Índice
- 1 Identidades de gênero
- 2 Vulnerabilidade em saúde
- 3 Modelo do estresse de minorias
- 4 Saúde mental LGB
- 5 Profissionais de saúde e saúde mental LGB
- 6 Vulnerabilidade
- 7 Principais diagnósticos psiquiátricos na população LGB
- 8 Erros a evitar
- 9 O que fazer?
- 10 Fatores de resiliência
- 11 Saúde mental – Trans
- 12 Diagnósticos psiquiátricos na população Trans
- 13 O que fazer?
- 14 Referências
- 15 Posts relacionados
Apesar das muitas conquistas nos últimos anos, ser uma pessoa LGBTQIA+ no Brasil ainda envolve preconceito, rejeição e invisibilização. Entender isso é fundamental quando pensamos na vulnerabilidade em saúde mental que esta população está exposta.
Identidades de gênero
É comum considerar gênero a partir de uma abordagem estática e categórica (feminino X masculino). Entretanto, considera-se que, além de tomar gênero como categoria dinâmica, são importantes suas articulações com sexualidade e sua relação com as transgeneridades.
Nesse sentido, incluem-se questões relativas à experiência de pessoas que não se identificam com o sexo designado ao nascer (travestis, transexuais, pessoas com identidade não binária ou queer) e à diversidade de orientações sexuais (hetero, homo ou bissexual).
Isso implica considerar que identidades como travesti e transexual não remetem a orientações sexuais, uma vez que pessoas trans podem ter seu desejo sexual voltado para pessoas do mesmo sexo, do outro sexo ou mesmo para outras pessoas trans.
Cisgênero é outra palavra subentendida a ser levada em conta. Ela remete a pessoas cuja identidade e expressão de gênero corresponde ao sexo atribuído ao nascimento.

Sexo biológico | Identidade de gênero | Expressão de gênero | Orientação afetivo-sexual |
Endossexo masculino (pênis/ XY / testículo) | Homem cis, Mulher trans, Travesti, Não-binário, etc. | Masculina, Feminina, Não binária (andrógina, neutra, outras) | Homossexual, Heterossexual, Bissexual, Pansexual, Assexual. |
Endossexo feminino (vulva/XX/ ovários) | Mulher cis, Homem trans, Não-binário, etc. | ||
Intersexo | Homem cis ou trans, Mulher cis ou trans, Não-binário, etc. |
Vulnerabilidade em saúde
Conceito: Conjunto de aspectos individuais e coletivos relacionados a maior suscetibilidade de indivíduos e comunidades a um adoecimento ou agravo e, de modo inseparável, menor disponibilidade de recursos para sua proteção.
- Grupo de risco —> ESTIGMA
- Comportamento de risco —> CULPABILIZAÇÃO
- Vulnerabilidade —> RESPOSTA SOCIAL
Modelo do estresse de minorias

