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Refluxo: o que é, sintomas, diagnóstico, tratamento e mais

Refluxo: o que é, sintomas, diagnóstico, tratamento e mais

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O refluxo gastroesofágico, também conhecido popularmente como azia, é uma doença caracterizada pelo desequilíbrio das forças agressoras e protetoras da mucosa esofágica. Nela, há o fluxo anterógrado de conteúdo gástrico, incluindo ácido, alimentos parcialmente digeridos e eventualmente a bile, que retorna para o esôfago, causando inflamação e dor torácica.

FISIOPATOLOGIA E FATORES DE RISCO

A DRGE possui três causas principais: o relaxamento transitório frequente do esfíncter esofagiano inferior (EEI) por um tempo maior que 5-35 segundos, não estando este associado à deglutição ou ao relaxamento prolongado; a desestruturação anatômica da JEG (junção esofagogástrica), por exemplo, devido a uma hérnia hiatal; e devido a uma diminuição do tônus basal, com pressão <5mmHg, sendo que os valores normais variam entre 10 e 30 mmHg.

Em lactentes, um dos fatores causais de maior importância é a imaturidade da barreira antirrefluxo, composta pelo esfíncter esofagiano inferior (EEI), ângulo de His, ligamento freno-esofágico, diafragma crural e roseta gástrica, o que predispõe a relaxamentos transitórios frequentes e independentes da deglutição.

Entre os fatores de risco para o desenvolvimento do refluxo, estão: Refeições copiosas antes de deitar, condições que aumentam a pressão intra-abdominal, como exercícios físicos intensos e obesidade, constipação, tosse, manobra de Valsalva e decúbito prolongado, e a ingestão de alimentos lesivos à mucosa gástrica e esofágica, como chás, café, bebidas alcóolicas etc.

SINTOMAS

A queixa principal do paciente com DRGE é a pirose retroesternal, mais frequente no período pós prandial. Os pacientes geralmente relatam também regurgitação ácida, dor retroesternal tipo queimação que pode irradiar para o pescoço, a garganta e para as costas.

Há ainda outros sintomas atípicos, que ao se manifestarem devem ser vistos com maior cautela pelo médico, como: faringite crônica, erosão do esmalte dentário, alterações vocais, granuloma de corda vocal, anemia, disfagia (não é muito comum, apenas em casos crônicos de refluxo, podendo ser atribuído à esofagite ou estenose), sibilância, tosse crônica e broncoespasmo como resultado da irritação direta pelo material refluído e estimulação do reflexo esôfago-pulmonar.

Sinais de alarme: Sangramento no TGI, anemia, perda de peso, vômitos frequentes, disfagia e odinofagia.

DIAGNÓSTICO

O Diagnóstico pode ser feito a partir do quadro clínico e de exames complementares.

Clínico: Pirose ao menos 1 a 2 vezes por semana durante um período recorrente de 4-8 semanas + resposta ao tratamento empírico com Inibidor de bomba de prótons (IBP).

Complementar: Endoscopia digestiva alta (EDA), Manometria, pHmetria, esofagografia, cintilografia e teste de Bernstein.

Nem todo paciente possui indicação para realização de exames complementares. A investigação deve ser realizada quando houver presença de sinais de alarme, sintomas atípicos e quando o tratamento empírico com IBP não obtiver sucesso. Há ainda controvérsia em relação a outras indicações para a realização dos exames complementares.

O diagnóstico diferencial inclui: Esofagite infecciosa e eosinofílica, dispepsia não ulcerosa, úlcera péptica, distúrbios motores do esôfago, doença arterial coronariana e doenças do trato biliar.

TRATAMENTO

O objetivo do tratamento é ocasionar a remissão dos sintomas, cicatrização das lesões ocasionadas pelo refluxo, prevenção de recidivas e evitar complicações.

Tratamento Clínico: IBP (Omeprazol, lanzoprazol, pantoprazol, etc), Bloqueadores de H2 (Ranitidina, Cimetidina, Famotidina), Antiácidos (Hidróxido de alumínio/magnésio), Procinéticos (Domperidona, Metoclopramida/Plasil®, Bromoprida), e mudança do estilo de vida, como elevar a cabeceira, evitar refeições copiosas antes das refeições, optar por refeições fracionadas e evitar alimentos cítricos, gasosos, cafeína, evitar tabagismo e etilismo, evitar o consumo de líquidos durante as refeições, emagrecimento, etc.

Tratamento cirúrgico: Fundoplicatura de Nissen 360o (Cirurgia de escolha para a maioria dos pacientes que necessitam), Lind 270o, Thal ou Dor 180o e Toupet. Na imagem abaixo demonstra como funciona a construção de uma válvula antirrefluxo durante a fundoplicatura de Nissen, para refazer a competência do EEI.

Fonte: http://iqaquiron.com/portal/hernia-de-hiato-o-enfermedad-por-reflujo/

NOVIDADES NO TRATAMENTO

Métodos mais recentes incluem a utilização de técnicas endoscópicas para reproduzir a fundoplicatura cirúrgica.

Método Stretta: Consiste na passagem de uma sonda pelo esôfago até chegar ao EEI. Neste é aplicada energia de radiofrequência com a finalidade de tonificar a musculatura do esfíncter e diminuir o fluxo retrógrado de ácido, responsável pela fisiopatologia da doença.

Enterix: Esta se trata de uma solução esponjosa, de biopolímeros, que fortalece o EEI e é injetado durante a EDA. Sua eficácia a longo prazo ainda é desconhecida.

SRS: trata-se de um aparelho endoscópico com um dispositivo de grampeamento que permite a realização de uma fundoplicatura parcial minimamente invasiva, sem a realização de incisões.

Bard EndoCinch: consiste em uma costura no EEI para criar pregas que auxiliam no fortalecimento da musculatura e evita a ocorrência do refluxo.

CONCLUSÃO

Portanto, a DRGE é uma patologia de tratamento relativamente simples e de rotina comum no âmbito ambulatorial. Cabe ao médico clínico saber como diagnosticar e tratar esse agravo e com isso prevenir a ocorrência de complicações em seus pacientes.

Felipe Vanderley Nogueira – Medicina

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