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Grande parte das mulheres está familiarizada com o exame de mamografia, que é o mais solicitado para o rastreio de Câncer de Mama. Entretanto, em certas ocasiões pode ser necessário um ultrassom de mama em vez de uma mamografia.
Então, qual é a diferença entre esses exames?
Mamografias e Ultrassom de Mamas: as diferenças chaves.
A mamografia é um exame de raios-X das mamas. Ela consiste em radiografar cada mama em uma sequência de incidências, de cima (craniocaudal), de lado (médio-lateral) e às vezes em ângulo (oblíquo), para visualizá-la completamente.
O exame é realizado em um aparelho de raio-X especial, o mamógrafo. A partir da atenuação dos raios-X pelos diferentes constituintes das mamas, este dispositivo produz imagens em alta resolução.
Imagens de mamografia permitem detectar alterações mamárias, como massas ou focos de microcalcificações, que podem sugerir a presença de lesão neoplásica.
Apesar de utilizar uma fonte de raio-X, a dose de radiação ionizante utilizada nos modelos atuais de mamógrafos é baixa e o risco de câncer provocado pela exposição à radiação durante mamografias não é mais significante.
Ao contrário da mamografia, o ultrassom da mama não usa radiação, mas sim ondas sonoras de alta frequência. As ondas sonoras são enviadas por meio de um equipamento especial do ultrassom, o transdutor, que é colocado em diferentes locais e ângulos na mama.
As ondas sonoras se movem pela pele e outros tecidos mamários e são ricocheteadas dependendo da densidade desses tecidos. O transdutor capta as ondas refletidas, que são convertidas em imagem dos seios.
Qual devo fazer? Limitações e indicações.
Atualmente, a mamografia é o exame radiológico mais recomendado para o rastreamento do câncer de mama. Estudos evidenciaram que o rastreio por mamografia diminui a mortalidade por câncer de mama em mulheres entre 50 e 69 anos.
Em função disso, a mamografia é indicada para todas as mulheres nessa idade, bianualmente, como recomendado pelo Ministério da Saúde.
No entanto, a sensibilidade da mamografia no diagnóstico do câncer de mama é influenciada por diversos fatores, principalmente a idade, a densidade mamária e o histórico familiar.
A densidade das mamas é o fator mais importante na sensibilidade da mamografia. Os tumores malignos são densos (imagens claras ao raio-X) e, portanto, em uma mamografia, podem não ser diferenciados se o tecido mamário normal também for denso (também claro).
Essa situação é comum em mulheres jovens e, por isso, a mamografia não é indicada para essa população. O ultrassom de mamas tem ótima utilidade nesses casos.
O tecido mamário denso é hiperecóico (imagem clara) ao ultrassom, enquanto a maioria dos cânceres de mama é hipoecóico (imagem escura). Portanto, o ultrassom das mamas pode ser capaz de diferenciar lesões neoplásicas em meio ao tecido mamário normal denso.
De forma geral, um ultrassom não é usado como a principal ferramenta de triagem para o câncer de mama.
Apesar disso, ele tem grande utilidade quando indicado em complementação à mamografia, uma vez que fornece informações adicionais importantes para o diagnóstico de possíveis lesões.
Outra grande utilidade do ultrassom de mamas é no esclarecimento diagnóstico entre lesões sólidas (maior risco de malignidade) e císticas (menor risco de malignidade).
Em resumo, temos as seguintes indicações para mamografia e ultrassom de mamas no rastreio do câncer de mama:
- Mamografia:
- Todas as mulheres entre 50 e 69 anos.
- Ultrassom de mamas:
- Mulheres com mamas densas (ex: menores de 30 anos);
- Necessidade de caracterizar uma lesão descoberta na mamografia como sólida ou cística;
- Durante a gravidez, já que o ultrassom não usa radiação.

A imagem acima evidencia a variação da sensibilidade. A mamografia apresenta maior sensibilidade para o rastreio em mulheres com mamas predominantemente adiposas (A). O rastreio mamográfico é prejudicado em mamas densas (B). Nesses casos, o ultrassom das mamas é indicado para melhor visualização de possíveis lesões (C).
O preparo para os exames
Não há necessidade de preparo para a realização dos exames de imagem das mamas. Entretanto, deve-se atentar a algumas orientações. Não se deve usar desodorantes, talcos, perfumes, pomadas ou cremes nos seios ou nas axilas.
Essas substâncias podem prejudicar o exame e, também, simular microcalcificações, levando à achados anormais falsos.
Caso esteja grávida, informe o seu médico ou radiologista. Nestes casos, não poderá ser realizado o exame de mamografia, sendo indicado o uso do ultrassom de mamas.
Interpretando os exames da mama: Sistema BI-RADS
A interpretação dos exames de imagem das mamas é uma tarefa complexa devido à grande diversidade de achados que podem estar presentes. Para padronizar e uniformizar os laudos dos resultados de mamografias e ultrassons de mamas, o Colégio Americano de Radiologia (ACR) instituiu, no final dos anos 80, o sistema BI-RADS.
Os achados nos exames de imagem das mamas são classificados em uma das sete categorias descritas na tabela a seguir, para os quais existem recomendações específicas de que conduta deve ser seguida.
BI-RADS | Conclusão | Conduta |
0 | Inconclusivo/Incompleto | Avaliação de imagem adicional (ex: ultrassom) |
1 | Negativo – Sem achados na imagem | Mamografia bianual |
2 | Achados benignos – 0% de probabilidade de malignidade | Mamografia bianual |
3 | Achados provavelmente benigno – <2% de probabilidade de malignidade | Controle com novo exame de imagem em 6 meses |
4 | Achados suspeito de malignidade – 2-94% de probabilidade de malignidade | Realizar biópsia |
5 | Achados altamente sugestivo de malignidade – > 95% de probabilidade de malignidade | Realizar biópsia |
6 | Malignidade comprovada por biópsia conhecida | Tratamento de acordo com o tumor |
Lembre-se: mamografia e ultrassom de mamas são exames complementares. Para cada um deles existem indicações e limitações específicas.
Cabe ao médico responsável avaliar as características e indicar o exame de imagem mais bem adequado para cada paciente.
Além disso, a interpretação e a orientação mais adequadas devem ser dadas pelo médico responsável com base em informações adicionais da paciente, como sua história clínica.