Saúde mental LGB
A literatura tem registrado violência interpessoal, discriminação e seus efeitos em disparidades na saúde, com maior incidência de agravos em questões de saúde mental e ligadas ao HIV e Aids.
É notável dificuldades no acesso a serviços e cuidados; vulnerabilidade programática e inadequação de serviços; e, no limite, o frágil reconhecimento desses indivíduos e populações como sujeitos de direitos.
Assim, há maior prevalência de sofrimento psíquico, maior incapacidade causada pelo sofrimento e, consequentemente, piores desfechos em saúde.
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Dentre a população LGB, quem costuma ter piores indicadores e desfechos em saúde mental?
A) Mulheres cis lésbicas
B) Homens cis gays
C) Pessoas cis bissexuais
Resposta: letra C)
Profissionais de saúde e saúde mental LGB
Os profissionais de saúde têm severas deficiências em sua formação no que concerne ao atendimento em sexualidade. Por essa razão, motivações religiosas e valores morais permeiam a avaliação e os cuidados de saúde dessa população.
Vulnerabilidade
- Não aceitação da própria sexualidade;
- Rejeição;
- Preconceito e violência;
- Fragilidade dos vínculos familiares;
- Inivisibilização;
- Evasão escolar;
- Baixo nível socioeconômico e desemprego.
Principais diagnósticos psiquiátricos na população LGB
- Depressão
- Transtornos ansiosos
- Uso de substâncias
- Transtornos alimentares
- Ansiedade generalizada
- Maior prevalência em mulheres cis lésbicas
- Transtorno de pânico
- Homens cis gays e bissexuais tem 4,7x mais chance de preencherem critérios para transtorno de pânico que homens cis heterossexuais
Prevalência de doenças psiquiátricas na população LGB
- Mulheres cis bissexuais: 35%
- Homens cis bissexuais: 30%
- Homens cis gays: 20%;
- 2,4x mais que homens cis heterossexuais
- Mulheres cis lésbicas 1,4x mais que mulheres cis heterossexuais
- 2 a 3x mais prevalente em homens cis gays que em homens cis heterossexuais
- Lidar com a homofobia ao longo da vida imita comportamentos da ansiedade social?
- Mais relacionada a interação social direta e menos em falar ou comer em público
- Predispõe à depressão, obesidade e hipercolesterolemia
- Associada a sexo desprotegido e uso de substâncias nas relações sexuais
Transtorno de Estresse Pós Traumático
A população LGB tem maior exposição à violência física, psicológica e sexual e sofrem com níveis altos de violência doméstica e Transtorno de Estresse Agudo.
Uso de substâncias
- Maconha, álcool e opióides
- Mulheres cis lésbicas
- Ecstasy, cocaína, LSD, poppers e opióides
- Homens cis gays e bissexuais
Comportamento alimentar prejudicial
- 1/3 dos jovens LGB
- Jejum por mais de 24h
- Uso de pílulas dietéticas
- Uso de laxantes
- Vômitos
- Homens cis gays têm maiores riscos para: anorexia, bulimia, vigorexia, ortorexia
Ideação e planejamento suicida
- Homens cis gays e bissexuais tem uma prevalência 2 a 4x maior de ideação suicida;
- 40% dos homens cis gays tiveram algum planejamento suicida ao longo da vida
- Tentativa de suicídio
- Adolescentes LGB tem um risco 7x maior de realizar uma tentativa de suicídio;
- 20 a 30% ao longo da vida;
- Principal preditor: discriminação percebida
Erros a evitar
- Não assumir a sexualidade e gênero das pessoas;
- Não é porque o paciente é LGB que o sofrimento dele é por causa disso;
- Imaginar que as minorias sexuais são uma massa homogênea;
- Não reconhecer as especificidades da saúde LGB.
O que fazer?
- Respeitar e reconhecer experiências e identidades diversas das suas;
- Questionar;
- Reconhecer as especificidades em saúde dessa população;
- Investigar fatores de risco para desfechos negativos/vulnerabilidades e de resiliência.
Fatores de resiliência
- Boa aceitação de sua identidade;
- Orgulho;
- Rede de apoio do grupo minoritário;
- Apoio familiar;
- Ativismo e advocacy.
Saúde mental – Trans
Forjado no contexto de formalização dos procedimentos de modificação corporal do sexo em pessoas trans e intersex, a separação conceitual entre sexo e gênero, materializada pela noção de identidade de gênero foi essencial para a incorporação das necessidades em saúde de travestis e transexuais.
Gênero
- Conjunto de seres ou objetos que possuem a mesma origem ou que se acham ligados pela similitude de uma ou mais particularidades.
- Por extensão: Tipo, classe, espécie
Sexo
Conjunto de características que envolvem genitálias, órgãos reprodutores, cromossomos e hormônios sexuais.
Papel de gênero
Papel social (conjunto de normas, direitos, deveres e explicativas que condicionam o comportamento dos indivíduos) do masculino ao feminino.
Estereótipo de gênero
Crenças generalizadas sobre as características e o comportamento das mulheres e dos homens sejam elas compartilhadas ou individuais.

No contexto de saúde, destaca-se a limitação ou impossibilidade de oferta de linhas de cuidado vinculadas ao gênero para pessoas trans, como é o caso da assistência ginecológica e obstétrica. O fato desse tipo de assistência ser exclusivo para usuárias do gênero feminino, inviabiliza a atenção a homens trans em decorrência da não conformidade entre sexo e gênero vivenciada por eles.
Assim, para aqueles que não realizaram requalificação civil, o reconhecimento de sua identidade de gênero paradoxalmente pode invisibilizar a necessidade dessas modalidades de atenção.
Já aqueles que passaram por esse processo encontram um problema burocrático, dado que no Brasil a oferta desses cuidados não está prevista para pessoas designadas com o gênero masculino.
Diagnósticos psiquiátricos na população Trans
- Transtornos de ansiedade
- Transtornos depressivos
- Transtornos por uso de substâncias
- Tentativas de suicídio e suicídios
- Estima-se que cerca de 40% das pessoas trans tentam suicídio alguma vez na vida
- População geral: em torno de 3%
O que fazer?
- Respeito ao nome social e ao gênero de identificação
- Promoção de educação em sexualidade e gênero
- Sensibilização dos profissionais de saúde
- Promoção de uma prática de saúde não paternalista
- Respeito a autonomia do indivíduo
- Lembrar da existência dessas pessoas ao realizar fichas, protocolos, sistemas.
A elaboração de estudos e pesquisas que colaboram nas estratégias de intervenção, a modernização das linguagens de comunicação e informação, a inovação de metodologias, como a de educação entre pares, bem como as campanhas de visibilidade apontadas, são de extrema importância para o acesso da população LGBT aos serviços de saúde.
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Referências
CIASCA, S V. Saúde LGBTQIA+: Práticas de Cuidado Transdisciplinar. 1ª edição, Manole, 2021.
Organização Pan-Americana da Saúde. Ministério da Saúde. Saúde e sexualidade de adolescentes. Construindo equidade no SUS. Brasília, DF: OPAS, MS, 2017.
HATZENBUEHLER, Mark L. How does sexual minority stigma “get under the skin”? A psychological mediation framework. Psychologicalbulletin, v. 135, n. 5, p. 707, 2009.
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