Índice
Introdução
O Método de Faust et. al. pesquisa parasitoses de extrema relevância no Brasil. Os fatores envolvidos nesta expressividade no país são a desigualdade socioeconômica, a baixa educação em saúde e as condições sanitárias precárias. Você realizará ou solicitará este método quando houver suspeita de enfermidades causadas por parasitos helmintos ou protozoários.
Mais especificamente sobre o método, também chamado de centrífugo-flutuação no sulfato de zinco, ele é um Exame Parasitológico de Fezes (EPF) simples, utilizado na pesquisa parasitológica de ovos e larvas de helmintos (principalmente ancilostomíneos) e cistos e oocistos de protozoários. É realizado com o objetivo de concentrar o que será investigado, eliminando resíduos fecais e facilitando a identificação, por isso a técnica de concentração é muito utilizada nas estratégias de exame para parasitos intestinais. No decorrer do texto, você vai aprender como realizar o Método de Flutuação com Sulfato de Zinco (Faust), assim como também entender os mecanismos envolvidos nesta técnica.
Vantagens e desvantagens do método de Faust
Vantagens | Desvantagens |
Remoção dos detritos fecais | Alguns ovos de helmintos são muito densos |
Fácil de visualizar na microscopia | Necessidade de centrífuga |
Fácil execução | – |
Interferentes pré-analíticos
Os principais interferentes são a coleta e a preservação/conservação da amostra inadequadas. O recipiente para coleta não pode estar contaminado, não pode conter conservantes, deve ser à prova d’água e com vedação eficiente. Aconselhe a coleta da amostra em 3 dias diferentes, por conta da irregularidade na eliminação fecal dos parasitos. São suficientes 2 a 5 gramas de amostra para a realização do Método de Faust e a mesma deve ser mantida na geladeira até o deslocamento para o laboratório. Se as fezes estiverem com consistência diarreica, no máximo 1 hora, quanto mais cedo os materiais fecais forem analisados, melhor, uma vez que trofozoítos (encontrados em fezes líquidas) são muito sensíveis e passam por um processo de desintegração rápida quando submetidos a mudanças ambientais. Medicamentos também podem interferir na amostra fecal e devem ser sempre investigados antes da análise e, dependendo do tratamento, esta coleta pode ser adiada.
Passo a passo do Método de Faust
Materiais e equipamentos necessários
⬪ Amostra fecal do paciente
⬪ Becker de vidro de 250 ml (2)
⬪ Bastão de vidro
⬪ Água destilada
⬪ Rolo de gaze
⬪ Coador
⬪ Solução saturada de sulfato de zinco
⬪ Alça de platina (bacteriológica) de 5 a 7 mm de diâmetro
⬪ Tubo de centrífuga
⬪ Lâmina de microscopia
⬪ Lugol (Solução de iodo/iodeto de potássio)
⬪ Lamínula
⬪ Centrífuga
⬪ Microscópio
Como realizar?
1. Com o auxílio do bastão de vidro, você pegará uma porção (cerca de 5g) da amostra de fezes, colocando-a no becker.
2. Você colocará em seguida a água destilada (10ml) e homogeneizará a amostra, com movimentos circulares não muito rápidos.
3. Utilizando a gaze dobrada, o coador e um novo becker, você filtrará a amostra, retendo as porções sólidas.
4. Você colocará a amostra filtrada no tubo apropriado e colocará na centrífuga por 1 minuto em 2500 rpm.
5. Após este tempo, você irá retirar o tubo da centrífuga, descartar o sobrenadante turvo, homogeneizar o sedimento e repetir o processo (água destilada + centrifugação 45 a 60 segundos a 650 g) até que o sobrenadante fique límpido.
6. Quando límpido, você irá descartar o sobrenadante, homogeneizar o sedimento e adicionar a solução de sulfato de zinco (33%, densidade de 1,18 g/ml), colocando novamente o conjunto na centrífuga (45 a 60 segundos a 650 g).
7. Passado o tempo, ao retirar da centrífuga você identificará 3 fases no tubo, uma película superficial, uma solução intermediária e um sedimento ao fundo.
8. Com a alça de platina, você irá coletar apenas a película superficial, colocando-a na lâmina.
9. Feito isto, você colocará uma gota de lugol e a lamínula por cima, para analisar na microscopia com objetivas de 10x e/ou 40x.

Fonte: FERREIRA, Marcelo Urbano. Parasitologia Contemporânea. (2ª edição)
Resumo do método
Em resumo, você vai iniciar diluindo o material com água destilada, centrifugando e descartando o sobrenadante várias vezes, até que a solução se torne clara. Depois você irá ressuspender o sedimento lavado em solução saturada de sulfato de zinco, onde por conta da densidade haverá a separação do que queremos visualizar (ovos e cistos leves) dos resíduos fecais. Estes formarão uma película superficial, que pode ser colhida com alça de platina e depositada na lâmina, com uma gota de lugol, cobre-se com a lamínula para observação em microscópio.
Formas analisadas | Densidade |
Ovos e cistos | 1,05 a 1,15 g/ml |
Solução utilizada | Densidade |
Saturada de sulfato de zinco | 1,18 g/ml |
Após todo o método, a análise deve ser feita imediatamente, pois o contato com a solução saturada de sulfato de zinco pode deformar estruturas parasitárias.
Conclusão
Em suma, o Método de Faust (centrífugo-flutuação com sulfato de zinco) é muito utilizado na prática clínica nas suspeitas de helmintoses e protozooses. A fácil visualização pela remoção dos detritos fecais e concentração das formas parasitárias trazem ao método de concentração uma relevância maior, uma vez que mesmo quantidades pequenas de parasitas são identificados. Pelas diferenças de densidade, após a última centrifugação com a solução saturada do sulfato de zinco, as formas parasitárias concentradas formam uma película superficial visível a olho nu. Agora que você já conhece o Método de Faust, que tal dar uma olhada em outros Exames Coproparasitológicos?

O texto acima é de total responsabilidade do autor e não representa a visão da sanar sobre o assunto.
Referências:
Exame protoparasitológico de fezes: coleta, técnicas e orientações – https://www.sanarmed.com/exame-protoparasitologico-de-fezes-coleta-tecnicas-e-orientacoes-colunistas
Exame protoparasitológico de fezes – https://www.sanarmed.com/exame-protoparasitologico-de-fezes
REY, Luis. Parasitologia. (4ª edição) Editora Guanabara, 2008.
FERREIRA, Marcelo Urbano. Parasitologia Contemporânea. (2ª edição) Editora Guanabara Koogan, 2021.
SIQUEIRA-BATISTA, Rodrigo et. al. Parasitologia – Fundamentos e Prática Clínica. Editora Guanabara Koogan, 2020.
ZEIBIG, Elizabeth. Parasitologia Clínica – Uma abordagem clínico-laboratorial. (2ª edição) Editora Guanabara Koogan, 2014.
NEVES, David Pereira. Parasitologia Humana. (13ª edição) Editora Atheneu, 2016.