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Sepse é um assunto bastante em alta nos ambientes de Emergências e Diagnóstico.
Nos últimos anos tivemos duas novas atualizações do Sepsis Surving Campaign (2016 e 2018). Nessas atualizações muita coisa mudou sobre as definições e diagnóstico de um paciente séptico.
Vamos lá conferir mais sobre esse assunto?!
Definições: o que mudou?!
Antes da atualização de 2016, sepse era considerada uma resposta inflamatória sistêmica (SIRS) secundária à resposta do hospedeiro a uma infecção suspeita ou documentada de qualquer etiologia.
Nesta condição, a infecção desencadearia uma resposta imunológica exacerbada com disfunções orgânicas longe do foco ou sítio infeccioso. Abaixo revisamos alguns conceitos importantes de acordo com as definições de 2012:
Sepsis-2: Definições e critérios:
CRITÉRIOS DE SIRS:
Temperatura | Febre (> 38ºC) ou Hipotermia (< 36ºC) |
Frequência cardíaca | FC > 100 bpm |
Frequência respiratória | FR > 22 ipm ou PaCO2 < 32 mmHg |
Contagem de leucócitos | > 12mil ou < 4mil ou > 10% de bastonetes |
SEPSE: Resposta inflamatória sistêmica relacionada à infecção documentada ou presumida | Infecção + SIRS >= 2
SEPSE GRAVE: sepse associada à disfunção orgânica
CHOQUE SÉPTICO: sepse com hipotensão refratária à reposição volêmica
Sepsis-3: O que mudou?
Em 2014, uma força-tarefa de estudiosos em patobiologia da sepse, fora designada para reavaliar e reformular os antigos critérios e definições de sepse, publicada como Sepsis-3!
A principal mudança é que agora TODA sepse tem disfunção orgânica associada!
Isso fez com o conceito de SIRS para diagnosticar e definir sepse fosse deixado de lado, porém seus componentes (febre, taquicardia, taquipneia e leucocitose com desvio para a esquerda) ainda possam ser utilizados na prática clínica para diagnóstico de infecção grave!.
Outra mudança importante foi a retirada do conceito de sepse grave, por se entender que sepse por si só já se configura numa situação de alta gravidade com a presença de disfunção orgânica.

Como então avaliar a disfunção orgânica de um paciente? Diante dessa questão, sugeriu-se a utilização do Sequential Sepsis-related Organ Failure Assessment (SOFA), um score que avalia disfunção de 6
sistemas do corpo através de exames laboratoriais.
Foi encontrada então a correlação de que um aumento ≥ 2 na pontuação do SOFA estava associada com disfunção orgânica com risco de mortalidade de 10%, aproximadamente. Abaixo vocês podem conferir os critérios do SOFA:

Entretanto, para utilizarmos esse critério, para definir sepse, nos limitamos a exames laboratoriais para traçarmos nossas condutas. Dessa forma, a força-tarefa propôs um uma modificação no SOFA, o quick SOFA (qSOFA),
que avalia 3 critérios para avaliar precocemente pacientes graves com suspeita de sepse em ambientes de emergência, ou à beira-leito. Considera-se como alterado um qSOFA ≥ 2:
- FR >= 22 ipm
- PAS <= 100 mmHg
- Alteração do nível de consciência
Novas definições de sepse
Com o SEPSIS-3 surgiram novas definições de sepse choque séptico:
Sepse: Disfunção orgânica com risco de vida, causada por uma resposta desregulada do hospedeiro à infecção (definida como um score SOFA ≥2 pontos)
Choque séptico: Sepse associada à persistência de hipotensão, necessitando de vasopressores para manter PAM ≥ 65mmHg e com um nível de lactato sérico >2mmol/L apesar da reposição volêmica adequada
Como diagnosticar sepse?
De acordo com o Sepsis-3, o diagnóstico atual na emergência se dá dessa forma:
Pacientes com infecção devem ser averiguados os critérios do qsofa. Se qSOFA >= 2, deve-se realizar os exames do SOFA. Se SOFA >=2, paciente está com um quadro séptico e deve ser adotado o 1-Hour Bundle para manejar inicialmente o quadro.
Ficou curioso para saber como manejar sepse? Aguardem a próxima postagem!

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