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Dermatoses ocupacionais: o que é, causas, diagnóstico e tratamento

Dermatoses ocupacionais: o que é, causas, diagnóstico e tratamento

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Dermatoses ocupacionais: tudo o que você precisa saber para sua prática clínica!

As dermatoses ocupacionais são um problema significativo em diversos setores de trabalho, com sua prevalência variando de acordo com a região geográfica e o tipo de indústria. Setores como indústria química, agricultura, construção, saúde, beleza e estética são considerados de alto risco. 

Essas condições podem ter um impacto negativo na qualidade de vida dos trabalhadores afetados, resultando em desconforto, limitações funcionais e até mesmo afetando a capacidade de continuar trabalhando.

O que são dermatoses ocupacionais?

As dermatoses ocupacionais são doenças de pele que são causadas ou agravadas por exposição a substâncias ou condições presentes no ambiente de trabalho. 

Elas são um grupo diversificado de condições dermatológicas que podem afetar várias partes do corpo, como:

  • Pele
  • Unhas
  • Cabelos 
  • Membranas mucosas.

Quais causas de dermatoses ocupacionais?

Existem dois grandes grupos de fatores que podem contribuir para o desenvolvimento de dermatoses ocupacionais: 

  • Fatores predisponentes ou causas indiretas
  • Causas diretas. 

Causas indiretas

As causas indiretas são fatores que não atuam diretamente sobre a pele, mas podem torná-la mais suscetível a desenvolver uma dermatose ocupacional. Isso pode incluir:

  • Predisposição genética
  • Condições de saúde pré-existentes
  • Idade
  • Sexo
  • Imunidade comprometida e outras características individuais. 

Causas diretas

Por outro lado, as causas diretas são constituídas por agentes biológicos, físicos ou químicos presentes no ambiente de trabalho que atuam diretamente sobre a pele, causando ou agravando uma dermatose. 

Esses agentes podem incluir:

  • Substâncias químicas irritantes
  • Alérgenos
  • Calor
  • Frio
  • Umidade
  • Radiação
  • Atrito
  • Pressão 
  • Outros estímulos físicos que podem danificar a pele ou desencadear reações inflamatórias.

Quais os tipos mais comuns de dermatoses ocupacionais? 

Alguns exemplos de dermatoses ocupacionais comuns incluem:

  • Dermatite de contato irritativa
  • Dermatite de contato alérgica
  • Urticária ocupacional
  • Acne ocupacional
  • Piodermites ocupacionais

Dermatite de contato irritativa

Diferente da dermatite de contato alérgica, que é uma reação imunológica a alérgenos específicos, a dermatite de contato irritativa ocorre devido ao contato direto e prolongado da pele com substâncias químicas irritantes, como:

  • Detergentes
  • Solventes
  • Ácidos
  • Álcalis
  • Óleos 
  • Metais. 

Os sintomas da dermatite de contato irritativa incluem vermelhidão, inflamação, coceira, ardor e descamação na área exposta à substância irritante. Em casos mais graves, podem ocorrer bolhas, feridas e crostas. A dermatite de contato irritativa pode afetar várias partes do corpo, especialmente as mãos, que frequentemente estão em contato com as substâncias irritantes.

Dermatite de contato alérgica

A dermatite de contato alérgica é uma reação inflamatória da pele que ocorre como resultado de uma resposta imunológica a substâncias específicas, chamadas alérgenos. Esses alérgenos podem ser encontrados em diversos materiais e produtos, como:

  • Metais (níquel, cromo)
  • Cosméticos
  • Produtos químicos
  • Medicamentos
  • Plantas 

Quando uma pessoa sensibilizada entra em contato com um alérgeno ao qual é alérgica, o sistema imunológico desencadeia uma reação de hipersensibilidade que resulta na dermatite de contato alérgica.

Urticária ocupacional

A urticária ocupacional é uma forma de urticária que é desencadeada ou agravada por exposição a substâncias específicas no ambiente de trabalho. É uma condição caracterizada por erupções cutâneas elevadas e pruriginosas, conhecidas como urticas, que podem se desenvolver rapidamente após o contato com o alérgeno ou irritante. 

As substâncias que podem desencadear a urticária ocupacional variam amplamente e podem incluir:

  • Produtos químicos
  • Alimentos
  • Plantas
  • Poeira
  • Entre outros

Alguns exemplos comuns incluem látex, produtos químicos industriais, alimentos como peixes ou mariscos, entre outros.

Acne ocupacional

A acne ocupacional, também conhecida como acne profissional, é uma forma de acne que ocorre devido a exposição a certos agentes no ambiente de trabalho. É uma condição de pele comum que afeta principalmente adultos que estão expostos a substâncias irritantes ou oleosas em seu local de trabalho. 

A acne ocupacional pode ser causada por diversos fatores, incluindo exposição a óleos minerais, hidrocarbonetos, graxas, lubrificantes, produtos químicos industriais e agentes irritantes presentes em algumas profissões, como mecânicos, cozinheiros, trabalhadores da indústria química, entre outros. 

