Índice
- 1 Ambientes do centro cirúrgico: porque realizar a paramentação?
- 2 Zona irrestrita ou zona de proteção
- 3 Zona semi-restrita ou zona limpa
- 4 Zona restrita ou zona estéril
- 5 O passo a passo da paramentação cirúrgica
- 6 Conceitos da paramentação cirúrgica: assepsia e antissepsia
- 7 Como circular dentro do ambiente cirúrgico?
- 8 Lavagem cirúrgica das mãos e a sua paramentação cirúrgica
- 9 Quando trocar as luvas estéreis?
- 10 Aventais: quais cuidados ter para a sua paramentação cirúrgica?
- 11 Como vestir o avental cirúrgico?
- 12 Preparo do paciente: quais são as orientações?
- 13 Perguntas frequentes
- 14 Referências
Entenda como realizar a paramentação cirúrgica completa, os cuidados a se ter no centro cirúrgico e o preparo do paciente! Bons estudos!
Os conhecimentos e prática em paramentação cirúrgica certamente são capazes de oportunizar experiências valiosas na faculdade de medicina. Por isso, conhecer o passo a passo e saber os cuidados mais importantes no ambiente cirúrgico é fundamental para o estudante que quer aprender mais e melhor!
Ambientes do centro cirúrgico: porque realizar a paramentação?
O ambiente cirúrgico pode ser dividido em diferentes zonas, que possuem regras próprias de circulação dos profissionais. Assim sendo, antes de entrar nesse ambiente é importante que você esteja familiarizado com essas zonas e como transitar entre elas. As zonas do centro cirúrgico são:
- Irrestrita ou zona de proteção;
- Semi-restrita ou zona limpa;
- Restrita ou zona estéril.

Zona irrestrita ou zona de proteção
A zona irrestrita ou zona de proteção é onde a circulação é livre. Com isso, não é necessário um uniforme privativo para transitar dentro dela. Ela é composta por alguns ambientes, como:
- Vestiários feminino e masculino. ;
- Sala de espera, onde familiares aguardam notícias sobre procedimentos cirúrgicos;
- Área de transferência, onde o paciente é trocado para uma maca nova, com nova rouparia;
- Expurgo, local de descarte de materiais e fluidos advindos das cirurgias;
- Corredor periférico, que contorna as salas de cirurgia.
Zona semi-restrita ou zona limpa
Na zona semi-restrita o trânsito de pessoas não é livre. Por isso, os profissionais e estudantes que circularem nesse ambiente devem estar vestidos com roupa privativa. Sua composição se dá pelos seguintes ambientes:
- Sala de recepção dos pacientes;
- Secretaria e área de prescrição médica;
- Área de enfermagem;
- Farmácia;
- Conforto médico;
- Sala de recuperação pós-anestésica;
- Serviços auxiliares;
- Lavabos para lavagem de mãos.
É importante ressaltar que os serviços variam entre si, e um ou outro ambiente desses pode não compor a zona semi-restrita. Apesar disso, via de regra essa disposição é seguida.
Aqui, o profissional deverá estar paramentado com pijama cirúrgico (camisa e calça), propés e touca ou gorro.
Zona restrita ou zona estéril
Como o próprio nome sugere, a zona estéril exige ainda mais cuidado por parte dos profissionais que circularão por ela. Isso é justificado porque ela é composta pelas salas cirúrgicas.
Assim, os profissionais nesse ambiente estão diretamente envolvidos no procedimento que esteja ocorrendo.
Com isso, além das vestimentas usadas na zona semi-restrita, o profissional deverá estar com a máscara cirúrgica, caso o LAP de campos esteja aberto.
O passo a passo da paramentação cirúrgica
A paramentação cirúrgica é a atitude de proteger biologicamente tanto o seu paciente quanto você de possíveis contaminações durante o ato cirúrgico.
Assim sendo, ela é composta pelos seguintes passos, que possuem particularidades próprias:
- Lavagem cirúrgica das mãos com a secagem correta;
- Vestimenta do avental cirúrgico;
- Calçamento de luvas estéreis;
- Preparo do paciente para o procedimento.
Mas antes de compreender melhor a como realizar cada uma dessas etapas, é importante conhecer conceitos importantes, como assepsia e antissepsia.
