Microbiologia

Exame Protoparasitológico de Fezes (EPF): como funciona?

Exame Protoparasitológico de Fezes (EPF): como funciona?

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Sendo o Brasil um país onde a prevalência de parasitoses intestinais ainda é considerada elevada, o Exame Protoparasitológico de Fezes (EPF) deveria assumir mais importância na prática médica.

No entanto, muitas vezes, as parasitoses intestinais não fazem parte da hipótese diagnóstica e o Exame Protoparasitológico de Fezes não é incluído entre os exames complementares solicitados.

Em várias situações esse exame, quando bem executado, poderia evitar a realização de procedimentos mais complexos, invasivos e onerosos, como a endoscopia digestiva, exames de imagem e biópsias.

Frequentemente, observam-se infecções parasitárias com formas graves e complicadas em pacientes que se submeteram a procedimentos diagnósticos de alta tecnologia, sem que fosse realizado o EPF, necessário para o diagnóstico da doença.

Como funciona o Exame Protoparasitológico de Fezes (EPF)

O Exame Protoparasitológico de Fezes, comparado com outros métodos, é barato, de fácil execução e não-invasivo, constituindo-se uma ferramenta para diagnóstico de certeza, permitindo o encontro de uma das formas do parasito nas fezes. Em contrapartida, o desempenho do microscopista e a escolha do(s) método(s) de exame de fezes executado(s) têm relação direta com a eficiência do exame.

No EPF são pesquisadas as diferentes formas parasitárias que são eliminadas com as fezes, ou seja, ovos e larvas de helmintos, trofozoítos, cistos e oocistos de protozoários.

No Brasil, as parasitoses intestinais constituem importante problema de saúde pública, tendo em vista sua elevada prevalência e os sintomas que podem ocasionar. Especial atenção deve ser dada às crianças, pelo fato de as parasitoses intestinais poderem interferir no seu desenvolvimento físico e mental.

Fatores como saneamento básico, condições socioeconômicas, educacionais e climáticas, aglomeração populacional e hábitos da população influem na prevalência das enteroparasitoses.

No Brasil, a prevalência dessas parasitoses continua alta e os dados são fragmentados ou mesmo inexistentes para algumas regiões.

A coleta de fezes para EPF

A coleta adequada da amostra fecal tem relação direta com a qualidade do EPF. O paciente tem participação ativa nesta etapa, pois é ele quem vai coletar as fezes, sendo fundamental a sua colaboração. O médico pode auxiliar, reforçando, junto ao seu paciente, a importância de se coletar corretamente as fezes, segundo as instruções do laboratório.

A defecação deverá ser feita em um recipiente seco e limpo, transferindo-se parte das fezes, recolhidas de diferentes porções do bolo fecal, para o frasco próprio, que deve ser de boca larga, com boa vedação e capacidade aproximada de 50 mL. Fezes eliminadas no solo ou no vaso sanitário são inadequadas ao EPF.

A quantidade de fezes transferida pode ser equivalente a uma colher de sopa ou 10 mL. O armazenamento das fezes até a chegada ao laboratório pode ser variado. Para fezes líquidas, o prazo é de até 1 hora. Para fezes sólidas, de até 24 horas. As fezes não devem ser congeladas. Cabe ao paciente identificar o frasco contendo as fezes com nome completo, data e hora da coleta das fezes.

Dependendo do método de EPF a ser executado, pode ser necessária coleta de fezes frescas ou em conservante, além de mais amostras fecais.

Exame Protoparasitológico de Fezes (EPF)

Em linhas gerais, o EPF serve para identificar ovos e larvas de helmintos, e oocistos, cistos e trofozoítos de protozoários.

HORA DA REVISÃO: Quanto a morfologia, os protozoários apresentam grandes variações conforme sua fase evolutiva e meio a que estejam adaptados. Dependendo da sua atividade fisiológica, algumas espécies possuem fases bem definidas. Assim, temos:

  • Trofozoíto → é a forma ativa do protozoário na qual ele se alimenta e se reproduz por diferentes processos;
  • Cistos e oocistos → são formas de resistência. O protozoário secreta uma parede resistente que o protegerá quando estiver em meio impróprio ou em fase de latência. Os cistos podem ser encontrados em tecidos ou fezes dos hospedeiros, enquanto os oocistos são encontrados nas fezes do hospedeiro e são provenientes de reprodução sexuada.

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