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Definição
O Hormônio de Crescimento (GH) é secretado pela hipófise, liberado na circulação e liga-se a receptores nos tecidos-alvo com o objetivo de crescimento de todo o corpo humano através da sua ação interventiva na formação proteica, multiplicação celular e diferenciação celular. Este hormônio é constituído por uma cadeia única de 198 aminoácidos com duas pontes dissulfídricas internas, sendo a glicina o aminoácido mais importante para a atividade biológica do GH.
O Sistema do GH é constituído pela molécula do hormônio de crescimento (GH), pelo receptor para o hormônio de crescimento (GHR) e pela proteína carreadora do hormônio de crescimento (GHBP), correspondente à porção extracelular do GHR.
Produção e liberação do hormônio de crescimento
Dois genes principais estão relacionados com a síntese do hormônio do crescimento: o gene normal do GH (GH-N ou GH-1, growth hormone-normal gene), expresso na hipófise, e o gene variante do GH (GH-V ou GH-2, growth hormonevariant gene) expresso na placenta e detectável na circulação somente durante a gravidez ou lactação.
O GH é um hormônio produzido pelos somatotrofos no lobo anterior da hipófise e liberada de maneira pulsátil, sendo sua secreção modulada por vários fatores, tais como hormônio hipotalâmico liberador de GH (GHRH), hormônio hipotalâmico inibidor da secreção de GH (somatostatina – SM), grelina, glicocorticoides, ácidos graxos, glicose, insulina, hormônios esteroides, estado nutricional, composição corporal e idade.
A somatostatina exerce um efeito inibitório, enquanto o GHRH e a ghrelina estimulam a secreção de GH por intermédio de receptores específicos distintos acoplados à proteína G.
Receptores
Os receptores para o hormônio de crescimento (GHRs) pertencem à família dos receptores de citocinas, apresentando um domínio extracelular, uma porção transmembranária e um domínio citoplasmático.
Após a ligação do GH ao seu receptor, ocorre dimerização do GHR, fato este essencial para a transdução do sinal intracelular, que se inicia a partir da fosforilação de um resíduo de tirosina, por meio de proteínas acopladas ao GHR, como a janus tirosina quinase 2 (JAK2) e de resíduos do domínio intracelular do GHR.
A ligação resulta no engajamento de diversas proteínas de sinalização intracelular, incluindo os STAT (signal transducters and activators of transcription) -1, -3 e -5, e componentes da via das MAP (mitogen-activated protein) quinases. A fosforilação do STAT-5 é importante nas ações somatotróficas do GH, pois participa da regulação da secreção do IGF-I e da IGFBP-3.
Ações do hormônio de crescimento
O GH tem ação anabólica, ao estimular o crescimento tecidual, e metabólica, alterando o fluxo, a oxidação e o metabolismo de praticamente todos os nutrientes na circulação. O GH exerce sua função de maneira direta, através da ligação aos GHrs, ou indiretamente, através síntese dos fatores de crescimento semelhantes à insulina (IGF) e de suas proteínas transportadoras plasmáticas (IGFBP).
As ações diretas do GH são antagonistas aos efeitos provocados pela insulina. Ele aumenta a concentração de glicose circulante e, consequentemente, estimula a liberação de mais insulina para manter a glicemia adequada. São justamente esses efeitos que caracterizam o GH como um hormônio “diabetogênico”.
Com isso, o GH diminui as vias catabólicas da glicose e estimula sua captação em vários tecidos, aumento da lipólise e da oxidação de ácidos graxos no tecido adiposo e na musculatura esquelética e cardíaca e estímulo para glicogenólise para no fígado, ou seja, aumento da produção de glicose.
Entre os efeitos indiretos do GH, o mais importante é a modulação da síntese do IGF-1. O IGF-1, que antigamente era chamado de somatomedina C, é o grande mediador dos efeitos anabólicos durante o pico de crescimento na adolescência.
A principal fonte de IGF-1 na circulação é o fígado. No entanto, atualmente sabe-se que diversos tecidos são capazes de sintetizar fatores de crescimento locais, incluindo o IGF-1.
Seja direta ou indiretamente, o GH age promovendo aumentos de síntese protéica, elevação da mobilização de lipídeos para produção de energia e redução da utilização da glicose.
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Referências:
- MEDEIROS, Rômulo José Dantas; SOUSA, Maria do Socorro Cirilo. Compreendendo o hormônio de crescimento nos âmbitos da saúde, desenvolvimento e desempenho físico. revista da Faculdade de Educação Física da UNICAMP, Campinas, v. 6, n. 3, p. 68- 2008 ISSN 1983-930.
- Póvoa, Guilherme e Diniz, Lucia MartinsO Sistema do Hormônio de Crescimento: interações com a pele. Anais Brasileiros de Dermatologia [online]. 2011, v. 86, n. 6.
- V.F. Cruzat, J. Donato Jr., J. Tirapegui, C.D. Schneider. Revista Brasileira de Ciências Farmacêuticas Brazilian Journal of Pharmaceutical Sciences vol. 44, n. 4, out./dez., 2008 .