Conceitos da paramentação cirúrgica: assepsia e antissepsia
A assepsia e a antissepsia são dois conceitos diferentes, porém muito confundidos pelos estudantes e até pelos profissionais de saúde.
A assepsia é um conjunto de medidas que objetivam impedir que agentes infecciosos penetrem em ambientes que já não o contém. Como exemplo disso, as luvas cirúrgicas estéreis, por si só, não contém microrganismos. Assim, o seu uso constitui uma medida de assepsia, que visa proteger o paciente e sua ferida operatória de contaminação.
Já a antissepsia visa inibir a colonização por microrganismos, mesmo que isso signifique a presença deles, porém de forma controlada. A exemplo, o uso de agentes antissépticos, como álcool 70% ou clorexidina na degermação da pele do paciente visam conter essa colonização.
Como circular dentro do ambiente cirúrgico?
A circulação dentro do ambiente cirúrgico deve ser feita com cuidado, visto que algumas superfícies não podem ser tocadas.
Perceba na imagem abaixo que nele temos a maca cirúrgica. À cabeça do paciente, temos equipamentos de monitorização com fios, além do equipo com soro e medicações. Também é à cabeça do paciente que o anestesista pode estar posicionado durante o procedimento.
Com isso, a transição da equipe é melhor feita aos pés do paciente. Caso você não esteja em campo, se atente para não tocar nos campos cirúrgicos e nem na mesa instrumental.

Antes de entrar na sala cirúrgica, se certifique de que o procedimento ainda não tenha começado e que o LAP esteja fechado. Caso contrário, apenas entre na sala com máscara cirúrgica.
Lavagem cirúrgica das mãos e a sua paramentação cirúrgica
Assim como a degermação do paciente, a lavagem cirúrgica das mãos é uma técnica de antissepsia para o procedimento cirúrgico.
Ela tem a finalidade, então, de eliminar a microbiota transitória da pele do profissional. Além disso, toda a equipe que estará em campo, ou seja, participará ativamente da cirurgia, deverá realizar esse tipo de lavagem.
Segundo a ANVISA, a duração da lavagem cirúrgica das mãos deve ser entre 3 a 5 minutos para a primeira cirurgia. A partir dela, sendo realizada cirurgias em sequência, ela pode ter uma duração menor, de 2 a 3 minutos.
Antes da sua realização, o profissional deve retirar anéis, relógios, pulseiras e outros acessórios. Essa etapa se faz importante na medida em que esses objetos podem (e irão) aumentar a contagem bacteriana do ambiente. Em seguida, o passo a passo desse processo:
- Molhar a esponja contendo solução degermante, apertá-la para que ensaboe;
- Ensaboar as mãos e antebraços com a porção esponjosa da escova;
- Com as cerdas, escovas na seguinte ordem revezando os lados:
- Unhas;
- Palmas;
- Dorso das mãos;
- Interdigitais;
- Antebraços.
É importante que na escovação das interdigitais, as laterais do 1º e 5º quirodátilos sejam escovadas. Além disso, ao escovas o antebraço, também sejam escovadas as laterais, até o cotovelo.
Após a lavagem cirúrgica, mantenha as mãos a um nível que esteja em seu campo de visão. Assim, não abaixe as mãos e nem levante-as demais.
Quando trocar as luvas estéreis?
O uso de luvas estéreis é uma medida importante de proteção do seu paciente e sua, sendo uma técnica de assepsia.
Por isso, existem situações em que o desempenho dessa função se prejudica ou mesmo se perde. Assim, elas devem ser trocadas por novas nas seguintes situações:
- A cada 6 horas de uso;
- Em caso de contaminação, trocadas por novas estéreis. Um exemplo dessa situação seria tocar em uma superfície não estéril ou mesmo abaixar a mão a um nível de risco;
- Em caso de rompimento, realizar uma nova lavagem cirúrgica das mãos por 2 a 3 minutos e calçar novas.
Ainda, é importante que na retirada das luvas não haja contato entre o fluído e sangue contido nelas com a sua pele. Assim sendo, ela deve ser feita de modo que a porção interna das luvas seja evertida externamente.
