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Dermatite de contato: um resumo completo – Sanarflix

Dermatite de contato: um resumo completo – Sanarflix

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Dermatite de contato e suas especificações, sua classificação, diagnóstico e o melhor manejo do seu paciente! Bons estudos!

A dermatite de contato é uma resposta inflamatória comum nos primeiros meses de vida, mas também no indivíduo adulto. Visto isso, é fundamental que o médico generalista esteja familiarizado com essa condição, a fim de saber conduzir seu paciente.

O que é a dermatite de contato?

A dermatite de Contato é o termo utilizado para denominar reações agudas ou crônicas a substâncias que entram em contato com a pele. Trata-se então de uma resposta inflamatória da pele, podendo se manifestar de diversas maneiras, como veremos. Assim, podemos entender a dermatite de contato como uma reação alérgica ou irritante.

Com base na manifestação da dermatite, ela pode ser classificada em:

  • Contato por irritantes primários;
  • Alérgica (DCA);
  • Fototóxica;
  • Fotoalérgica.

Dentre todos os tipos, a mais comum é a irritante, correspondendo a 80%. Porém, em região de face, essa proporção é invertida, sendo mais comum a alérgica, correspondendo a 80% dos casos.

É fundamental que o médico compreenda e saiba distinguir com clareza todos os tipos de dermatites.

Dermatite de contato por irritante (DCI)

A dermatite de contato irritante resulta do exposição a substância causadora de irritação física, mecânica ou química da pele. Essa é a forma mais comum de dermatite de contato.

Apesar do que parece, o paciente não precisa ser alérgico para desenvolver o quadro, mas haver uma substância alérgena. Dentre as formas mais comuns, a dermatite por fralda.

É importante ressaltar que apenas uma única exposição ao agente é suficiente para desencadear o quadro (irritante primário absoluto). Em especial, agentes tóxico para a pele, podendo ser substâncias alcalinas ou ácidas fracas, que não tem a capacidade de provocar queimaduras e/ou necrose da pele, apenas irritação cutânea. Como exemplos, temos:

  • Ácidos;
  • Solventes (acetona, por exemplo);
  • Sabões e detergentes fortes;
  • Certas plantas;
  • Líquidos corporais.

Ocorre em todas as pessoas, dependendo da penetrabilidade e da espessura do estrato córneo da pele. Já a dermatite de contato por irritante primário relativo, ocorre por vários contatos da substância com a pele e corresponde a 80% dos casos de dermatite de contato.

A dermatite das mãos é o tipo mais comum da DCI, principalmente associado a dermatite ocupacional (profissionais de saúde, indústria mecânica, empregadas domésticas). Os espaços entre os dedos retêm substâncias e podem ser a primeira área de envolvimento. Materiais como luvas podem induzir, além de uma dermatite de contato alérgica pelo látex (como será mostrado posteriormente), uma DCI por atrito, bem como por acumulação repetida de umidade sob as luvas.

Manifestações clínicas da dermatite de contato por irritantes (DCI)

As manifestações agudas de DCI dependem do tipo de irritante, podendo variar a depender do local e do agente causador.

As manifestações agudas podem cursar com:

  • Eritema;
  • Edema;
  • Vesículas e bolhas;
  • Exsudação.

Na manifestação crônica, há predomínio de:

  • Liquenificação;
  • Hiperceratose;
  • Fissuras.

O prurido, em geral, é discreto ou ausente, sendo substituído por sensação de dor ou queimação.

dermatite de contato
Figura 1: Dermatite na área da fralda.

Profilaxia da dermatite de contato por irritantes

Dentre as principais medidas para evitar a DCI, temos:

  • Evitar substâncias químicas irritantes ou cáusticas por meio do uso de equipamentos de proteção (i.e., óculos, aventais e luvas).
  • Caso ocorra contato, lavar com água ou solução neutralizante fraca.
  • Cremes protetores.
  • Na DCI ocupacional que persiste, apesar da adoção das medidas descritas anteriormente, pode ser necessário.

Manejo: fase AGUDA da dermatite de contato por irritante

No tratamento, a primeira providência nessas dermatites é identificar e afastar o agente causal e priorizar o tratamento de infecções secundárias eventuais.

Além disso, são recomendados curativos úmidos com solução de Burow (solução de acetato de alumínio, que é antisséptica), trocados a cada duas a três horas. As vesículas maiores podem ser drenadas, porém, o teto não deve ser removido.

Outra medida interessante são as preparações de glicocorticoides tópicos das classes I e II. Nos casos graves, pode-se indicar o uso de glicocorticoides sistêmicos. Como exemplo: Prednisona ciclo de duas semanas, dose inicial de 60 mg, com redução gradual em 10 mg.

Manejo: fase SUBAGUDA e CRÔNICA da dermatite de contato por irritante

Também como principal medida a ser tomada, deve-se remover o agente etiológico/patogênico causador do quadro.

