Dermatologia

Disidrose: o que é, manifestações clínicas e diagnóstico

Disidrose: o que é, manifestações clínicas e diagnóstico

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Entenda o que é a disidrose, as suas manifestações clínicas no paciente e como diagnosticar essa condição! Bons estudos!

A disidrose, ou eczema disidrótico, é uma doença que pode afetar diversas faixas etárias, afetando sobretudo pacientes dos 20 ao 40 anos. Por ser mais comumente vista em épocas mais quentes do ano, é importante que o médico esteja preparado para diagnosticar o quadro.

O que é a disidrose?

A disidrose é um quadro dermatológico, em que são observadas numerosas vesículas na pele, em especial nas palmas das mãos e plantas dos pés. Por esse motivo, a doença ainda pode ser chamada de eczema palmoplantar e possui estreita relação com a sudorese nessas regiões, o que será explicado adiante.

Como comentado, a disidrose acomete mais pacientes nas faixas etárias de 20 a 40 anos e possui um componente psicogênico como patogenia.

De maneia geral, a doença pode involuir com o passar de 2 a 3 semanas. No entanto, caso o quadro se torne crônico, os episódios podem aumentar de frequência, se repetindo por meses ou anos.

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Figura 1: Disidrose moderada. Fonte: Adams et al, 2022 (UpToDate).

O que causa a disidrose?

As causas da disidrose são muito pouco conhecidas. Apesar disso, se sabe que as vesículas se devem à infiltração sudoral entre as células da pele.

Considerando essa perspectiva, uma teoria é que o quadro é levado pela  superexpressão de duas proteínas do canal água/glicerol. Essas proteínas seriam a aquaporina-3 e aquaporina-10, que estariam alteradas nas camadas da epiderme. Como consequência, a barreira de permeabilidade à água seria alterada, sendo ela perdida para fora da epiderme.

Sintomas da disidrose: quais são eles?

A apresentação da disidrose é por meio de erupções vesiculares, intensamente pruriginosas. A depender do caso, as vesículas podem, ainda, se agrupar de maneira que formem bolhas grandes e tensas nas mãos e pés.

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Figura 2: Bolhas formadas devido à coleção de vesículas. Adams et al, 2022 (UpToDate).

É importante reforçar que, embora seja mais comum observar as vesículas em palma e plantas, elas também podem aparecer ao longo dos dedos. Em casos mais leves foi observado que as erupções se limitam à face lateral dos dedos.

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Figura 3: Disidrose em dedos das mãos. Fonte: Adams et al, 2022 (UpToDate).

Ainda, embora as vesículas possam acometer as mãos e o pés, cerca de 70% dos pacientes possuem a apresentação apenas em mãos. O quadro se inicia com o prurido intenso.

Comumente o aspecto das erupções é associado à grãos de tapioca, quando em casos mais leves.

Fatores de risco para a disidrose

Embora se saiba pouco da causa da disidrose, uma informação importante sobre ela é ser multifatorial.

Os fatores que podem levar o paciente a desenvolver a disidrose podem ser endógenos ou exógenos, ainda tendo um componente emocional importante. Sobre ele, em muitos casos, apresenta-se como o próprio fator desencadeante do quadro.

Pensando nisso, alguns dos fatores mais observados em pacientes com a disidrose são:

  1. Hiperidrose;
  2. Exposição a alérgenos de contato, como fluidos metalúrgicos e radiação UV;
  3. História pregressa de dermatite atópica;
  4. Tabagismo;
  5. Infecção por dermatófitos.

Diagnóstico da disidrose: é necessário algum exame?

Não são necessário exames para o diagnóstico da disidrose. Por outro lado, é possível diagnosticar essa dermatite apenas com os achados clínicos, os sintomas e a história do paciente.

Assim sendo, é possível que na avaliação você se depare com o seguinte:

  • Prurido intenso;
  • Início agudo, repentino;
  • História de recorrência;
  • Bolhas ou vesículas em palmas das mãos, planta dos pés e lateral dos dedos.

Complicações: quando pensar que o quadro de disidrose se agravou?

Como comentamos, o mais comum é que as bolhas ressequem e desapareçam em algumas semanas do início do quadro.

Por outro lado, uma complicação possível é havendo recidivas do quadro. Nesses casos, os episódios podem ocorrer em intervalos pequenos, de 3 a 4 semanas. Caso os intervalos aumentem, podem chegar a anos.

É possível que entre um episódio e outro o aspecto da pele volte ao normal. No entanto, isso pode não acontecer. Por isso, é importante que o paciente esteja ciente da possibilidade de manchas avermelhadas, placas com fissuras e descamação da pele.

Figura 4: Complicações decorrentes da disidrose.

Nos casos ainda mais graves, o leito ungueal pode ficar comprometido, além das unhas.

Conforme o comprometimento da barreira de proteção da pele secundário à complicações como acima, uma possibilidade ainda é a infecção por Staphylococcus aureus.

Como avaliar a gravidade da disidrose?

Como se trata de uma doença dermatológica e de particular apresentação, avaliar a gravidade do quadro é subjetivo. Dessa forma, uma ferramenta útil para isso é o Índice de Severidade e Área de Eczema Disidrótico (DASI), apesar de não ser tão usual.

Com base na DASI, são observados os aspectos do quadro clínico, como quantidade de vesículas, a presença de descamação e eritema.

Considerando isso, temos os seguintes quadros:

  • Leve a moderado: não envolve toda a superfície da mão ou pés. Tratam-se, assim, de pequenos agrupamentos vesiculares e não se tem uma queixa de prurido, queimação ou dor tão intensos.
  • Grave: toda a superfície palmar e plantar envolvidas. As vesículas podem ser numerosas, grandes ou até já ter formado bolhas. O paciente relata muita dor e prurido.

Quando solicitar uma biópsia para o seu paciente com disidrose?

Solicitar uma biópsia em pacientes com disidrose é de fato muito raro. Como comentamos, as complicações possíveis são incômodas, mas não de potenciais riscos à vida do paciente.

Por esse motivo, o que pode levar o médico a indicar a realização de uma biópsias são situações que contradizem o esperado do tratamento. Um exemplo disso é a própria falta de resposta ao tratamento terapêutico. Ainda, caso seja considerada importante a exclusão de diagnósticos diferenciais do quadro. Sobre eles, temos como exemplo:

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Figura 5: Pustulose palmopal

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Perguntas frequentes

  1. Em que faixa etária a disidrose é mais comum?
    Em pacientes de 20 a 40 anos. O que pode reforçar esse dado é o componente psicogênico da doença, que está intimamente relacionado à essa faixa etária.
  2. Qual é a causa a disidrose?
    O que pode levar à disidrose.
  3. Quais são as possíveis complicações da disidrose?
    Aumento de redicivas, descamação da pele e infecção bacteriana.

Referências

  1. Sociedade Brasileira de Dermatologia;
  2. Wolff K, et al. Eczema/Dermatitis. In: Fitzpatrick’s Color Atlas and Synopsis of Clinical Dermatology. 8th ed. New York, N.Y.: McGraw-Hill Education; 2017
  3. Acute palmoplantar eczema (dyshidrotic eczema). UpToDate.