Aventais: quais cuidados ter para a sua paramentação cirúrgica?
Os aventais cirúrgicos fazem parte da rouparia estéril usada durante o procedimento cirúrgico pela equipe que participará ativamente do procedimento.
O conjunto de aventais vem evolvido pelo LAP, um campo que protege essa rouparia. Ele deve ser aberto previamente, para que você possa tocar no avental que irá usar. Além disso, deve ser vestido imediatamente após a lavagem cirúrgica das mãos e secagem das mãos.
Além disso, caso você não esteja devidamente lavado, não deverá em hipótese alguma tocar nos aventais cirúrgicos. Sendo esse o caso, você contaminará toda a rouparia, que deverá ser trocada, e poderá atrasar o início do procedimento.
Além disso, de antemão, os aventais possuem alças laterais. Elas devem ser amarradas, mas não por você. A enfermeira circulante ou alguém próximo que não está paramentado realizará essa amarração, com o cuidado de não tocar na face externa (estéril) do seu avental.
Como vestir o avental cirúrgico?
Como uma rouparia estéril, é importante que a colocação do avental tenha todos os cuidados para que ele não toque em absolutamente nada.
Assim, se atente às instruções seguintes de forma completa:
- Você não deve remexer o conjunto de aventais, escolhendo um pra você. O avental que você irá usar é o que está acima de todos naquele momento, o superior.
- Suspenda o seu avental (que está acima no LAP) em bloco pela borda interna do avental. Isso significa que você irá evitar tocar na parte do avental que estará em contato com os campos cirúrgicos também estéreis. Levantar o avental em bloco significa pegá-lo como um todo, como que o “cavando” na pilha, sem que ele se abra e toque nas superfícies adjacentes contaminadas.
- Após pegar seu avental (e se certificar de ser apenas 1), se afaste de tudo próximo à você. Vá para uma área da sala cirúrgica que esteja livre de equipamentos e pessoas, distante da mesa cirúrgica e instrumental.
- Sustentado pela porção superior do avental, abra-o de maneira que a sua dobra se desfaça naturalmente, como um lençol. Lembre-se: ele não deve tocar em nada, muito menos no chão.
- Vista o avental cirúrgico, inserindo os braços nas mangas. Mais uma vez: não toque ou se apoie na face externa do avental: ela estará em contato com o paciente.
- Vestido, entenda que, agora, a face interna do avental que está em contato com o seu pijama privativo está contaminada. Ou seja, a partir desse momento você não deve mais tocar nessa porção, que fatalmente te contaminará e exigirá que todo o processo seja iniciado do zero. A enfermeira circulante realizará a amarração das alças laterais, como comentamos no tópico anterior.

Preparo do paciente: quais são as orientações?
A preparação do paciente é fundamental para a contenção de colônia de microrganismos.
Os pacientes devem tomar o banho pré-cirúrgico no dia anterior à cirurgia. Caso o banho seja tomado no dia do procedimento, o aumento da descamação da pele aumenta a difusão dos germes.
Quanto à tricotomia, recomenda-se que seja feita pouco antes do procedimento. Embora se acredite que o pelo contribui para a contaminação, isso não é verdade. Os estudos a esse respeito mostram que a realização prévia e com lâmina favorecem micro-traumas na pele que, por si só, aumentam à exposição e riscos de infecção. Assim sendo, o ideal é que ela seja feita na sala cirúrgica com máquina de cortar cabelos.

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Perguntas frequentes
- Quais são os ambientes cirúrgicos?
As zonas são as irrestrita, semi-restrita e restrita. - Por quanto tempo a lavagem cirúrgica das mãos deve ser feita?
Por 3 a 5 minutos para a primeira cirurgia. - Quando o banho prévio à cirurgia deve ser tomado?
Na véspera da cirurgia.
Referências
- Marques, RG. Técnica Operatória e Cirurgia Experimental. Guanabara Koogan; 2005.
- Goffi, FS. Técnica Cirúrgica: bases anatômicas, fisiopatológicas e técnicas da cirurgia. 4a edição. São Paulo: Atheneu; 2007.
- Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Segurança do Paciente em Serviços de Saúde: Higienização das Mãos. 2009.