Dessa vez, a recomendação é do uso de glicocorticoides tópicos potentes (dipropionato de betametasona ou propionato de clobetasol) e lubrificação adequada. Com a regressão das lesões, manter a lubrificação.

É importante ressaltar que o pimecrolimo e o tacrolimo, que são inibidores tópicos da calcineurina, em geral não são potentes o suficiente para suprimir efetivamente a inflamação crônica das mãos.

Dermatite de contato alérgica (DCA) e sua etiologia

A dermatite de contato alérgica (DCA) é causada por um alérgeno que desencadeia uma reação de hipersensibilidade tipo IV (celular ou tardia). Pensando nisso, segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia, esse tipo pode se estender à distância, ou seja, o contato não precisa ser direto.

Isso ocorre devido a ligação da substância química com proteínas epidérmicas e/ou dérmicas, originando um antígeno completo. As células de Langerhans processam o antígeno, apresenta-o aos linfócitos T, onde ocorre proliferação, em linfonodos regionais, desses linfócitos sensibilizados, que penetram na corrente sanguínea, disseminando-se por toda a pele.

Ao segundo contato com o antígeno, os linfócitos de memória já sensibilizados, reconhecem nos pontos de contato, liberando citocinas e culminando em um processo inflamatório.

Sensibilizadores comuns incluem metais (por exemplo, níquel em jóias), conservantes (por exemplo, formaldeído), fragrâncias (perfumes, cosméticos), antibióticos tópicos e parafenilenodiamina (comumente usados em tinturas de cabelo).

Apresenta como características erupções eczematosas bem demarcadas, intensamente pruriginosa, localizada na área da pele que entra em contato com o alérgeno, por exemplo, cosméticos no rosto, níquel de joias onde são usadas, botões de metal em roupas que estão em contato com a pele, luvas de borracha e látex.

Dermatite de contato por uso de cosméticos - UOL VivaBem
Figura 2. Dermatite de contato por uso de cosmético.

Diagnosticando a dermatite de contato

O diagnóstico da dermatite de contato é realizado por meio da história clínica e exames clínico e histopatológico.

Por isso, é importante que a história clínica seja coletada com muito cuidado, além de se ter uma atenção especial na avaliação das lesões.

Assim sendo, na história clínica se atente para:

  • Início das lesões;
  • Número de surtos;
  • História de dermatite de contato;
  • Atividades ocupacionais;
  • Outras atividades habituais/hobbies;
  • Contato com químicos.

No quadro clínico, busca-se, principalmente por:

  • Presença de lesões eczematosas em qualquer fase evolutiva
  • Localização da lesão
  • Características da lesão

O teste de contato (Patch-test) é utilizado para confirmar diagnóstico e investigar o agente responsável pelo quadro de dermatite de contato. O teste é realizado aplicando-se a substância suspeita sobre uma região do corpo, e verificando se há indução de lesão clínica do tipo eczematoso naquele local.

dermatite de contato
Figura 3: Patch test (teste de contato).

O histopatológico não é, em geral, utilizado no diagnóstico de rotina das dermatites de contato. Por sua vez, é mais utilizado como diagnóstico diferencial com dermatoses não eczematosas.

Manejo: DCA com tratamento TÓPICO

Inicialmente deve-se interromper a exposição ao se identificar o agente etiológico.

São recomendados pomadas ou géis de glicocorticoides tópicos (classes I a III). As vesículas maiores podem ser drenadas, porém o teto não deve ser removido. Ainda, podem ser usados curativos úmidos com compressas embebidas em solução de Burow, que devem ser trocadas a cada duas a três horas.

A DCA propagada pelo ar pode necessitar de tratamento sistêmico. O pimecrolimo e o tacrolimo são efetivos na DCA, porém em menor grau do que os glicocorticoides.

Manejo: DCA com tratamento SISTÊMICO

Como comentamos, pode ser necessário o tratamento sistêmico caso a DCA seja propagada pelo ar, considerados casos graves. Para esses casos, os glicocorticoides estão indicados.

Assim, temos então:

  • Prednisona com dose inicial de 70mg (adultos), com redução gradual em 5-10mg/dia, por 1-2 semanas.

Nos casos em que pode não ser possível evitar totalmente o alérgeno responsável pela DCA propagada pelo ar, a imunossupressão com ciclosporina oral pode se tornar necessária.

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Perguntas frequentes

  1. Quais são as causas de uma dermatite de contato por irritantes?
    Nesse tipo de dermatite, as causas podem ser várias. De maneira geral, é causada por um agente capaz de irritar de forma física, mecânica ou química.
  2. Qual é o tipo de dermatite de contato mais comum?
    A que mais chama atenção dos pediatras é, sem dúvidas, a dermatite por fralda.
  3. Pensando nos cuidados, como podemos preveni-la?
    Como principal recomendação, é importante que, após tomar conhecimento do agente desencadeante do quadro, ele seja evitado.

Referências

  1. Irritant contact dermatitis in adults. Anthony F Fransway, MDMargo J Reeder, MD. UpToDate.
  2. Sociedade Brasileira de Pediatria.