Os sintomas da acne ocupacional são semelhantes aos da acne comum e podem incluir:

  • Presença de espinhas
  • Cravos
  • Pápulas e pústulas na área exposta ao agente irritante. 

Geralmente, as áreas afetadas são aquelas em contato direto com o agente, como o rosto, pescoço, ombros e braços.

Piodermites ocupacionais

As piodermites ocupacionais são infecções de pele causadas por bactérias que ocorrem como resultado da exposição a certos agentes no ambiente de trabalho. Essas infecções podem ser adquiridas por meio de lesões cutâneas, arranhões, cortes ou abrasões que permitem a entrada das bactérias na pele. 

Os agentes causadores mais comuns das piodermites ocupacionais são estafilococos e estreptococos, que podem estar presentes em locais de trabalho onde há exposição a condições insalubres, contato com superfícies contaminadas, materiais biológicos ou fluidos corporais. 

Os sintomas das piodermites ocupacionais incluem:

  • Vermelhidão
  • Inflamação
  • Calor
  • Dor
  • Inchaço 

As lesões podem variar desde pequenas pústulas até abscessos maiores. As regiões mais comumente afetadas são as mãos, braços, pernas e áreas de pele exposta ao agente infeccioso.

Como diagnosticar uma dermatose ocupacional?

O diagnóstico de uma dermatose ocupacional envolve uma abordagem clínica completa realizada por um médico dermatologista. Durante a consulta, o médico irá realizar uma anamnese detalhada, onde será feito um questionamento sobre os sintomas apresentados, a história médica e ocupacional do paciente, bem como possíveis exposições a substâncias no ambiente de trabalho. 

É fundamental fornecer informações precisas sobre as atividades profissionais e as substâncias químicas, materiais ou condições específicas com as quais você tem contato. Após a anamnese, o médico realizará um exame físico minucioso da pele, unhas, cabelos e membranas mucosas afetadas. Ele buscará por sinais clínicos como:

  • Vermelhidão
  • Inchaço
  • Erupções cutâneas
  • Descamação
  • Lesões ou qualquer outra alteração na pele que possa indicar uma dermatose ocupacional. 

Exames complementares 

Além disso, o médico pode solicitar exames complementares, como testes alergicos de contato, para identificar possíveis alérgenos específicos aos quais o paciente possa estar sensibilizado. 

As biópsia de pele também são solicitadas em alguns casos. No geral, elas são pedidas quando há dúvidas sobre o diagnóstico ou para descartar outras condições. Nesse contexto, uma amostra de pele pode ser retirada para análise histopatológica. A biópsia permite ao médico examinar as alterações características presentes nas camadas da pele ao microscópio.

Em alguns casos de dermatite de contato fototóxica ou fotoalérgica, são realizados testes de fotossensibilidade para avaliar a reação da pele a diferentes comprimentos de onda da luz.

Diagnóstico diferencial

Em casos de dermatoses ocupacionais, o diagnóstico diferencial também é realizado. Ele é necessário para que o médico descarte outras doenças de pele que possam apresentar sintomas semelhantes. Com base nas informações coletadas, nos achados do exame físico e nos resultados dos exames complementares, o médico será capaz de estabelecer o diagnóstico correto da dermatose ocupacional. 

É importante destacar que o diagnóstico preciso é essencial para o tratamento adequado da dermatose ocupacional. Portanto, é recomendado buscar um profissional médico qualificado para obter um diagnóstico adequado e um plano de tratamento personalizado.

Tratamento da dermatose ocupacional

O tratamento das dermatoses ocupacionais envolve abordagens multifacetadas e adaptadas às necessidades individuais do paciente. A primeira medida é controlar e minimizar a exposição aos agentes desencadeantes no ambiente de trabalho, implementando medidas de proteção adequadas, como o uso de equipamentos de proteção individual e a adoção de práticas de higiene adequadas. 

Além disso, o tratamento pode incluir o uso de medicamentos tópicos, como cremes, pomadas ou loções, para aliviar os sintomas e reduzir a inflamação. Esses medicamentos podem conter corticosteróides para reduzir a inflamação, substâncias anti-inflamatórias ou hidratantes para aliviar a coceira e a secura da pele, ou até mesmo imunomoduladores tópicos para tratar certos tipos de dermatites. 

Em casos mais graves ou persistentes, o médico pode prescrever medicamentos sistêmicos, como antialérgicos, corticosteroides orais ou imunossupressores, para controlar a resposta inflamatória ou alérgica do organismo. 

Além do tratamento farmacológico, medidas complementares podem incluir:

  • Uso de compressas frias para aliviar a coceira e a inflamação
  • Proteção adequada da pele exposta durante as atividades profissionais, 
  • Manutenção de uma boa higiene pessoal 
  • Adoção de hábitos saudáveis, como evitar o tabagismo e o estresse, que podem agravar as condições de pele.

É fundamental que o tratamento seja individualizado, levando em consideração a gravidade da dermatose ocupacional, a resposta do paciente aos medicamentos e a necessidade de modificações no ambiente de trabalho.

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Sugestão de leitura complementar

Referência bibliográfica