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Delirium: definição, quadro clínico, diagnóstico e tratamento | Ligas

Delirium: definição, quadro clínico, diagnóstico e tratamento | Ligas

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Definição e Epidemiologia

O Delirium é uma síndrome neuropsiquiátrica de caráter agudo, súbito e flutuante. Caracterizada por declínio cognitivo global da atenção, nível de consciência; alterações motoras e do ciclo sono-vigília. Pode ser considerada como uma disfunção cerebral aguda.

As maiores taxas de incidência do delirium são encontradas na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), no pós operatório e na unidade de cuidados paliativos. Pacientes que desenvolvem delirium na UTI tem um risco 2-4 maior de morrer na hospitalização ou depois dela.

Fisiopatologia

Apesar de ser uma condição descrita há muito tempo, a fisiopatologia do delirium permanece em estudo. Alguns fatores que influenciam diretamente na neurotransmissão podem estar envolvidos com a instalação do delirium. São estes: medicamentos, distúrbios eletrolíticos, hipóxia, deficiência colinérgica e hipercortisolismo. Uma das teorias mais aceitas atualmente é a da redução da atividade colinérgica junto ao aumento da atividade dopaminérgica.

Quadro clínico

O quadro clínico do delirium é caracterizado por déficit de atenção, acompanhado de mudanças comportamentais e cognitivas, de curso limitado e originado por causas externas. Pode durar dias ou horas, entretanto, se não for identificado e tratado corretamente pode persistir por semanas ou meses.

É dividido de acordo com a atividade motora em delirium hipoativo, hiperativo ou misto.

Diagnóstico

O diagnóstico é clínico, baseado no quadro clínico. Outros instrumentos de avaliação como o Confusion Assessment Method (CAM), CAM para Unidade de Terapia Intensiva (CAM­ICU) e Intensive Care Delirium Screening Checklist (ICDSC) podem ser utilizados para acessar o nível de consciência do paciente.

 O DSM-V traz alguns critérios para diagnosticar delirium:

A. Perturbação da atenção (i.e., capacidade reduzida para direcionar, focalizar, manter e mudar a atenção) e da consciência (menor orientação para o ambiente).

 B. A perturbação se desenvolve em um período breve de tempo (normalmente de horas a poucos dias), representa uma mudança da atenção e da consciência basais e tende a oscilar quanto à gravidade ao longo de um dia.

 C. Perturbação adicional na cognição (p. ex., déficit de memória, desorientação, linguagem, capacidade visuoespacial ou percepção).

 D. As perturbações dos Critérios A e C não são mais bem explicadas por outro transtorno neurocognitivo preexistente, estabelecido ou em desenvolvimento e não ocorrem no contexto de um nível gravemente diminuído de estimulação, como no coma.

 E. Há evidências a partir da história, do exame físico ou de achados laboratoriais de que a perturbação é uma consequência fisiológica direta de outra condição médica, intoxicação ou abstinência de substância (i.e., devido a uma droga de abuso ou a um medicamento), de exposição a uma toxina ou de que ela se deva a múltiplas etiologias

Tratamento

Pode ser realizado através de medidas farmacológicas e não farmacológicas. Consulta pré-operatória com equipe geriátrica; terapia ocupacional e fisioterapia (visando a mobilização precoce); interrupção gradual dos sedativos e abordagem multidisciplinar são exemplos de terapias não farmacológicas.

A terapia farmacológica está bem instituída no delirium hiperativo. Haloperidol e antipsicóticos atípicos como a quetiapina são as drogas utilizadas. A terapêutica deve ser feita com doses reduzidas, por via oral ou endovenosa.

Autores, revisores, orientador e liga

Autores: Débora Fontenele Alves

Revisor(a): Gustavo Pessoa Pinto

Orientador(a): Hiroki Shinkai

Liga: Academia de Medicina Geriátrica e Gerontologia de Sobral – AMGGES

Instagram: @amgges

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O texto acima é de total responsabilidade do(s) autor(es) e não representa a visão da sanar sobre o assunto.

Observação: esse material foi produzido durante vigência do Programa de Ligas Sanar. A iniciativa foi descontinuada em junho de 2022, mas a Sanar decidiu preservar todo o histórico e trabalho realizado por reconhecer o esforço empenhado pelos participantes e o valor do conteúdo produzido.


Referências

  • NAEIJE, Gilles e PEPERSACK, Thierry. Delirium in elderly people. The Lancet, v. 383, n. 9934, p. 2044–2045, 2014.
  • PRAYCE, Rita e QUARESMA, Filipa e NETO, Isabel Galriça. Delirium : The 7 th Vital Sign ? Revista Científica da Ordem dos Médicos, v. 31, n. 1, p. 51–58, 2018.
  • KUKREJA, Deepti e GÜNTHER, Ulf e POPP, Julius. Delirium in the elderly: Current problems with increasing geriatric age. Indian Journal of Medical Research, v. 142, n. 6, p. 655–662, 2015.
  • Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM55. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.