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O ciclo clínico é a segunda parte da graduação que tem como foco inserir os estudantes na prática clínica e aprender as bases de raciocínio médico. Nas grades curriculares tradicionais da graduação de medicina esse ciclo começa a partir do terceiro ano – ou seja, acontece do quinto ao oitavo semestre.
As disciplinas vão ter mais ênfase ao estudo das patologias (doenças) – causas, sintomas e como tratá-las. Os estudantes aprendem, principalmente, sobre as patologias mais comuns:
- diabetes,
- hipertensão arterial e
- doenças das vias respiratórias.
Esse é um momento de preparação para o internato e para as vivências na prática dos estágios.
Importância do ciclo clínico para a formação médica
Nesta fase do curso médico as matérias começam a ficar mais interessantes para quem gosta de clínica. Iniciamos com a Propedêutica ou Semiologia, que é onde aprendemos a fazer a história clínica (anamnese) e os passos do exame físico completo.
Em seguida, começam aulas e estágios das diversas áreas médicas. Momento no qual, de fato, começamos a fazer hipóteses diagnósticas e a pensar nas melhores condutas para cada paciente!
Comunicação e relação médico-paciente
A maior parte do aprendizado das disciplinas do ciclo clínico é prático. Envolve ir conversar com os pacientes para treinar como fazer a anamnese de maneira eficiente com as perguntas adequadas.
O início é bem complicado. Isso porque o estudante ainda não desenvolveu uma sistematização completa do raciocínio acerca de como obter uma boa história clínica.
Por isso, no começo é muito comum sair do quarto do paciente e perceber que deixou de fazer alguma pergunta a ele. Além disso, é comum “sofrer” com pela timidez e a falta de hábito de conversarmos com pessoas desconhecidas.
Avanço na prática de anamnese
O estudante vai adquirir experiência em fazer anamnese aos poucos, no decorrer que for vencendo as dificuldades citadas anteriormente.
A ordem e a relevância das perguntas durante a conversa com os pacientes vão se tornar mais natural. Também vai se acostumar com o ato de falar com os mais variados tipos de pessoas, com os mais variados tipos de problema.
Habilidades adquiridas no ciclo clínico
O ciclo clínico é o momento em que o estudante começa a desenvolver habilidades que proporcionarão ele ter uma boa relação médico paciente.
É nesse momento que percebesse a importância de uma boa comunicação e da empatia para que conseguir sempre tratar as pessoas com respeito e da melhor forma.
Mesmo ainda não sendo “responsáveis” pela conduta clínica dos pacientes, os estudantes já podem entender o processo pelo qual eles estão passando e refletir sobre como isso impacta suas vidas.
Raciocínio clínico e conhecimento teórico
Os conhecimentos adquiridos no ciclo anterior devem auxiliar no entendimento de como processos fisiopatológicos em nível molecular têm uma repercussão em grande escala no corpo humano.
A extrapolação do microscópico para o macroscópico não é difícil para quem tem alguns conceitos básicos estudados nas matérias básicas.
Então, uma vez que entendemos a patologia de cada doença ou condição clínica separadamente, chega um momento em que temos conhecimento o suficiente para as juntarmos em grandes grupos e também comparar as diferenças entre elas.
Quando isso acontece, o raciocínio clínico começa a se desenvolver em um ritmo exponencial. É possível pensar em por que o diagnóstico ser esse e não aquele outro. Tem como entender que perguntas são importantes para diferenciar uma condição ou outra.
Resumo
Basicamente, este ciclo é a base do que o futuro médico vai fazer todos os dias se escolher trabalhar na prática clínica.
Vale acrescentar que nesta etapa muitos estudantes costumam se dedicar as atividades extracurriculares – ligas, iniciação científica, etc.
Dicas de estudo no ciclo clínico
A aplicabilidade dos conhecimentos adquiridos em situações práticas tornam esta fase da graduação muito interessante. A “parte ruim” é que o conteúdo é bem extenso, por isso a maior dificuldade é conseguir estudar tudo.
Crie uma rotina de estudos
Mesmo que participe de várias atividades extras, organize-se para separar alguns períodos dedicados aos estudos oficiais.
Faça fichas-resumo
Elas são ideais para sistematizar o aprendizado sobre os principais diagnósticos sindrômicos. Entre eles: Ascite, Dor torácica, Cefaleia e Abdômen Agudo. Faça pontuações das principais causas dentro desses grupos, além de seus sinais e sintomas.
Passagem pelas especialidades
Após a introdução da Semiologia, nossa dica é seguir com os resumos dos diagnósticos principais. Ao dominar os pontos fundamentais, fica-se mais preparados para discutir casos clínicos e formular hipóteses diagnósticas.
Materiais de estudo complementares
Busque livros com esquemas didáticos e casos clínicos para treinar desde cedo a interpretar exames, saber quais as condutas gerais em cada caso.
Use recursos da internet, como vídeos e slides para entender a fisiopatologia.
Esse é um ótimo momento para você revisar assuntos vistos no Ciclo básico. Isso porque por vezes, você vai ter que revisar alguns detalhes da anatomia e fisiologia para compreender as bases daquela doença e o porquê do tratamento ser de uma maneira ou de outra.
Como aproveitar Melhor essa Fase?
- Aproveite seu Hospital escola para visitar enfermarias e conversar com pacientes. Muitas vezes nós fazíamos isso no período livre e conseguimos ver muitos casos interessantes que estavam internados (e que não teríamos visto nas aulas);
- Sempre que conseguir leia o tema antes da aula ou discussão. Isso ajuda demais a aproveitar melhor esse momento;
- Inscreva-se em sites de jornais médicos e de artigos para receber novidades sobre o mundo acadêmico.
Sugestão de leitura
- Como funciona o internato no curso de medicina?
- Como fazer uma anamnese bem feita
- Atividades extracurriculares: para se diferenciar em qualquer especialidade | Colunista
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