Urgência e Emergência

SEPSE: novas definições, critérios, SOFA, diagnóstico e mudanças!

SEPSE: novas definições, critérios, SOFA, diagnóstico e mudanças!

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Sepse: tudo o que você ´precisa saber sobre as novas atualizações do tema para sua prática clínica!

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a sepse é responsável por cerca de 11 milhões de mortes por ano, o que representa cerca de 20% de todas as mortes no mundo. No Brasil, estima-se que ocorram cerca de 670 mil casos de sepse por ano, com uma taxa de mortalidade que pode chegar a 55%.

Além disso, a sepse é responsável por um grande impacto econômico, tanto para os sistemas de saúde quanto para a sociedade em geral. Estima-se que os custos diretos e indiretos da sepse sejam de bilhões de dólares por ano em todo o mundo.

Qual a nova definição da sepse?

Em 2016, a Society of Critical Care Medicine e a European Society of Intensive Care Medicine revisaram as definições de sepse e choque séptico. As novas definições foram criadas com o objetivo de melhorar a precisão e a utilidade clínica do diagnóstico de sepse.

Anteriormente, a sepse era definida como uma infecção associada a pelo menos duas das seguintes condições:

  • Temperatura corporal elevada ou baixa
  • Frequência cardíaca elevada
  • Frequência respiratória elevada
  • Contagem de leucócitos elevada ou baixa.

No entanto, a nova definição de sepse é mais específica e inclui a presença de uma infecção suspeita ou confirmada. Essa infecção precisa estar acompanhada de um aumento de dois pontos ou mais no escore Sequential Organ Failure Assessment (SOFA).

Além disso, a nova definição de choque séptico enfatiza a importância da hipotensão persistente (pressão arterial sistólica abaixo de 100 mmHg), apesar da ressuscitação volêmica adequada. Essa definição é importante porque o choque séptico é uma forma mais grave de sepse, associada a uma maior taxa de mortalidade.

Essas novas definições ajudam a identificar casos de sepse e choque séptico com maior precisão, o que pode levar a um diagnóstico e tratamento mais precoces e melhores resultados para os pacientes.

O que é SOFA (Sequential Organ Failure Assessment)?

SOFA é a sigla para Sequential Organ Failure Assessment, que em português significa Avaliação Sequencial da Falência de Órgãos. É uma ferramenta utilizada para avaliar a função de seis sistemas orgânicos:

  • Respiratório
  • Cardiovascular
  • Hepático
  • Coagulação
  • Renal
  • Neurológico.

O SOFA foi desenvolvido para avaliar a gravidade da disfunção orgânica em pacientes com sepse e outras doenças críticas. Esse sistema é composto por seis variáveis, cada uma avaliando um sistema orgânico diferente. São elas:

  • Respiratório: PaO2/FiO2 (relação entre a pressão arterial de oxigênio e a fração inspirada de oxigênio)
  • Cardiovascular: pressão arterial média
  • Hepático: bilirrubina sérica
  • Coagulação: plaquetas
  • Renal: creatinina sérica ou diurese
  • Neurológico: escala de coma de Glasgow

Pontuação de cada variável do SOFA

Cada variável é pontuada de 0 a 4, sendo que uma pontuação maior indica uma maior disfunção orgânica. A pontuação total do SOFA varia de 0 a 24, sendo que uma pontuação maior indica uma maior gravidade da doença.

O SOFA é uma ferramenta útil para avaliar a gravidade da disfunção orgânica em pacientes com sepse e outras doenças críticas. É utilizado para monitorar a evolução da doença e a resposta ao tratamento. Além disso, ajuda na tomada de decisões clínicas, como a necessidade de internação em unidades de terapia intensiva (UTI) e o uso de suporte de órgãos.

Como então avaliar a disfunção orgânica de um paciente?

Diante dessa questão, sugeriu-se a utilização do Sequential Sepsis-related Organ Failure Assessment (SOFA). Foi encontrada então a correlação de que um aumento ≥ 2 na pontuação do SOFA estava associada com disfunção orgânica com risco de mortalidade de 10%, aproximadamente.

Entretanto, para utilizarmos esse critério para definir sepse, nos limitamos a exames laboratoriais para traçarmos nossas condutas. Dessa forma, estudiosos propuseram um uma modificação no SOFA, o quick SOFA (qSOFA). Esse sistema avalia 3 critérios para avaliar precocemente pacientes graves com suspeita de sepse em ambientes de emergência, ou à beira-leito.

Considera-se como alterado um qSOFA ≥ 2:

  • FR >= 22 ipm
  • PAS <= 100 mmHg
  • Alteração do nível de consciência

Qual era a definição de sepse antes da atualização?

Antes da atualização de 2016, sepse era considerada uma resposta inflamatória sistêmica (SIRS). Essa resposta era secundária à resposta do hospedeiro a uma infecção suspeita ou documentada de qualquer etiologia.

Nesta condição, a infecção desencadearia uma resposta imunológica exacerbada com disfunções orgânicas longe do foco ou sítio infeccioso.

Sepsis-2

Sepsis-2 é uma definição de sepse desenvolvida em 1992 pela American College of Chest Physicians (ACCP) e pela Society of Critical Care Medicine (SCCM). Ela foi substituída em 2016 pela definição de Sepsis-3, que é considerada mais precisa e útil para a prática clínica atual.

A definição de Sepsis-2 se baseia em dois critérios principais:

  • Presença de uma infecção
  • Presença de pelo menos duas das seguintes condições: temperatura corporal elevada ou baixa, frequência cardíaca elevada, frequência respiratória elevada e contagem de leucócitos elevada ou baixa.

Como diagnosticar sepse?

O diagnóstico de sepse envolve a identificação da presença de uma infecção e a avaliação da gravidade da disfunção orgânica associada à infecção.

Existem várias ferramentas disponíveis para ajudar no diagnóstico e monitoramento da sepse, incluindo a pontuação SOFA (Sequential Organ Failure Assessment) e a pontuação qSOFA (quick SOFA).

Além disso, é importante avaliar os sinais e sintomas clínicos, como:

  • Febre
  • Taquicardia
  • Taquipneia
  • Hipotensão
  • Alterações do estado mental
  • Sinais de infecção localizada.

Exames laboratoriais, como hemograma completo, dosagem de lactato e culturas microbiológicas, também são importantes para o diagnóstico e tratamento da sepse.

O diagnóstico precoce e o tratamento imediato são essenciais para o manejo da sepse e podem melhorar significativamente o prognóstico do paciente.

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A sepse é uma das principais causas de mortalidade em todo o mundo, afetando milhões de pessoas a cada ano. É uma condição grave que pode se desenvolver rapidamente e afetar múltiplos órgãos, colocando a vida em risco.

Pensando nisso, os profissionais precisam ter a habilidade de tomar decisões rápidas e precisas ao tratar esses pacientes. Para isso, é preciso muito preparo, conhecimento e segurança para realizar os procedimentos e diagnósticos. 

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