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Confira nesta publicação o que você precisa saber sobre como fazer a avaliação da capacidade funcional de um idoso!
A capacidade funcional consiste na capacidade do indivíduo em desempenhar atividades cotidianas que lhe permita cuidar de si mesmo e ter uma vida independente em seu meio.
A funcionalidade do idoso é determinada pelo seu grau de autonomia e independência, sendo avaliada por instrumentos específicos. Dessa maneira, a perda da capacidade funcional traz implicações para o idoso, a família e a comunidade.
Além de aumentar o risco de morte, ela gera maior chance de hospitalização e de gastos para o Sistema Único de Saúde e para as famílias.
Avaliação da capacidade funcional do idoso e as atividades Básicas de Vida Diária
Temos as atividades básicas de vida diária (ABVD) que são aquelas relacionadas ao autocuidado, ou seja, são as atividades fundamentais necessárias para na vida como: tomar banho, se vestir, executar sua própria higiene, conseguir se transferir da cama para a cadeira e vice-versa, ter continência, capacidade de se alimentar e andar. A incapacidade de realizar essas atividades identifica alto grau de dependência.
Avaliação da capacidade funcional: quais são as escalas mais utilizadas?
As escalas das ABVD que se baseiam em informações dos pacientes e dos cuidadores e devem ser simples e de rápida avaliação, podendo ser utilizadas por todos os membros da equipe interdisciplinar. As escalas mais utilizadas para avaliação as ABVD no nosso meio são a Escala de Katz e o Índice de Barthel.
Escala de Katz
A Escala de Katz foi proposta em 1963 para avaliar pacientes internados e depois foi adaptada para a comunidade. Tem a grande limitação de não avaliar o item deambulação e no Brasil possui uma adaptação transcultural facilitando seu uso de forma adequada em nosso meio.
Dessa forma, essa escala aborda que a perda funcional segue um padrão igual de declínio. Isto porque primeiro se perde a capacidade de se banhar, seguida pela incapacidade de se vestir, se transferir e se alimentar e, quando há recuperação, ela ocorre de maneira inversa.


A interpretação dessa escala ocorre da seguinte maneira:
- 0 – independente em todas as seis funções;
- 1 – independente em cinco funções e dependente em uma função;
- 2 –independente em quatro funções e dependente em duas funções;
- 3 – independente em três funções e dependente em três funções;
- 4 – independente em duas funções e dependente em quatro funções;
- 5 – independente em uma função e dependente em cinco funções;
- 6 – dependente em todas as seis funções.
Índice de Barthel
Temos também outra escala bastante utilizada em nível mundial, que é o Índice de Barthel para avaliação da independência funcional e mobilidade.
Essa escala foi desenvolvida para avaliar o potencial funcional e os resultados do tratamento de reabilitação dos pacientes vítimas de acidente vascular encefálico, porém se mostrou muito útil na avaliação de idosos em geral.
Foi validada no Brasil para idosos em atendimento ambulatorial. Além disso, ela avalia no total, dez funções:
- banhar-se,
- vestir-se,
- promover higiene,
- usar o vaso sanitário,
- transferir-se da cama para cadeira e vice-versa,
- manter continências fecal e urinária, capacidade para alimentar-se, deambular e subir e descer escadas.
Essa escala permite ainda uma gradação mais ampla na classificação da dependência, indo desde a dependência total (0 ponto) até independência máxima (100 pontos).





Interpretação do Índice de Barthel: < 20 pontos: dependência total 20 a 35 pontos: dependência grave; 40 a 55 pontos: dependência moderada; 60 a 95 pontos: dependência leve.
Atividades Instrumentais da Vida Diária
As atividades instrumentais da vida diária (AIVD) são aquelas rotineiras do dia a dia, no qual o idoso deve usar os recursos disponíveis no meio ambiente para uma vida independente e ativa na comunidade.
Estão relacionadas com a realização de tarefas mais complexas, como arrumar a casa, telefonar, viajar, fazer compras, preparar os alimentos, controlar e tomar os remédios e administrar as finanças.
De acordo com a capacidade de realizar essas atividades, é possível determinar se o indivíduo pode ou não viver sozinho sem supervisão.
Escala de Lawton
A escala de Lawton é uma das mais utilizadas para avaliação das AIVD e foi desenvolvida avaliando idosos da comunidade em 1969. Ela tem uma pontuação máxima de 27 pontos, correspondendo à maior independência, e uma pontuação mínima de 9 pontos que relaciona-se à maior dependência.
Em algumas circunstâncias, deve ser relevada a incapacidade de uma pessoa realizar tarefas para as quais não tenha habilidade, como cozinhar, por exemplo, prejudicando a análise de sua independência. Esta escala não está validada em nosso meio.





A interpretação da escala de Lawton ocorre da seguinte maneira: 9 pontos – totalmente dependente; 10 a 15 pontos – dependência grave; 16 a 20 pontos – dependência moderada; 21 a 25 pontos – dependência leve; 25 a 27 pontos – independente.
Outra escala muito utilizada para avaliação das AIVD é o Questionário de Pfeffer para as Atividades Funcionais. Ele foi proposto em 1982, fez uma comparação dos idosos sadios com os que possuíam déficit cognitivo, e portanto tem grande importância no diagnóstico e acompanhamento das demências. Apesar de ainda não estar validado em nosso meio, é muito utilizado para avaliar se o déficit cognitivo é acompanhado de limitações funcionais.

Para avaliar o paciente através do questionário de Pfeffer, mostre a ele as opções e leia as perguntas. Anote a pontuação: 0 – sim, é capaz; 0 – nunca o fez, mas poderia fazer agora; 1 – com alguma dificuldade, mas faz; 1 – nunca fez, e teria dificuldade agora; 2 – necessita de ajuda; 3 – não é capaz. Interpretação: < 6 pontos – normal; ≥ 6 pontos – comprometido.
Autora: Suzana Vasconcelos, estudante de medicina
Instagram:@Suzanavasconcelossv
E-mail: Suzanasantos847@gmail.com
O texto é de total responsabilidade do autor e não representa a visão da sanar sobre o assunto.
Observação: esse material foi produzido durante vigência do Programa de colunistas Sanar. A iniciativa foi descontinuada em junho de 2022, mas a Sanar decidiu preservar todo o histórico e trabalho realizado por reconhecer o esforço empenhado pelos participantes e o valor do conteúdo produzido.
Sugestão de leitura
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Veja também:
Referências
FREITAS, E. V. Tratado de geriatria e gerontologia. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017.
NUNES, J. D. et al. Indicadores de incapacidade funcional e fatores associados em idosos: estudo de base populacional em Bagé, Rio Grande do Sul. Epidemiol. Serv. Saúde, Brasília, v. 26, n. 2, p. 295-304, jun. 2017.
CAMARA, F. M. et al. Capacidade funcional do idoso: formas de avaliação e tendências. ACTA FISIATR. v. 15, n. 4, p. 249 – 256, 2008.