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REMIT: Resposta Endócrino, Metabólica e Imunológica ao Trauma

REMIT: Resposta Endócrino, Metabólica e Imunológica ao Trauma

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Confira um artigo completo que falamos sobre a REMIT (Resposta Endócrino, Metabólica e Imunológica ao Trauma) para esclarecer todas as suas dúvidas. Ao final, confira alguns materiais educativos para complementar ainda mais os seus estudos.

Boa leitura!

Introdução REMIT

Agressões deflagradas contra o organismo humano, independente da causa ou mecanismo, mobilizam um complexo conjunto de respostas que são iniciadas imediatamente e que se mostram fundamentais para a manutenção da homeostase e da vida.

Sendo assim, não importa se a agressão está relacionada com a intencionalidade que impele o trauma como, por exemplo, o que se verifica no ato cirúrgico, ou se resulta de uma casualidade relacionada a acidentes diversos dos quais poderão resultar em processos hemorrágicos e acometimentos teciduais diversos.

Além disso, também integram o escopo de elementos indutores de resposta orgânica a ação de endotoxinas e o emprego de aparelhos para sustentação da vida.

Definição da REMIT “Resposta Endócrino, Metabólica e Imunológica ao Trauma”

Dessa forma, a chamada “REMIT” (Resposta Endócrino, Metabólica e Imunológica ao Trauma) refere-se justamente ao conjunto de reações de natureza endócrina, metabólica e imunológica desenvolvidas pelo organismo para tentar manter a homeostasia em circunstâncias relacionadas, como já mencionado, a traumas de etiologias diversas e desencadeadas por vários componentes, tais quais como perda sanguínea, lesão tecidual, ansiedade e dor.

Estímulos nociceptivos constituem os gatilhos essenciais para dar início a tal resposta, variando de acordo com o tipo de trauma e a qualidade do mecanismo desencadeante.

A fim de alcançar seu objetivo primordial, a REMIT precisa desencadear estratégias que visem a geração de energia, a manutenção de um volume efetivo intravascular, além de hipermetabolismo. Assim, torna-se premente a necessidade de promover estabilidade hemodinâmica, preservação do aporte de oxigênio, mobilização de substratos calóricos (glicose), além da redução da dor e manutenção da temperatura.

A sobrevivência do paciente depende da qualidade do atendimento a qual, por sua vez, relaciona-se com o reconhecimento quanto a magnitude do trauma e a capacidade de resposta orgânica, afinal, é possível controlar as respostas ao trauma, modulando as vias involuntárias dos respectivos órgãos efetores.

Mecanismos Desencadeantes

Como exposto anteriormente, vários componentes podem atuar desencadeando as reações ao trauma, destacando-se lesão tecidual, perda sanguínea, ansiedade e dor. A intensidade do trauma gera impactos e repercussões diretamente relacionados com a magnitude e a extensão da resposta a ser efetuada pelo organismo.

Um exemplo bem claro disso pode ser observado quando se trata de paciente submetido a operação eletiva, em comparação com o paciente vítima de lesão por trauma acidental.

SE LIGA! As características peculiares de cada trauma irão definir ou modular a forma como a resposta será efetuada.

No trauma acidental não existe um planejamento, de modo que os eventos se sucedem de forma não controlada. Os agravos resultam em lacerações, esmagamentos e avulsões que normalmente estão associados a marcante contaminação. A perda consequente de volume sanguíneo geralmente é significativa, conduzindo a um déficit de perfusão que, se prolongado, pode provocar danos a célula e morte tecidual. Acompanhando tudo isso, temos dor, excitabilidade e medo intensos, justificando uma resposta orgânica mais exuberante.

O trauma tecidual eletivo, decorrente de uma cirurgia, obedece a protocolos, configurando procedimentos orientados de forma calculada, planejada e monitorizada. Nessa perspectiva, embora a cirurgia eletiva cause dor, suprima a ingestão de alimentos e comumente leve a ressecção de órgãos e tecidos, o tratamento perioperatório se reveste de importância, uma vez que promove meios para atenuação das eventuais reações que possam ocorrer. Consequentemente, as respostas fisiológicas a cirurgia eletiva são de menor magnitude e menor morbidez e mortalidade quando comparadas ao trauma acidental.

HORA DA REVISÃO: A resposta ao stress tem como finalidade manter e/ou restaurar a homeostasia, nomeadamente a estabilidade hemodinâmica, a preservação do aporte de oxigênio, a mobilização de substratos calóricos (glicose) e finalmente a diminuição da dor e a manutenção da temperatura.

Características Básicas da REMIT

Perda de células corporais 

  • Lise do protoplasma celular: o trauma gera perda de estrutura física e de sangue, logo, destruição celular/tissular.
  • Perda de eletrólitos intracelulares: lise do protoplasma gera perda de eletrólitos intracelular, como K+ que tem uma maior concentração intracelular do que extracelular.
  • Balanço nitrogenado negativo: Nitrogênio proteico é utilizado para função plástica de renovação e crescimento, o balanço é sempre positivo. Nas fases iniciais do trauma esse balanço é negativo, pois esse nitrogênio é usado para combustão e não para síntese proteica, o que dificulta o processo de cicatrização e anabolismo.
  • Incapacidade de síntese proteica: pelos motivos citados acima.
  • Aumento da Xantinúria: decorre do catabolismo proteico, isto é, indica aumento do consumo de proteína.

SE LIGA NO CONCEITO! Diz que há balanço nitrogenado negativo quando há maior consumo proteico do que produção. No contexto da REMIT, aminoácidos utilizados na gliconeogênese hepática não têm o seu grupamento amino utilizado, sendo este excretado na urina na forma de uréia.

Conservação de liquido extracelular 

  • Redução absoluta na excreção de Na+: a eliminação de sódio implica na eliminação de água, então todas as reações que implicam na eliminação de sódio são revertidas pelo organismo ou são eventualmente diminuídas no sentido de tentar preservar água. Ocorre também redução do teor de Na+ na saliva e no suor.
  • Redução do [Na+] urinário.
  • Incapacidade relativa da excreção de NaHCO3.
  • Acidúria.
  • Aumento da reabsorção de Na+ no íleo distal

Alteração nas fontes de energia 

  • Discreta hiperglicemia/hipoinsulinemia: hipoinsulinemia mantem a hiperglicemia por conta da diminuição da perfusão → metabolismo anaeróbico.
  • Gliconeogênese: mobilização de proteína muscular.
  • Elevação de catecolaminas: hipermetabolismo.
  • Elevação de ácidos graxos plasmáticos livres: transformação do tecido adiposo.
  • Redução do quociente respiratório para oxigenação de gorduras.

Alteração na regulação da neutralidade 

  • É efetuada através dos rins e dos pulmões.
  • Tendência inicial a alcalose: magnitude do trauma vence a capacidade de resposta do organismo. (Lembre-se da sequência O H A H).: Oxidação do citrato transfundido (transformado em bicarbonato); redução de íons Hidrogênio: hiperventilação → excreção aumentada de CO2; Aldosteronismo pós traumático: sistema renina-angiotensina-aldosterona; Hiperventilação.

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