essa atividade é crescente na cirurgia pediátrica.
Ao final de residência, o médico precisa fazer uma prova de título realizada pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Pediátrica (CIPE), avalizado pela Associação Médica Brasileira (AMB) e pelo CFM.
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